quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite (livro de Wendy Lower)

'As harpias de Hitler' mostra os crimes das mulheres alemãs. Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite
Javier Zurro. 07/10/2013 (06:00)

Enfermeiras da Cruz Vermelha reunidas em
Berlim para fazer juramento (As harpias de Hitler)
Apesar dos julgamentos realizados depois da Segunda Guerra Mundial contra os criminosos que ajudaram a executar o genocídio contra os judeus, muitos deles conseguiram escapar e evitar sua condenação. Não só aqueles que fugiram para outros países e adotaram novas identidades para fugir da justiça. Também todos os que tiveram um papel secundário no mesmo, ou tendo participado ativamente ninguém foi capaz de identificar ou dar nomes. Especialmente relevante é o caso das mulheres nazis, já que poucas delas foram julgadas, o que faz dar pouca importância ao papel fundamental que exerceram na execução de um grande número de crimes.

Treze milhões de mulheres militaram ativamente no partido nazi, e mais de meio milhão compareceram em países como Ucrânia, Polônia ou Bielorrússia excedendo as funções para as quais foram enviadas, mas elas tomaram partido nas matanças contra judeus? Isso é o que afirma Wendy Lower em "As harpias de Hitler" (Editado por Memoria Crítica), título original em inglês: Hitler's Furies: German Women in the Nazi Killing Fields. Graças a um árduo trabalho de documentação e busca de dados e testemunhos, Lower conseguiu dar um pouco de luz acerca deste tema.

Ainda que os julgamentos de mulheres nazistas não fossem especialmente numerosos, As harpias de Hitler relembra que muitos dos sobreviventes do Holocausto identificaram as pessoas que os acossaram, violaram e os torturaram como senhoras alemães que nunca puderam encontrar por desconhecer seus nomes. Além disso, os estudos realizados posteriormente advertiu que o genocídio não teria sido possível sem uma ampla colaboração da sociedade. Quem foram essas mulheres que sujaram suas mãos com sangue dos prisioneiros?

Cozinheiras, enfermeiras, secretárias e esposas

Membros da Liga de Jovens Alemãs
disparando como parte de seu treinamento (1936)
A crença mais ampla é que as únicas que cometeram crimes foram as guardas dos campos de concentração, enquanto que o resto teve um papel secundário na história do nazismo. Contudo, a realidade é bem outra. Quando os alemães avançaram para o leste, meio milhão de mulheres lhes acompanharam e alcançaram um poder sem precedentes que lhes deu liberdade para fazer com os prisioneiros o que bem quiserem. Maestras, enfermeiras, secretárias e esposas, essas eram as funções que originalmente teriam que realizar todas aquelas que compareciam junto ao exército. Finalmente, muitas delas decidiram, voluntariamente, colaborar diretamente com a SS.

As harpias de Hitler incide constantemente num dado fundamental: nenhuma das mulheres descritas tinha a obrigação de matar. Negar-se a assassinar judeus não teria lhes acarretado nenhum castigo. E mais, o regime não formava as mulheres para se converter em assassinas, senão em cúmplices. Portanto, as que finalmente decidiram realizar tais crimes os cometeram ou por satisfação pessoal ou para obter um benefício daquelas ações.

De fato, as primeiras matanças cometidas pelos nazis foram protagonizadas pelas enfermeiras dos hospitais, que exterminaram milhares de crianças por desnutrição, ou inclusive com injeções letais, ainda que a maioria delas nunca tenha pago por seus delitos.

Este é o caso de Pauline Kneissler, cuja tarefa consistia em portar uma lista de pacientes que posteriormente deveriam ser mortos. Em um só ano (1940) a equipe na qual Kneissler trabalhava em Grafeneck assassinou 9.389 pessoas. Ela foi testemunha direta de como lhes gaseavam e prestou sua ajuda na hora de administrar injeção letal a muitos pacientes durante cinco anos. Pauline foi uma das mulheres que, posteriormente, se mudou para o leste para continuar sua onda de crimes.

Entretanto, não foram as enfermeiras as que cometeram os assassinatos mais sádicos, senão as secretárias e esposas dos membros do partido nazi. Entre as primeiras se destaca o nome de Johanna Altvater, que ocupava seu posto em Minden, Vestfália, antes de ser transferida para a Ucrânia. Ali, em 1942, Altvater começou sua queda aos infernos, chegando inclusive a assassinar um garoto judeu de dois anos golpeando sua cabeça contra um muro para jogá-lo sem vida aos pés de seu pai. Este posteriormente chegou a declarar que nunca havia visto tal sadismo em uma mulher, uma imagem que nunca pode apagar de sua mente.

Comício do Partido Nazi em Berlim (Agosto de 1935)
Crimes ante seres indefesos, mulheres e inclusive crianças. A mulher nazi tampouco teve piedade, como não a tinham seus companheiros masculinos. Aprenderam bem a lição de que havia que fazer e não duvidaram disso um só momento. Assim também fez Erna Kürbs Petri, filha e esposa de granjeiro que junto com seu marido Horst (membro da SS) era encarregada de dirigir uma finca agrícola. Um dia, Erna Petri vislumbrou algo próximo da estação de Saschkow. Quando seu vagão se aproximou se deu conta de que eram várias crianças judias escondidas que haviam conseguido fugir.

Petri pediu que eles eles se aproximassem e os levou para sua casa. Lá ela lhes deu de comer e os tranquilizou. Mas tudo isto só foi parte de seu sinistro plano. Ao ver que seu marido não regressava para casa, ela decidiu terminar o trabalho que ele havia começado. Levou as crianças até uma fossa onde já se havia assassinado antes e os colocou em fila, de costa. Pegou a pistola que seu pai lhe havia presenteado e um a um os matou a sangue frio. Nem sequer os gritos desconsolados dos que viram como caia o primeiro abrandaram o coração de Erna.

Estes são só três dos muitos casos que Wendy Lower apresenta em As harpias de Hitler. Relatos que encolhem o coração e mostram até onde é capaz de chegar o ser humano. Como a própria autora disse ao finalizar seu livro, nunca saberemos tudo sobre o nazismo e o Holocausto, isto é só uma história a mais em um quebra-cabeças com infinitas peças de crueldade.

Fonte: El Confidencial (Espanha)
http://www.elconfidencial.com/cultura/2013-10-07/enfermeras-de-dia-nazis-y-asesinas-de-noche_37151/
Tradução: Roberto Lucena

Ver a outra resenha do livro:
O exército de mulheres de Hitler (livro)

Mais resenhas:
Nazism’s Feminine Side, Brutal and Murderous (New York Times)
The Nazi women who were every bit as evil as the men: From the mother who shot Jewish children in cold blood to the nurses who gave lethal injections in death camps (Mail Online)

sábado, 12 de outubro de 2013

[Pausa Musical] - Paul McCartney - álbum "New" [2013]

Como essa "pausa musical" é um "off topic", meio que pra fazer um contraponto ao tema do blog (que é bem pesado), nunca havia mencionado lançamento de disco do Paul no blog, por isso não deixaria essa chance passar de novo. Em todo caso, tentarei não me alongar (embora duvide que isso ocorra) pois a melhor crítica de música é a própria pessoa ouvir a música e tirar suas conclusões, embora cada um possa emitir o que pensa. O lançamento do disco é dia 14/15 de outubro próximo (próxima semana), quem quiser escutar tudo descole o disco, ou escute no youtube, mp3 etc (já vazou por sinal), mas deixarei vídeo de três músicas do novo álbum, que se chama New (sem trocadilho), três músicas que ele vem tocando ao vivo pois são as melhores do disco, junto de outras duas ou três.

O disco não é brilhante em relação a vários que ele já fez, refiro-me obviamente ao álbum inteiro e não a músicas separadas pois a música "New" tem um clima nostálgico, e eu diria que é bem decepcionante as outras faixas do disco que não vazaram no começo, mas mesmo assim o material é acima da média do que sai ano após ano como "grande coisa" pela decadente indústria fonográfica e seu amontoado de enlatados de baixa qualidade musical que são exibidos à exaustão na TV e internet. Essa enxurrada de enlatados se deve a algumas coisas, mas creio que a principal seja que a indústria fonográfica considera que é melhor lançar porcaria barata e apelativa (pelo retorno fácil pro que aplicam de dinheiro nesse tipo de "atração", só que a cada ano o número de discos vendidos diminui como "resposta" a essa postura dela, e ao contrário do que alegam não é só por "culpa" da internet a queda de venda de discos mas principalmente pela baixa qualidade dos "artistas") do que encontrar e lançar novos talentos.

O que escrevi acima é a opinião de um "fã" (na verdade prefiro usar o termo admirador), que não segue modismos pois os ditos "modinhas" (a turma do "modismo") acham tudo "lindo" "maravilhoso" e "ai" de você se der um pio divergindo deles. Não irei comentar o termo "modinha" neste post mas obviamente não foi um "elogio".

Mas deixando esses 'queixumes' de lado (embora seja necessário fazê-los), seguem três músicas nos vídeos, New (que dá nome ao álbum) com um vídeo com imagens das turnês de 2012-2013, Save Us (que lembra música de 007 ou de filme de ação) e Everybody Out There (que lembra o som de músicas antigas dele, mas nada excepcional em relação a outras músicas dele). Eu acho que há dois discos dele mais recentes que são melhores que esse álbum, Chaos and Creation in the Backyard (link1 e link2) e Memory Almost Full (link1 link2).

Um dos motivos pra eu não apreciar o som dele atual em relação a outros discos se deve a formação da banda em estúdio, essa banda atual dele (que vem desde o princípio da década passada) não é boa de estúdio, e acredito que ele produz melhor quando compõe com outro músico.

Será lançado um videoclipe em breve coma a música Queenie Eye que eu gostei embora não seja uma música "comercial". Eu destacaria desse disco também as músicas Looking at her, I can bet, Early days, Turned out e On my way to work.

New (com imagens das turnês de 2012-2013)


Save Us [ao vivo no iHeart Radio Festival, Las Vegas, 21 de setembro de 2013]


Everybody Out There [ao vivo no iHeart Radio Festival, Las Vegas, 21 de setembro de 2013]

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Morre em Roma o ex-comandante nazista Erich Priebke

Itália/nazismo - Artigo publicado em 11 de Outubro de 2013 - Atualizado em 11 de Outubro de 2013
Morre em Roma o ex-comandante nazista Erich Priebke. RFI

O ex-comandante nazista da SS Erich Priebke
Foto: Reprodução
Morreu hoje em Roma Erich Priebke, um dos últimos criminosos de guerra nazistas ainda vivos. Ex-comandante da SS, a polícia nazista, Priebke havia completado 100 anos no final de julho e vivia em prisão domiciliar.

O comandante nazista Erich Priebke havia sido condenado em 1998 na Itália à prisão perpétua pela sua participação no massacre das Fossas Ardeatinas, ocorrido em março de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Priebke vivia há anos em prisão domiciliar em Roma, no apartamento de seu advogado.

Segundo a imprensa, Priebke deixou uma entrevista transcrita e um vídeo como "testamento humano e político."

O massacre custou a vida a 335 pessoas. Pelo menos 75 judeus foram mortos pelos policiais da SS com uma bala na nuca, em represália à morte de 33 soldados alemães.

Priebke foi o responsável pelo massacre, mas depois da guerra, conseguiu fugir para a Argentina.

Ele viveu tranquilamente na Patagônia durante 40 anos, até ser desmascarado pela justiça italiana depois da publicação do livro El pintor de la Suiza Argentina, do diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, Esteban Buch.

Nele, Buch denuncia os nazistas exilados que viviam em Bariloche, entre eles, Priebke, acobertado pela ditadura argentina. O ex-criminoso nazista foi extraditado para a Itália em 1995.

Em 1999, em razão de seu estado de saúde, ele obteve o direito de cumprir sua pena em casa, como autoriza a lei italiana.

Em 2004, o grupo o grupo de extrema-direita "Uomo e Libertá" (Homem e Liberdade) chegou a pedir um indulto presidencial para Priebke, gerando diversos protestos e manifestações de associações de defesa dos direitos humanos.

Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/europa/20131011-morre-em-roma-o-ex-comandante-nazista-erich-priebke

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O exército de mulheres de Hitler (livro)

Um livro documenta a participação ativa e frequentemente entusiasta das alemãs no maquinário assassino do regime nazi
07.10.13 - 00:57 - ANTONIO PANIAGUA | MADRID.
Erna Petri matou seis garotos judias com entre 6 e 12 anos com disparos na nuca na Polônia
A maioria das nazis levaram uma vida
normal uma vez acabada a guerra. /E. C.
Durante o Terceiro Reich as mulheres não se limitaram a servir como conforto para os soldados alemães. Seu papel no maquinário de destruição de Hitler não é muito menos anedótico. Algumas delas empunharam pistolas para aniquilar judeus. A fronteira entre o lar e a frente de batalha era mais que difusa. Consentiram com o genocídio e foram parte ativa do extermínio.

A historiadora estadunidense Wendy Lower revela, sem pôr panos quentes nas atrocidades, a complexidade de grande parte da população feminina nos crimes dos nazis e sua cooperação na hora de enviar às câmaras de gás jovens "racialmente degenerados". No livro 'Arpías de Hitler' (Harpias de Hitler, tradução livre do título em espanhol, título em inglês: Hitler's Furies: German Women in the Nazi Killing Fields (Crítica), a pesquisadora do Holocausto sublinha que as primeiras matanças massivas foram protagonizadas pelas enfermeiras nos hospitais assassinando crianças por inanição (fome), com drogas ou injeções letais.

Durante a guerra, as alemãs romperam o cerco que as confinava a sustentar lares sem pai, granjas e negócios familiares. Pouco a pouco sua presença foi mais além dos trabalhos administrativos e trabalhos agrícolas. À medida que a engrenagem do terror ia se estendendo, foram dados as mulheres trabalhos de vigilância nos campos de concentração. Nos territórios do Leste do Terceiro Reich, onde foram deportados um número sem-fim de judeus para ser gaseados e onde ocorreram os crimes mais execráveis, as alemãs encontraram novas ocupações. "Para as jovens ambiciosas, as possibilidades de ascensão social se multiplicavam com a emergência do novo império nazi", afirma Lower.

Parteiras infanticidas

Obviamente que não se pode fazer generalizações. Contudo, a historiadora maneja um argumento irrebatível: um terço da população feminina, ou seja, treze milhões de mulheres, militaram na organização do Partido Nazi. Por acréscimo, em fins da guerra, uma décima parte do pessoal dos campos de concentração era formado por mulheres. Ao menos 35.000 delas foram instruídas para ser guardas de campos da morte, sobretudo em Ravensbrück, de onde foram destinadas a outros como Stutthof, Auschwitz-Birkenau e Majdanek.

Hitler havia proclamado que o lugar da mulher se encontrava no lar e também no movimento. Arguia que uma mãe de cinco filhos sãos e bem educados fazia mais pelo regime que uma advogada. Não é estranho que nessa época o ofício de parteira gozou de um prestígio e auge até então desconhecidos.

Não menos importante era a profissão de enfermeira, curiosamente a ocupação mais letal com diferencia. Os barbitúricos, a morfina e a agulha hipodérmica foram postas a serviço da eugenia, par a desgraça de crianças com malformações e adolescentes com taras. O programa de 'eutanásia' do Reich empregou as parteiras e o pessoal sanitário feminino. "Com o tempo, essas profissionais chegariam a matar mais de duzentas mil pessoas na Alemanha, Áustria e nos territórios fronteiriços com a Polônia ocupada e anexada ao Reich, assim como na Tchecoslováquia", aponta Lower.

Em que pese a sua implicação no sistema, a maioria das mulheres que participaram do Holocausto seguiram tranquilamente com suas vidas uma vez acabada a guerra. Uma das poucas que desfrutou do cumprimento de seu caso foi Erna Petri. Esta mulher, casada com um alto oficial da SS, liquidou seis garotos judeus entre seis e doze anos com disparos na nuca na Polônia e foi condenada a prisão perpétua. Nem reabilitada e nem indultada, ela saiu da prisão em 1992 por motivos de saúde.

Depois da guerra, a atitude que adotaram as mulheres foi o silêncio, fruto da dor e do medo. Contudo, as cúmplices do nazismo não podiam invocar ignorância dos acontecimentos. A proporção de mulheres que chegaram a trabalhas em escritórios da Gestapo em Viena e Berlim chegou a 40% em fins da guerra. Poucas mulheres sentaram no banco dos réus. Há exceções como a doutora Herta Oberheuser, que mesmo condenada a 22 anos por seus cruéis experimentos médicos, cumpriu só sete anos e se reincorporou à medicina como pediatra.

Fonte: El Correo
http://www.elcorreo.com/alava/v/20131007/cultura/ejercito-mujeres-hitler-20131007.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver a outra resenha do livro:
Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite (livro de Wendy Lower)

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Hannah Arendt: um hino à liberdade (filme)

Hannah Arendt, de Margarethe von Trotta, estreou na quinta-feira – o filme retrata uma das filósofas mais importantes do século XX, defensora da liberdade de pensamento e que cunhou o conceito da banalidade do mal, a propósito de Adolf Eichmann, oficial nazi julgado e executado em Israel.

A cena poderia passar-se em qualquer redação do mundo. Neste caso, aconteceu na da célebre revista New Yorker. O diretor, William Shawn, sabe que está perante um momento histórico, o julgamento de Adolf Eichmann, oficial nazi célebre por ser um dos rostos da ‘solução final’ desenhada por Hitler, o do extermínio dos judeus. E tem à sua frente, caída do céu, uma proposta para a cobertura desse julgamento – que, se não foi o ‘do século’, na época, andou lá perto – por parte de Hannah Arendt, filósofa judia alemã exilada nos EUA e ela própria com uma passagem por um campo de concentração enquanto fugia do holocausto nazi.

A chefe de redação, cética, pergunta-lhe: “É mais uma filósofa europeia? Sabes que eles não têm limites para escrever e não são conhecidos por cumprirem prazos”. Shawn defende Arendt e segue com a aposta: “É um privilégio”.

O diálogo terá acontecido assim naquela redacção, em 1961, ano do julgamento de Eichmann em Jerusalém, onde estava detido depois de ser raptado pelos serviços secretos israelitas na Argentina. E foi reproduzido no mais recente filme de Margarethe von Trotta, estreado o ano passado na Europa e que só agora (na próxima quinta-feira) chega às salas portuguesas. A produção leva o nome da filósofa, uma das pensadoras mais marcantes do século XX pela originalidade e independência, interpretada pela actriz e cantora lírica Barbara Sukowa, outra referência do cinema alemão contemporâneo, como von Trotta.

Mas, ao contrário do que seria de esperar dos ditames da indústria cinematográfica, Margarethe von Trotta não se perde a fazer um filme biográfico e encerrar em duas horas estandardizadas uma vida tão complexa. O filme centra-se nos anos entre a ida de Arendt a Israel para a cobertura do tal julgamento e a polémica que se seguiu à publicação do seu artigo na New Yorker. É que a ‘filósofa europeia’ não só cumpriu os prazos de entrega, desfazendo o medo dos responsáveis da redação da revista, como partiu a loiça. Ao contrário do que seria de esperar, Hannah Arendt não descreve um monstro, nem sequer alguém mentalmente perturbado no julgamento. Ela tem pela frente um homem de uma banalidade desconcertante.

Se os actos praticados por Eichmann não encaixam na figura, então como foi possível este homem, que alega em sua defesa limitar-se a cumprir ordens, ser capaz de chefiar a temida Unidade IV D 4/4 e IV B 4 do exército nazi e ser pessoalmente responsável pela organização geral da deportação dos judeus da Alemanha e dos países europeus deportados? Longe de o desculpar, Hannah Arendt quer compreender. E é daí que lhe surge o conceito da banalidade do mal, um dos mais conhecidos do seu pensamento. Nesta altura, Arendt já tinha escrito duas obras de referência para a compreensão da gênese dos regimes autoritários que floresceram na Europa no tempo da Segunda Guerra: As Origens do Totalitarismo (1951), em que denuncia a origem do nazismo e do stalinismo, e A Condição Humana (1958), na qual descreve a sua teoria política.

Qualquer um pode ser Eichmann?

A partir daí, entramos no clímax do filme. A dimensão humana de Arendt, que von Trotta retrata, dizem os entendidos, fielmente, é posta à prova logo após a publicação do artigo. A comunidade judia reprova-lhe a classificação de um criminoso de guerra nazi como um homem banal, mas não lhe perdoa de todo a denúncia que faz, no mesmo artigo, da inépcia dos líderes judeus da época, que viram a catástrofe a acontecer quase impavidamente.

A coragem custou-lhe até amizades de uma vida. Mais uma vez, interessava-lhe não perdoar, mas compreender sem crucificar previamente: “A banalidade do mal foi, no fundo, uma resposta à questão: ‘como foi possível acontecer?”, diz Sofia Roque, que está a trabalhar Numa tese de doutoramento sobre Arendt, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Se hoje aceitamos com alguma facilidade que qualquer pessoa, em qualquer época, pode ser um Eichmann ou um Hitler em potência, nos anos 60 isso não era assim. Quando Arendt formula a ideia, os acontecimentos ainda eram analisados muito a quente. No fundo, a ideia é coerente com o mais profundo dos pensamentos da filósofa: “A compreensão é o modo da política, sem ela não nos podemos situar no mundo”, acrescenta Sofia Roque, citando a autora. Arendt nem sequer parece à vontade, no filme, com o facto de se estar a fazer do nazi uma figura exemplar. Para ela, se uma pessoa abdicar, devido a determinadas circunstâncias históricas, de fazer o que a torna verdadeiramente humana – pensar – pode transformar-se num monstro.

Sofia, que viu o filme na única apresentação que teve em Portugal, a 25 de Maio no São Jorge (Lisboa), no âmbito da Judaica – 1.ª Mostra de Cinema e Cultura, recorda ainda o humanismo da personagem construída por von Trotta, que nem se esqueceu de pequenas conversas da filósofa com os muitos amigos que cultivou ou até o modo como Arendt se deitava no sofá, a fumar – era uma fumadora inveterada –, de olhos fechados, a organizar pensamentos.

Mas recorda-se do modo como Barbara Sukowa incarna a coragem da filósofa perante as críticas. Arendt chegou a receber um bilhete de um vizinho do próprio prédio onde morava em Nova Iorque, anônimo, que a chamava de ‘puta nazi’. Um dos seus amigos mais próximas, Hans Jonas, também exilado em Nova Iorque, diz-lhe que ela se tornou uma “intelectual arrogante alemã”. Mais tarde, seria convidada pelo departamento da universidade onde lecionava a não dar mais aulas. Resistiu sempre: “Ela procurou uma objetividade, distanciou-se da sua condição de judia e de um modo absolutamente corajoso tenta encontrar uma verdade num comportamento e enfrenta a comunidade judaica e os leitores da New Yorker”.

Pelo filme passam também duas histórias de amor. A relação de Arendt com o seu segundo marido, Heinrich Blücher, um filósofo autodidata alemão, que fugiu com ela da França ocupada para os EUA através de Espanha e de Portugal, é apresentada nos pequenos gestos. Blücher nunca deixa de estar do seu lado.

Paixão impossível

Mas há uma outra, dada em flashbacks, quando a jovem Arendt, ainda estudante de filosofia na Alemanha, frequenta as aulas de Martin Heidegger, um dos maiores filósofos do século XX.

O fascínio da jovem Arendt transforma-se numa paixão ardente pelo professor, vários anos mais velho. Mas a história não ficaria completa sem polêmica – Heidegger aderiu ao partido nazi em 1933 e estaria implicado no afastamento de acadêmicos judeus da sua universidade, como se passou, de resto, em todas as áreas do conhecimento por toda a Alemanha e a Áustria.

Os dois separaram-se, Arendt conheceria Blücher já no exílio, e passaria pelo campo de concentração de Gurs, em França, perto dos Pirineus, antes do ‘salto’ definitivo para os EUA. Mas a memória ficou. Hannah reataria a amizade entre ambos em 1950 e seria até responsável pela readmissão de Heidegger no meio universitário. O filme aborda a questão de leve, sem revelar a justificação do filósofo a Hannah, que lhe pede uma explicação. Mistérios insondáveis da alma humana? A explicação é quase impossível, mas Sofia Roque não vê aí mais do que algo privado, que a filósofa nunca chegaria a partilhar por completo: “Heidegger não era um cidadão comum, ele tinha os instrumentos suficientes para saber o que se estava a passar. Será que Hannah Arendt o perdoou? Não nos diz respeito”.

E qual será o lugar do pensamento de Hannah Arendt na atualidade? São poucos hoje os que reclamam o modo como a filósofa pensa a tolerância, a humanidade, e sobretudo a ação política. “Ela não define os objetivos da acção política, nunca se assumiu em nenhum ‘ismo’ ou disse se era de esquerda ou de direita”, esclarece Sofia Roque. Antes defende “a ideia de um sistema de pequenos conselhos, de órgãos cuja dimensão permitisse a participação direta” dos cidadãos nas decisões, um pouco como o espaço público da polis na democracia ateniense da Antiguidade. Para Arendt, a política é antes de tudo um espaço de liberdade entre plurais que podem discutir, a partir do momento em que são cidadãos livres, “o sistema social, de justiça e de igualdade”.

Se estivesse hoje entre nós, Hannah Arendt ficaria por certo agradada com os movimentos que saíram à rua um pouco por todo o mundo, a reclamar mais liberdade ou melhores condições sociais, fosse contra ditaduras – como no mundo árabe, num processo que ainda não acabou –, fosse contra políticas de austeridade, na Europa e nos EUA.

A filósofa de figura frágil e afável poderia ser uma indignada do século XXI? Arendt analisou as revoluções, da americana à francesa, passando pela dos sovietes. Hoje, talvez estaria preocupada em “ligar estes fenômenos aos movimentos occupy”, aposta Sofia Roque.

ricardo.nabais@sol.pt

6 de Outubro, 2013. por Ricardo Nabais

Fonte: Sol (Portugal)
http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=87275

Observação: pessoalmente eu não compartilho da ideia dela sobre "banalidade do mal" e Eichmann, acho que ela se centra demais na aparência dele (o que ela vê dele, muito mais a aparência) ignorando que o executor vai mais além de uma mera aparência "inofensiva"/burocrática (porém letal) que ela tem dele. Mas então por quê o post e a observação? Porque vez ou outra surgem comentários de posts antigos, por exemplo em resenhas como a do link sobre o livro do Finkelstein (link) criticando texto A ou B (e não sou contra a crítica) sendo que nem sempre eu concordo com alguns textos que coloco mas que acho importante que sejam lidos justamente pra reflexão/discussão. Por sinal este texto do link anterior sobre o Finkelstein foi colocado há vários anos porque fazia parte de três textos sobre o Holocausto que saiu no IG (incluindo uma entrevista com o Raul Hilberg), resolvi colocar todos. Eu mesmo coloquei mais de um texto sobre o Finkelstein no blog (http://holocausto-doc.blogspot.com.br/search?q=finkelstein) com opinião de gente que politicamente estaria bem próximo dele e o critica. Já que ele foi citado na observação, eu não acho que ele seja antissemita como vários críticos dele acusam (geralmente gente radical de direita), embora não concorde com a postura política dele ou mais precisamente com a forma dele expôr os problemas que divulga.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sinagoga do Porto partilha informação sobre refugiados do Holocausto

foto Catarina Vieira / Global Imagens
Sinagoga do Porto partilha informação
sobre refugiados do Holocausto
Estiveram guardados na Sinagoga do Porto, durante 70 anos, milhares de documentos que incluem fichas individuais de centenas de refugiados que chegaram ao Porto em 1940, fugindo do terror nazi. O Museu do Holocausto dos Estados Unidos da América terá agora acesso a essa informação, por força de um memorando assinado este mês entre a vice-presidente da Comunidade Judaica do Porto, Isabel Ferreira Lopes, e o diretor de coleções daquele Museu, Michael Grunberger.

No memorando, a que o JN teve acesso, e que vem na sequência de um protocolo anterior, estabelece-se que a Sinagoga do Porto fornecerá ao Museu do Holocausto toda a documentação que possui relativa ao período da Segunda Guerra Mundial, cabendo ao museu realizar duas cópias do material em questão, para investigação e divulgação.

O Museu do Holocausto, com sede em Washington, foi criado para mostrar a história da perseguição e extermínio de seis milhões de judeus e de outras vítimas da tirania nazi, entre 1933 e 1945

Entre os documentos cedidos agora pela Sinagoga do Porto ao museu, salientam-se as fichas individuais de 416 refugiados judeus que beneficiaram do amparo que lhes foi concedido no período em questão pelos membros da comunidade judaica do Porto, presidida então pelo capitão Barros Basto.

Isabel Ferreira Lopes declarou ao JN que, "tão importante como guardar, preservar e estudar toda a documentação sobre esse período trágico, é tentar saber como é que os refugiados que estiveram nesta sinagoga em 1940 reconstruíram depois as suas vidas."

Sinagoga comemorou 75 anos

A Sinagoga do Porto celebrou este ano o seu 75.º aniversário. A cerimônia foi marcada pela presença do embaixador de Israel em Portugal e de altos dignitários judeus vindos expressamente de Londres, Israel, Argentina e EUA.

Publicado em 2013-10-01
Óscar Queirós

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=3452751

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Morre historiador israelense do Holocausto, Israel Gutman

Quinta-feira, 3 de outubro de 2013 | 12:09 a.m.

Israel Gutman, who que sobreviveu as atrocidades nazi na segunda guerra e dedicou sua vida à pesquisa do Holocausto, faleceu em Jerusalém. Ele tinha 90 anos.

Gutman nasceu em Varsóvia em 1923 e lutou no levante do Gueto de Varsóvia em 1943, onde ele foi ferido.

Seus pais e irmãos morreram no gueto enquanto Gutman ficou como prisioneiro em três campos de concentração, incluindo Auschwitz.

Depois da guerra ele se transferiu para Israel onde mais tarde serviu como historiador chefe no Museu Memorial do Holocausto Yad Vashem.

Yad Vashem lamentou seu falecimento descrevendo Gutman na terça-feira como um "historiador pioneiro." Ele faleceu na segunda-feira.

Ele deixa duas filhas e três netos.

O funeral ocorre na quarta-feira em Jerusalém.

Fonte: The Associated Press/Las Vegas Sun
http://www.lasvegassun.com/news/2013/oct/03/ml-israel-obit-gutman/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais no blog A Vida no Front:
Israel Gutman, historiador do Holocausto, morreu aos 90 anos

Tag de Israel Gutman no blog (com os posts).

domingo, 29 de setembro de 2013

A extrema-direita brasileira. Mapeamento do fascismo no Brasil - Parte 01

A razão desse post é que não gosto das matérias que saem sobre o assunto (extrema-direita brasileira) no país. Quando não são genéricas e superficiais, a maioria delas distorcem totalmente o assunto direcionando o problema pruma região do país (geralmente a região Sul) deixando sempre de mencionar que o "epicentro" desses grupos se situa em outros estados, bem como mencionar as ligações históricas dos grupos fascistas ou sempre usar um tom de "espanto" pra retratar o problema (fazem isso intencionalmente ou não, uma vez que a maior parte da população só ouviu falar disso de forma generalizada ou caricatural, tendo uma ideia imprecisa do problema). Quem lê esse tipo de assunto de forma superficial pode achar que o Brasil não passou por duas ditaduras (de extrema-direita) e vários governos restritivos no século XX.

A crítica a essa questão do direcionamento pra uma região é abordada aqui nessa matéria do historiador gaúcho René Gertz (Neonazismo no RS: “que há de verdade ou mentira em tudo isso?”), muito boa a entrevista dele. Embora eu discorde de alguns apontamentos dele sobre a definição do que são grupos neonazis, eu concordo integralmente com a ideia geral do que ele escreveu. O termo mais correto pra esses grupos seria o termo "fascista" (aí caberia a definição do que historicamente é fascismo link1 link2 link3 e neo-fascismo link1 link2 link3 link4, o que fica prum futuro post embora o resumo dos links sempre "quebra um galho"), mas como a simbologia que uma parte dos bandos usa é a nazi (o que não deixa de ser ridículo pois o partido nazista é só pra alemães, no sentido literal mesmo, embora o racismo nazi seja compartilhado por vários grupos fascistas), por essa razão fica difícil desassociar o termo "nazi" desses grupos, apesar de que nazismo é um tipo de fascismo (não a toa que existe o termo nazifascismo).

Pra comentar sobre isso, vou colocar por escrito um resumo do que vi no Orkut sobre a presença desses grupos (só citarei o que vi naquele site, não na web em geral apesar deu usar o termo web muito comumente), e estados de origem, pra deixar claro a área de atuação dos mesmos. O relato pode não ser cem por cento preciso porque são citações de memória, mas acho que consigo detalhar razoavelmente (ou de forma considerável) as áreas desses bandos na rede e alguns discursos dos mesmos.

O primeiro grupo articulado que vi na rede disseminando a negação do Holocausto no Brasil, no Orkut, era composto por integralistas. Há uma comunidade grande de Segunda Guerra no site e no começo da rede esses caras emporcalhavam a comunidade com textos negacionistas pra fazer panfletagem ao ponto de serem banidos por tumultuarem e por não se ater ao tema da comunidade. Um dos motivos pra má fama do Orkut foi a presença e proliferação desses grupos. Esse grupo ou pessoas também circulavam na desativada lista Holocausto-Doc que pertencia ao Marcelo Oliveira que era voltada pra discussão do tema (rebater as baboseiras dos "revis", com direito a vários chiliques deles). Outro ponto interessante no discurso deles é que sempre negam que sejam fascistas ou que são de "extrema-direita" com a mesma retórica negacionista, meio que "ignorando" (ou distorcendo) o que significa o termo pra gerar confusão e desinformação (com o pessoal que não distingue essas coisas).

Há outra vertente que se espalhava por lá (Orkut) que aparentemente era parte de grupos que se denominam White Power (Orgulho Branco), vulgo "supremacistas brancos", ideologia estrangeira (difundida principalmente nos EUA e Europa) importada por esses bandos. Os grupos mais ativos, numerosos e violentos se concentram no Estado de São Paulo ao contrrário do que matérias como esta (Mapa da intolerância: região sul concentra maioria dos grupos neonazistas no Brasil) apontam, direcionando o problema pra região Sul e "deixando de lado" o 'centro' desses grupos, o que acaba gerando uma distorção do problema. Há outros "furos" em vários pontos da matéria, por essa razão fiz questão de publicar o texto do René Gertz antes no blog que cito no começo do tópico com uma crítica a isso (só descobri o texto dele esse ano), que reclama/contesta com razão esse tipo de direcionamento. O fato de alguém baixar conteúdo sobre segunda guerra ou mesmo o tema (Holocausto, "revisionismo" e afins) não transforma alguém em simpatizante do nazismo e do fascismo, é um "diagnóstico" tão tosco que não mereceria nem comentário. Além de outro fato bem grave nesse tipo de afirmação/levantamento: como alguém tem acesso a downloads de usuários por estados? Há um mandado pra se ter acesso a esse tipo de informação que só diz respeito a provedores? Como se chegou a esses números sendo que isso é restrito dos provedores de internet e só são liberados quando há alguma ação da justiça? Que eu lembre esse é o procedimento pois foi algo cobrado bastante do Google (pelo MP) em relação ao Orkut. Foi a primeira coisa (a da questão dos dados do Google/Orkut) que me veio à mente quando li a matéria.

Ainda sobre os White Power, ou mais precisamente White Power-SP, esses bandos (ou bando) são compostos geralmente por descendentes de imigrantes (em parte dos que chegaram no século XIX ou mesmo século XX), provavelmente em sua quarta geração ou mais, com um problema sério de identidade com o país (odeiam ser "brasileiros" embora não se desgrudem do país) com a "choradeira" racista de "sou descendente de europeu de tal canto", com um ódio repulsivo ao país embora vários proclamem que são "nacionalistas" (de que pátria, já que odeiam a que nasceram? rs. São os famosos "fascistas sem pátria", apelido que dei a eles), buscando se autoafirmar com essa ideia de "supremacia branca" ou tentando legitimar um tipo de racismo aqui no Brasil que é mais comum nos Estados Unidos, e nisso acabam vinculado um regionalismo (ou criando um regionalismo) mitológico "racial" de que estados A, B ou C são "brancos" e que isso os "diferencia" do resto do país. É um festival de ignorância tão generalizada que a pessoa não sabe nem por onde começar ao ler tanta cretinice desses grupos.

O pior de tudo é que esse tipo de "ideia" racista não faz "sucesso" apenas com esses grupelhos (se o problema se restringisse a eles seria uma "maravilha"), eles são apenas a parte mais escancarada do problema (a fratura exposta) desse tipo de pensamento. Por trás disso rola o que já abordei aqui nesse post: História do Brasil e "revisionismo" (negacionismo) do Holocausto. O desconhecimento da História do país (não só a do séc. XIX pra cá mas principalmente do período colonial que é fundamental pra entender o país atual e sua formação, sem isso o que existe é um recorte mal contado e distorcido do Brasil) ajuda a fomentar esse tipo de recalque e de importação (e adaptação) desse tipo de mentalidade racista/preconceituosa atrofiada. A maioria dos brasileiros saem da escola sem saber o básico de História do Brasil e da formação histórica do país, o assunto História do Brasil é tratado como "coisa qualquer" ou cheio de recortes e informações enviesadas, e abrem espaço pra esse tipo de "ignorância coletiva" (mitologia) se proliferar e formar um "senso comum" calcado em preconceito e demais cretinices propagadas por esses grupos.

Há grupos ativos sim na região Sul do país, mas não são grandes ou organizados como os de São Paulo, pelo menos no que vi naquela rede social do Google. Há uma particularidade com o RS que é o fato de que há um combate efetivo das autoridades daquele Estado com o problema, coisa que se não se verifica em São Paulo onde os grupos aparentemente circulam livremente e só são desarticulados (muito remotamente) quando há uma agressão física por parte de alguns deles nas ruas.

Eu às vezes evitava fazer comentários sobre isso porque havia nas comunidades do Orkut (mesmo as contrárias a esses "revis") algumas pessoas "ultrassensíveis" (entre aspas, pois só são "sensíveis" de forma seletiva, nunca por princípio, fora alguns serem tão problemáticos quanto os neos) que ao menor sinal de crítica ou mesmo constatação de que um problema ocorre em determinado estado, mesmo se comprovando o que é dito (não se está fazendo afirmações vazias, vários fatos são de conhecimento público bastando "ligar os pontos" e mapear), começavam a dizer que isto era postura "anti-São Paulo", de quem possa ter de "ódio de tal estado" e toda aquela choradeira ridícula e intelectualmente desonesta que fazem pra não se discutir o assunto ou abafar/travar totalmente qualquer discussão. Eu costumo dizer que esse tipo de pessoa também é parte do problema do que "solução", embora aparentemente se "oponham" a esses grupos, mas não ao preconceito que os gera, porque esses grupos de extremistas são frutos do meio em que vivem e se criaram, repetem o que assimilaram em casa ou nas ruas. Por sinal, é um alívio sem tamanho não ter que dividir mais o mesmo espaço com esse tipo de pessoa "ultrassensível" (de forma seletiva) já que numa rede social não é tão fácil cortar este tipo de presença inconveniente e bastante desagradável.

A maior parte dos "revis" que vi circular no Orkut eram de São Paulo, uma parte do Rio (comento sobre essa vertente logo abaixo) e vários dispersos dos três estados do Sul do país e outros estados do país. Eu costumo não dar relevância a estes últimos pois não conseguem formar grupos espalhados país afora, e dependendo do Estado em que vivem é meio que "dar uma de kamikaze" abraçar esse tipo de asneira pois pode haver repressão severa, não só da polícia como da própria população que não tolera certos comportamentos como esse.

Os grupos do Rio em geral não se identificam com essas denominações de São Paulo, adotam mais uma linha de "nacionalismo" brasileiro mas também seguem a cartilha antissemita do integralista Gustavo Barroso, com as "teorias" de que "judeus dominam tudo" e aquele bla bla bla enfadonho e paranoide típico desses grupos de extrema-direita de cunho fascista. Isso quando não enveredam pelo assunto Oriente Médio, Israel etc.

Em geral os extremistas virtuais catarinenses costumam não ser tão agressivos como os demais "revis" e vi muito poucos. O fenômeno no Sul (região) também pode se explicar em parte por se tratar de um caldo cultural em virtude da confusão criada pelo nazismo com a identidade alemã e o período histórico da segunda guerra (que aprofundou essa confusão identitária), mas o fenômeno da extrema-direita fascista não fica restrito a descendentes de alemães, pelo contrário, pra meu espanto a maioria do que vi nesses bandos são descendentes de outros grupos de imigrantes que seguem a linha do fascismo/autoritarismo de direita e xenofobismo, usam esse tipo de ideologia pra "autoafirmação étnica" seja lá qual for, o que é (mais uma vez) engraçado pois no Brasil o grupo europeu predominante (em números e culturalmente) é o português (grupo ao qual eu e boa parte do país fazemos parte), e é "curioso" ver como esses caras querem "instituir" um Reich "ariano" nos trópicos, com chavões em "alemão" da época do nazismo, sem saber falar alemão, falando português ou ignorando "esse fato" da influência cultural majoritária de Portugal na formação do país, um pequeno "detalhe" que por exemplo faz com o que o idioma oficial do país seja o português e não o italiano ou outros idiomas (algo óbvio pra qualquer pessoa, mas não pra neofascistas "revis"). É um negócio tão sem noção (ridículo) que deixaria um neonazi alemão ou extremista de direita europeu desorientado.

E como citei acima, vários desses "revis" ou neos (que se apresentam dessa forma) têm sobrenomes não-alemães, eu tinha o costume de sempre ver o sobrenome e fazer um levantamento "de cabeça" de qual grupo pertence. Uma parte tem sobrenome italiano, em segundo lugar (ou primeiro) aparecem os sobrenomes portugueses, e segue a "mistureba" de grupos "étnicos" dentro do próprio bando "étnico ariano puro" (rsrsrs). Um dado curioso pra esse pessoal pensar sobre a cretinice que professam é que o italiano original está bem distante do que um nazi alemão idealizava como "ideal ariano" na Europa (com influência pesada do nordicismo), fora serem latinos, e a maior parte dessa concentração de pessoas com este perfil ideológico fascista atrelado a "colônias" se situa também em São Paulo (mas não só lá, apenas destaco por ser o principal e sempre quando se fala no assunto direcionam pra uma região meio que transformando o assunto em fumaça).

Por que a ênfase em determinado Estado? Primeiro, por motivos óbvios, é pelo fato da maior parte desses bandos ser de lá (então não dá pra "florear" e "colocá-los" em outro estado só pra não "chatear" A, B ou C), em segundo lugar é que chama a atenção principalmente a não-ação do poder público em São Paulo pra combater o problema, só agindo quando há ataques físicos mas nunca na prevenção ou educação (combate a esse tipo de "ideia" desmontando o discurso deles mostrando que é algo furado, falso) como da não remoção de sites e afins (desarticulação) e desmanche dos bandos. E como disse mais acima, entra a questão regional no problema de parte dessa extrema-direita fascista bizarra, problema esse que vem aflorando e se acirrando desde a redemocratização do país (1985) e que ficou mais evidente a partir de 1994. Eu considero aquele caso de 2010 logo após o término das eleições parte do mesmo problema (neofascismo e essa ideia de "supremacia branca"), e isso é tratado com "tabu" no país, ou por ignorância ou com a famosa postura do brasileiro (generalizando) de "não quero saber disso porque é chato" ou porque toca em alguma "ferida" (só pra empurrar o problema com a barriga por pura covardia).

Só pra deixar claro, não me sinto atingido por esse tipo de "ataque" (chilique ou agressão extremada, já que rixa regional sempre vai existir em algum nível, mas há uma conotação "racial" nesse caso mencionado) estúpido regional porque considero isso coisa de gente burra e outros adjetivos que não dão pra colocar aqui. O fato é que alguém pode sair "machucado" de fato por conta da irracionalidade de quem demonstra essa postura (não só o alvo do ataque como a própria pessoa que ataca tomando um revide mais violento, o que não é improvável de vir a ocorrer), então se faz necessário combater a coisa pra que não se prolifere e crie uma cultura de ódio que descambará fatalmente em um conflito maior, em suma, deve-se combater isso pra que não se chegue a um extremo de ruptura e conflito generalizado, no Brasil não levam isso a sério mas o que já rolou de sangue na Europa e no resto do mundo por conta dessas "ideias" deixaria esse post pintado de vermelho (cor de sangue). Mas o assunto tem que ser tratado sem o vitimismo ou recalque que a mídia adota quando cita o nome de determinada região de forma genérica evitando mencionar os estados pelo nome (por menosprezo, recalque ou estupidez). Por sinal a própria mídia brasileira é uma das principais responsáveis por cultivar esse tipo de atrito regional ou de reproduzir o problema sem nunca ir a raiz do mesmo.

Pois bem, dito isso, eu não postarei aqui jamais novamente matérias que falam no assunto omitindo o epicentro desses bandos, omitindo o nome do principal bando que dissemina negacionismo do Holocausto e afins (o do integralismo como citei no começo) e direcionando o problema pra outros estados pela associação de presença de descendentes de alemães com a questão do nazismo, sendo que a maior parte dos perfis que vi no Orkut que se autodenominavam neonazis/fascistas ou "revis", como citei acima, era de gente com sobrenome italiano, português e sobrenome de outras nacionalidades e obviamente que há descendentes de alemães que se identificam com a extrema-direita e se encaixam no mesmo grupo-problema. Esse relato põe abaixo a associação de que neonazismo no Brasil está diretamente relacionado a descendentes de alemães no país, ideia esta que acaba distorcendo totalmente a compreensão do problema do extremismo de direita (de cunho fascista) e da negação do Holocausto no Brasil. Há várias contradições entre esses bandos, principalmente dos que se dizem nacionalistas brasileiros e dos "importadores" de "supremacismo branco" embora andem juntinhos pra difundir a intolerância e o ódio à democracia (a maioria absoluta deles é simpatizante de regimes ditatoriais de direita). Neonazismo é como se chama em geral o próprio neofascismo, por ser um nome mais popular e de maior impacto, embora etimologicamente não seja correto.

Outra observação sobre algo que me irrita é sobre o senso comum e clichês como este a seguir: "Mas é absurdo haver isto no Brasil, um país miscigenado, como pode!". Não é absurdo ocorrer isso no Brasil, até gostaria que fosse, mas seria estranho não haver este problema num país com passado de mais de 3 séculos de escravidão por racismo e políticas de eugenia (branqueamento da população brasileira no século XIX). E há que fazer outro destaque no problema pois em geral há uma mistura terrível de termos: nem todo racista é neonazista/neofascista. O racismo nem sempre está atrelado a grupos políticos, só que o atrelamento do racismo a grupos políticos potencializa consideravelmente o problema.

O Brasil é um país com passado escravagista, eugenista (A eugenia no Brasil), onde o governo monárquico de D. Pedro II por racismo quis "branquear" a população brasileira por considerá-la como algo "inferior" (por ser "não-branca" pros "padrões europeus"), esse foi um dos motivos pelo qual trouxeram imigrantes europeus em massa no século XIX pro país, não só pra substituir a mão-de-obra escrava negra que seria liberta naquele século, como para "branquear" a população do país (país que se consolidou de fato no século XIX pois poderia ter sido desmembrado com os movimentos de independência daquele século-chave da história do país) pois achavam que um país só poderia ser desenvolvido se fosse "branco". Muita gente com um ideário racista comunga dessa ideia até hoje (se alguém pensar que isso se resume a grupos "neonazis"), só que sempre esquecem dos países pobres e em crise com população branca (Grécia, Espanha, Portugal, a própria Itália), daí começam a criar "sub-racismos" pra "explicar" a crise nesses países também ("ah, mas é porque o Sul da Europa não é loirinho, é católico etc").

A escravidão no Brasil foi até pior que a escravidão no Reich nazista, só não chegou as raias do extermínio (o Reich nazista não se resumiu ao trabalho escravo). A exclusão de cidadãos negros e mestiços (negro com branco, ou várias misturas) foi total e brutal e tem marcas até hoje, a maioria dos escravos libertos foram viver em favelas com esta exclusão 'racial' imposta pelo Estado, não a toa que as favelas costumam ter "cor" e muitos brasileiros que acham ou tentam passar a imagem de que não são preconceituosos tentam negar esta realidade quando tentam combater a ação de reduzir ou eliminar esta exclusão ("racial") no Brasil, que não deixa de ser um acerto de contas com o passado escravagista do país, algo que a Alemanha fez com sucesso com o passado nazista por lá.

O meu relato acima, bem resumido (embora grande, até porque é impossível resumir muita informação em três linhas) e genérico (pois serve pra informar e criar um distanciamento de ideias erradas que são passadas na mídia quando abordam a questão, criando mais desinformação do que informação), foi feito em cima do que presenciei em várias comunidades pela web (refiro-me ao Orkut). Não quero dizer que é o raio-x mais exato da questão, e tampouco tem a pretensão de ser o mais aprofundado, mas... sem qualquer exagero, se alguém quiser estudar o fenômeno, pode se guiar pelo que foi descrito acima pois poderá constatar facilmente o que foi citado. O assunto não é combatido como deveria e tratado como caricatura (esse extremismo vai muito além de meros bandos de carecas com suástica, como eu disse, há até atritos regionais no meio com conotações racistas). Combater o problema ignorando esses detalhes é o mesmo que ficar combatendo às cegas aquilo que não se compreende, ou seja: não resolver coisa alguma e camuflar o preconceito existente e suas origens e construções.

Em virtude do que foi dito, acho lamentável ver matérias narrando o problema do "neonazismo" no Brasil, que eu chamaria de extrema-direita (pois não se resume a um bando com "suástica"), direcionando e resumindo a questão ao Rio Grande do Sul e demais estados do Sul do país, e até sobre "cangaceiros nazis" da "terra de Lampião". Quando li isso achei que era gozação, mas escreveram a sério. Eu já comentei o assunto neste post sem citar a matéria (o que faço agora), pois foi a primeira coisa que me veio à mente quando li a matéria do link, é surreal ler um troço desses, mesmo porque dá pra interpretar de várias formas, uma delas como bairrismo porque a "terra de Lampião" é o Estado de Pernambuco (eufemismo é uma forma de não citar diretamente o nome mas dando referências de que se trata), mais precisamente a cidade de Serra Talhada, que fica na parte oeste do interior do Estado (Mesorregião do Sertão), e há uma certa rixa histórica entre Bahia-Pernambuco que não vou me ater a detalhar aqui, como também não quero crer que a razão da citação se deu por conta desse tipo de babaquice, embora não me surpreenderia se fosse pois já li comentários mais hostis a pernambucanos e Pernambuco vindo de estados vizinhos. Fico imaginando a cena do "cangaceiro nazi", só rindo disso. Esse tipo de "detalhe" passa batido da maioria que lê o texto, mas foi uma das coisas que reparei de cara, e lembrei do Sr. René Gertz comentando e reclamando do mesmo problema (primeiro link do post) em relação ao estado dele (e a região Sul em geral) e a questão dos descendentes de alemães no Brasil.

Essas matérias, intencionalmente (ou não), acabam deixando de lado a questão de São Paulo no problema e a proliferação desses bandos no mesmo Estado. É bom se dar "nome aos bois" (como se diz nas ruas, "chamar a criança pelo nome"), pois assim param com essa 'idiotia' de propagar que isso (neonazismo) é um "problema nacional" quando na verdade o problema está mais pra algo regional ou mesmo setorizado em uma região, mais restrito a alguns estados ou Unidade da Federação.

Eu posso tentar depois, caso haja discussões sobre o texto, detalhar mais o texto, porque quando há discussão a gente acaba lembrando de mais detalhes e amarrando melhor as memórias dispersas. E como o texto foi sendo escrito enquanto se resgatava coisas da memória, pode passar a impressão de repetição mas reli e está bem dividido embora não seja de fato um assunto agradável. Irei revisar o texto se, ao reler, quiser reparar certas partes.

Aproveitando o post, sugiro a quem tiver interesse a leitura desta tese (em PDF) sobre o (neo)integralismo no Brasil:
Integralismo e ideologia autocrática chauvinista regressiva: crítica aos herdeiros do sigma (de Jefferson R. Barbosa).

O PDF tem 717 páginas, a tese e detalha com precisão o fenômeno do "neointegralismo", ou seja, fala sobre a organização e o "ressurgimento" da turma do Sigma (integralistas ou "galinhas verdes"). A minha ênfase nesse grupo se dá porque, além de ser o grupo mais organizado desses da extrema-direita de cunho fascista, e com histórico forte no período pré-segunda guerra no país e após (através de seus ex-membros históricos), uma das figuras centrais na difusão da negação do Holocausto na web, vide a lista que citei no começo do post, era um integralista. A tese do PDF sobre neointegralismo detalha e mapeia bem o fenômeno (ou parte dele, da extrema-direita fascista) no país, e incrivelmente acho que não saiu como livro. Quem quiser entender a proliferação da negação do Holocausto precisa entender o que pensam esses grupos.

Espero que ao "mapear" o problema, que isso não transforme o post em local pra denuncismo (eu já disse antes o que penso disso, a função do blog é informar, trazer conhecimento e não fazer "justiçamento"), há órgãos apropriados pra se fazer isso (denúncias). Eu sei quais grupos disseminam essa lixarada na web e não se combate isso com atrito em virtude das restrições de discussão que há no país (principalmente depois da judicialização que criaram com o Orkut, fruto desse comportamento de "justiceiros"). Os "revis" no Brasil se perpetuam através do "atrito" e de bate-bocas idiotas, e boa parte deles ("revis") evita discussão a sério (chegam logo com intimidações ou panfletagem de quinta). O blog não é fórum de "debates", pra esse fim existe o RODOH (que todos eles fogem).

Voltando ao assunto anterior do neointegralismo, há outros textos muitos bons sobre esta questão que quando conseguir localizar (muitos textos ficam perdidos pelo blog) e organizar um a um, gostaria de colocar aqui (sobre a questão nacional e regional), mas fica pruma outra ocasião. Em todo caso, achei alguns, seguem os links abaixo:

Neointegralismo e as direitas brasileiras: entre aproximações e distanciamentos (Odilon Caldeira Neto)
Galinhas Verdes ou Galos de Briga? Neointegralistas, memória militante e o uso da charge como estratégia política (Odilon Caldeira Neto)
A ideologia do Sigma hoje. Neointegralismo, intolerância e memória (Natália Reis)
Eles querem ‘endireitar’ o Brasil (Pablo Nogueira, PDF)
Proletários e nacionalistas: Skinheads e integralistas no Brasil contemporâneo (Jefferson R Barbosa)
Pensamento da direita e chauvinismo na América Latina (Márcia Regina Carneiro)
O Neointegralismo e a questão da organização partidária (Odilon Caldeira Neto)

Observação1: caso o autor do PDF (do texto sobre o neo-integralismo) leia o post e não queira o link aqui, posso remover.

Observação2: colocarei os links depois que publicar o post, a medida que for relendo o texto.

sábado, 28 de setembro de 2013

Museus de Washington podem ter de encerrar

Instituições culturais do Estado estão dependentes da aprovação do Orçamento que terá de acontecer antes de Outubro
27/09/2013 - 00:00

Em Washington, a menos de uma semana da aprovação, ou não, do Orçamento federal para o próximo ano, teme-se que os serviços dependentes do Estado norte-americano possam sofrer uma eventual paralisação. Entre eles estão importantes instituições culturais, como Museu Nacional da História da América, que faz parte do Instituto Smithsonian, a National Gallery of Art, o museu de arte contemporânea Hirshhorn, o Museu do Holocausto, o Museu Nacional da História da América, e todas as áreas do Instituto Smithsonian. Poderão fechar temporariamente se o Congresso norte-americano não chegar a um acordo até 1 de Outubro.

O Congresso tem de aprovar um novo Orçamento federal até 30 de Setembro, para a manter a função pública e serviços dependentes do Estado operacionais a partir dessa data. Mas a ala mais conservadora do Partido Republicano na câmara baixa do Congresso, associada ao Tea Party, insistiu em introduzir uma providência que bloqueia a aplicação da lei de acesso universal a cuidados de saúde, a reforma mais emblemática do primeiro mandato presidencial de Barack Obama, como condição para autorizar o novo Orçamento.

Os museus estão já activar planos de contingência para não serem apanhados de surpresa, caso o Orçamento federal não seja aprovado, escrevem o The Art Newspaper e o New York Times, que dá o exemplo do Museu Nacional da História da América: adiou, para já, a recepção de um esqueleto raro e praticamente intacto de um Tyrannosaurus rex (T-Rex), emprestado a um museu de Montana há 50 anos, porque não sabe o que vai acontecer às suas instalações e funcionários.

O próprio jardim zoológico, National Zoo, poderá ter de encerrar e mandar pessoal para casa.

A última vez que os serviços se viram obrigados a fechar portas por motivos semelhantes foi em Dezembro de 1995. Durante 21 dias os serviços pararam.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/cultura/jornal/museus-de-washington-podem-ter-de-encerrar-27156035

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

[Pausa Musical] - Helene Fischer - Russian Medley (Russisches Medley)

O youtube é uma maravilha, o que a gente acha de música lá é algo fora de série. Vou "homenagear" novamente os "revis" na Pausa Musical com músicas que ele certamente irão odiar (rsrsrs).

Essa cantora alemã nasceu na Rússia, mais precisamente na Sibéria (de uma comunidade alemã que vivia por lá e emigrou pra Alemanha na reunificação da mesma ou nos anos oitenta, citando de memória), a cantora se chama Helene Fischer e muito provavelmente por ela falar russo, nos shows dela ela sempre canta um medley com músicas folclóricas da Rússia, várias delas conhecidas. Segue abaixo no vídeo um medley do show de 2011 dela com três músicas, Poluschko Pole/Lutsche Bulo/Dorogoj Dlinnoju. A última das três (Dorogoj Dlinnoju), apesar de assustar ao ler o nome, é bem conhecida no Brasil através de versões e se tornou mundialmente popular com a versão em inglês de Mary Hopkin com o título de Those were the days, no Brasil essa música costumava tocar muito num programa de auditório do SBT. Como curiosidade, Mary Hopkin na época que essa música estourou era um lançamento da Apple (empresa dos Beatles).

Mais um detalhe da terceira música do medley: aparentemente trata-se de uma música cigana russa, ou pelo menos é reclamada como tal, só que tem oficialmente compositor (Boris Fomin) e a letra é um poema de outro autor, por isso que disse (ironizando, pois a maioria deles nem iria saber se não citasse) que os "revis" não iriam gostar, rs.

Sobre a cantora, é uma beleza por completo (em todos os sentidos, se me entendem)... Vão entender o comentário quando assistirem o vídeo, (rs). Muita gente reclama que só passa porcaria (músicas) na TV brasileira (o que é verdade), então reclamem menos (gente pra gostar de "mimimi"), desliguem a TV e vão à caça de bandas/cantores e músicas pela internet.

Helene Fischer - Russisches Medley: Poluschko Pole/Lutsche Bulo/Dorogoj Dlinnoju

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Himmler - O pior homem de Hitler (biografia)

Sempre quando dá, geralmente em posts sobre livros, eu dou umas alfinetadas nas editoras nacionais por não lançarem ou relançarem títulos importantes sobre segunda guerra, embora entenda o motivo pra deixarem isso um pouco de lado: a ênfase do público "leitor" por livros "amenos" e coisas do gênero. Mas quando lançam algo de peso vale sempre ser destacado e elogiado. Traduziram pro português a biografia em alemão do historiador Peter Longerich sobre Himmler.

Abaixo vou colocar o texto que saiu na Isto É (Revista) divulgando o lançamento, embora o livro fora mencionado aqui antes (Biografia exaustiva revela Heinrich Himmler, post de 2008) só que uma matéria apenas sobre o livro e não sobre o lançamento dele em português.

O discurso de Himmler em Posen (ou Poznan), Polônia ocupada, sobre o extermínio de judeus se encontra aqui traduzido:
Discurso de Himmler em Posen sobre o extermínio de judeus (pra ver mais posts clique na tag Discurso de Himmler em Posen)

Links em inglês:
THHP, Nizkor, Holocaust Controversies, áudio com legenda em inglês

O pior homem de Hitler

Biografia revela em detalhes o percurso sanguinário de Heinrich Himmler, idealizador dos campos de concentração nazistas que eliminaram dois terços dos judeus da Europa
Ana Weiss

Confira o trecho de um discurso feito em 1943, na Polônia, em que Himmler fala sobre o massacre dos judeus:

Adolescente mimado, baixinho e com problemas de estômago e relacionamento – que só aumentaram durante sua vida –, Heinrich Himmler sonhava empunhar uma arma no front, o que nunca aconteceu. A biografia do braço mais mortífero de Adolf Hitler, traduzida para o português, mostra que o menino de aparência doentia, o soldado frustrado, o agrônomo subalterno sem capacidade para se tornar independente dos pais foram camadas superficiais sobre o núcleo central da personalidade do organizador do genocídio nazista: o de manipulador das fraquezas humanas.

“Heinrich Himmler – uma Biografia” (Objetiva), escrito por Peter Longerich, professor de história moderna alemã na Universidade Real de Holloway, de Londres, foi considerado pela imprensa alemã e norte-americana a melhor pesquisa sobre uma personalidade da SS, a polícia-sustentáculo do regime de Adolf Hitler. O levantamento do historiador, uma das maiores autoridades em estudos do Holocausto, chega ao País em um volume de 909 páginas, que cerca por ângulos múltiplos a história do nazista de carreira, responsável direto pelo projeto de extermínio em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

No entreguerras, funcionário de uma fábrica de adubos nas redondezas de Munique, Himmler se filiou ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), ou Partido Nazista. O “frágil e apagado” filho de um funcionário público, que era sustentado pelas marmitas enviadas pela mãe, galgou uma carreira meteórica na Schutzstaffel, a SS, segundo o autor, usando de uma técnica simpática aos olhos do Führer: agradar a superiores e aterrorizar a todos que estão embaixo.

CARREIRISMO
Heinrich Himmler, em 1943, dois anos antes de ser capturado (acima), e nos anos 30, em visita a Dachau (abaixo). O modelo de prisão e
extermínio da Alemanha hitlerista lhe valeu acúmulo de cargos

Nomeado interinamente como primeiro superintendente da polícia de Munique, Himmler acelerou sua ascensão dando início às detenções em massa de civis em 1933. Foi um dos pioneiros no uso da custódia preventiva (prisão de pessoas por tempo indeterminado sem nenhum controle judicial). Subiu por isso a assessor político do Ministério do Interior, o que colocava sob a sua alçada toda a polícia política do Estado. Nesse contexto, criou, em uma antiga fábrica de pólvora na cidade de Dachau, o campo de concentração que serviu de modelo de aprisionamento, tortura, humilhação, morte e incineração dos supostos inimigos do regime hitlerista. Em menos de um mês de funcionamento, conta o livro, a palavra Dachau dispensava qualquer apresentação em território alemão.

O sucesso do empreendimento de Himmler levou à criação dos demais campos, que passaram a ocupar também outros países europeus, concentrando atividades que ajudavam-no a ter cada vez mais o Reich em suas mãos: linhas de produção de armamentos, experiências biológicas com cobaias humanas e assassinatos coletivos em câmaras de gás. Até a prerrogativa de espancar e matar prisioneiros serviu de moeda ao líder: ganhavam o direito de bater, violar e matar por decisão própria apenas os que fossem promovidos à alta patente. Subordinados só matariam com autorização superior.

ESPECIALISTA

O livro é a primeira tradução de Peter Longerich no Brasil

Um regulamento disciplinar penal criado por ele pregava que, nos campos, qualquer conduta que fosse interpretada como tentativa de provocação ou rebelião poderia ser punida com a morte. Foram milhões delas – a incineração de cadáveres em escala industrial nunca permitiu a contagem exata das baixas. Segundo o historiador, poucos homens fizeram tanto pela Solução Final – eufemismo hitlerista para a extinção dos judeus – como o soldado frustrado Heinrich Himmler.

Quanto mais temido, mais Himmler subia no pódio nazista. O autor mostra que na procura por assessores e funcionários privilegiava “existências fracassadas”, formando assim um séquito de funcionários gratos e endividados. Um deles foi Theodor Eicke, que o chefe da SS tirou “do ponto mais baixo da sua existência” para ocupar o disputado posto de inspetor dos campos de concentração. Funcionário de patente inferio da SS, Eicke recebeu a proposta de emprego quando cumpria prisão por construir explosivos para uso pessoal no horário de trabalho. Foi necessário um atestado médico comprovando saúde mental para libertar e contratar o novo subordinado. Quem assinou a liberação foi o médico Werner
Heyde, nomeado depois chefe de laudos de descendência genética (atestados da impureza racial de judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais, eslavos e representantes ou simpatizantes dos partidos extintos pelo regime vigente). A promoção seguinte o levou ao posto de líder das mortes por eutanásia. Hitler chamava de eutanásia a “concessão do assassinato por misericórdia diante de doenças incuráveis”. Cabia à SS detectar e diagnosticar tais deformações que “enfraqueciam a raça humana”.

O autor tenta se eximir de conclusões psicológicas sobre o líder. Mas fala de uma moral dupla e volta sempre às técnicas desenvolvidas para a humilhação e o terror, que muitas vezes transcendiam seu projeto profissional. Uma das conclusões de Longerich é que o extermínio nazista era apenas o primeiro passo de Himmler rumo a um derramamento de sangue maior. O projeto foi interrompido em 1945. Capturado pelos aliados com seus assessores, ordenou que todos permanecessem vivos (as altas patentes viviam munidas de cápsulas de cianureto para o suicídio em caso de captura). Apresentou-se ao inimigo como líder, comeu um lanche e então se envenenou, abandonando seus subordinados.

Fonte: Isto É (Revista)
http://www.istoe.com.br/reportagens/325388_O+PIOR+HOMEM+DE+HITLER

domingo, 22 de setembro de 2013

Mulher grega pisando em garota cigana em Atenas - foto se torna viral

por Maria Arkouli em 17 de setembro de 2013, tags: Culture, Media, News, Racism, Society

Músicos de rua na Grécia

Uma fotografia de uma dona de loja feminina pisando uma garota cigana (Roma) música de rua numa passarela de pedestres sob a Acrópole para mandá-la embora virou viral na Internet e forçou as autoridades gregas a investigar o abuso.

O local é frequentado por crianças ciganas (Roma) que são colocadas lá para pedir trocados, tocar música para doações ou venda de flores, atividades que na Grã-Bretanha são encontradas fazendo por até $ 160,00 por criança, tornando-se um negócio muito lucrativo.

A foto foi tirada pelo fotógrafo da Associated Press Dimitris Messinis em um dos mais movimentados pontos turísticos de Atenas, perto da principal estação de metrô e do Novo Museu da Acrópole. Não foi relatado por que a mulher queria a menina fora da área, mas isso aconteceu na frente de muitas testemunhas.

A imagem é chocante: uma mulher está pisando uma menina que toca o acordeão para forçá-la a ir para fora do ponto, talvez porque a menina a "ofendeu" esteticamente.

Depois do alvoroço causado pela publicação da fotografia, do Departamento de Proteção à Criança da Segurança da Ática lançou uma investigação para tentar encontrar a mulher.

Fonte: Greek Reporter
http://greece.greekreporter.com/2013/09/17/woman-kicking-girl-pic-goes-viral/

Comentário: não preciso comentar esta foto, a imagem fala por si. Só fica o aviso aos fascistinhas cagões que vez por outra deixam mensagens racistas com fakes por não terem coragem de assumir o que escrevem (comentários racistas) com o nome, se vierem escrever besteira aqui não terão comentário algum publicado, não baterei boca com lixo covarde e defensor desse tipo de imundície que não assume sequer o que escreve. Sejam ao menos homens pra escrever com o nome as imundícies que defendem (duvido que façam isso).

sábado, 21 de setembro de 2013

Uma matança nazi com 24 vítimas republicanas (França)

A divisão SS Das Reich assassinou em junho de 1944 a 640 habitantes da população francesa de Oradour-sur-Glane (Limousin). Apesar das múltiplas homenagens recebidas pela República francesa nenhuma autoridade espanhola honrou as vítimas republicanas

ALEJANDRO TORRÚS Madrid 15/09/2013 11:08 Atualizado: 15/09/2013 11:18

FORO POR LA MEMORIA DE GUADALAJARA
Em 10 de junho de 1944, a companhia de granadeiros panzer, integrada dentro da divisão SS Das Reich chegaram ao pequeno povoado francês de Oradour-sur-Glane (Limousin). A unidade, que acaba de combater na frente Leste na II Guerra Mundial, tinha que se dirigir agora pro norte do país para lutar nas praias da Normandia. As ordens eram implacáveis. Nada nem ninguém podia se interpôr em seu caminho. Praticamente os 640 habitantes desta pequena localidade da campina francesa foram assassinados. Entre eles, 24 exilados da República espanhola.

"Aquele foi um massacre completamente absurdo. Os "historiadores" negacionistas querem fazer crer que eram represálias em razão dos explosivos, mas foi intimidação pura. Queriam subir rápido para ajudar na batalha da Normandia e no caminho cometeram uma autêntica violação dos direitos humanos", explica ao jornal Público Jean-Louis Schmitt-Perrin, membro do Ateneu Republicano de Limousin.

Concretamente chegaram 287 membros da SS a bordo de seus veículos blindados. Logo após chegarem estabeleceram um cordão ao redor da localidade e se reuniram com o prefeito. O pretexto é que o povo tinha um depósito de armas da resistência francesa e portanto fariam um registro. As mulheres e crianças, em torno de 450, foram trancados na Igreja, e amontoados. Os homens foram divididos em grupos e foram assassinados com armas automáticas. Os cadáveres foram molhados com gasolina e as casas arrasadas com granadas.

"Ao ouvir os disparos os pais de algumas crianças da escola da comarca correram até o povoado para ver o que se passava. Os soldados os deixaram passar e uma vez dentro os assassinaram a todos também. Segundo testemunhos de povoados vizinhos, houve soldados que negaram a entrada aos pais e lhes explicaram que se entrassem iriam morrer", prossegue Schmitt-Perrin

Os ruídos e o cheiro do massacre começaram a chegar à igreja, onde permaneceram as mulheres e as crianças. O pânico proliferou e começaram as tentativas de fuga. Mas ninguém podia escapar com vida. Eram as ordens. Os soldados dispararam através das portas e lançaram várias bombas que terminariam por aniquilar as mulheres e crianças.

"No dia seguinte apareceram corpos de bebês colocados no interior do confessionário, onde suas mães lhes havia tentando esconder de maneira desesperada", explica. Houve mortes por queimaduras, por desmembramento depois da explosão, por asfixia, por esmagadura ou cozidos literalmente.

Sobreviventes

Só duas mulheres conseguiram escapar da fogueira em que se converteu a igreja. Uma delas, a mais jovem das duas, não pode seguir. Teve as pernas quebradas ao cair e foi assassinada ali mesmo pouco depois; a única sobrevivente foi uma mulher mais velha que havia conseguido saltar e escapar antes que os soldados percebessem sua presença.

No resto do povoado, dos mais de 200 homens, somente seis escaparam com vida, todos eles feridos. Caídos ao chão entre os corpos cravados de bala, conseguiram se afastar do aglomerado de vítimas antes de que o fogo acabasse com eles.

Os republicanos espanhóis e a inexistente homenagem

Entre as 640 vítimas da SS, encontravam-se 25 republicanos espanhóis que haviam encontrado refúgio nesta pequena localidade depois da guerra civil espanhola. A maioria estava instalada no povoado desde 1941, mas também havia outros exilados republicanos espanhóis que formavam parte de um Grupo de Trabalhadores Estrangeiros (GTE). "Esses grupos se compunham de refugiados ou deslocados em idade militar, sujeitos às autoridades de ocupação e que prestavam seus serviços como trabalhadores agrícolas ou locais", explica o jornalista Xulio García Bilbao, que visitou Oradour-sur-Glane neste verão.

As vítimas da tragédia de Oradour-sur-Glane foram homenageadas em diversas ocasiões. De fato, o lugar foi declarado lugar de memória pela República francesa e praticamente todos os presidentes franceses, desde De Gaulle a Hollande, visitaram a localidade para prestar homenagem às vítimas do nazismo. E assim, também visitaram o local diversos chefes de Estado da Alemanha.

Contudo, as vítimas espanholas só receberam uma homenagem. A do governo da República espanhola no exílio que em 1945 instalou na zona uma placa com os nomes dos espanhóis falecidos pelas mãos dos nazistas. Nenhum mandatário da Espanha democrática pós-Franco esteve no lugar.

"Para eles a história é muito simples de se interpretar - lamenta Schmitt-Perrin -, o que aconteceu na Espanha compete só à Espanha e o que aconteceu na França é entre franceses e alemães. Para eles, a explicação da história é muito fácil".

As famílias espanholas

O que segue na continuação é uma lista das famílias espanholas que morreram em Oradour-sur-Glane. Esta informação foi facilitada pelo Foro pela Memória de Guadalajara.

A família Gil Espinosa era formada pelo casal, uma parente da esposa e as duas filhas gêmeas de 14 anos. Eram originários de Alcañiz, onde muito possivelmente participaram na coletivização. Seus nomes e idade: Francisco Gil Egea (cerca de 50 anos), sua esposa Francisca Espinosa (49 anos), sua parente Carmen Espinosa Juanos (30 anos), e as filhas Francisca e Pilar Gil Espinosa (14 anos).

A família Lorente Pardo, mãe e dois filhos, procediam de Barcelona e levavam na França desde o êxodo de 1939; a mãe, Antonia, era de Murcia. Seus nomes: Antonia Pardo (29 anos), Nuria Lorente Pardo (9 anos) e Francisco Lorente Pardo (11 anos).

As irmãs Emilia e Angelina Masachs, de 11 e 8 anos, eram de Sabadell e haviam perdido seus pais; encontravam-se recolhidas pelas outras famílias espanholas.

A família Serrano Pardo estava refazendo sua vida na França. O pai, José Serrano Robles (29 anos) era maestro de escola e havia marchado para o exílio com sua esposa María Pardo. Suas três filhas haviam nascido na França; a pequena Armonía Serrano Pardo (nascida em 4/6/41, quer dizer, que tinha apenas 3 anos) e as gêmeas de 1 ano de idade, Esther e Paquita Serrano Pardo.

A família Téllez Domínguez vinha de Barcelona. O pai, Domingo Téllez (45 anos) era de Saragoça e se encontrava em Oradour com sua esposa María Domínguez (31 anos), e seus filhos Miguel (11 anos), Armonía (8 anos) e o pequeno Liberto, de dois anos, nascido em Oradour.

Por último, também se encontrava a espanhola Carmen Silva, de 39 anos, era de Bilbao e estava casada com o francês Robert Pinede.

*FOTOS: FORO PELA MEMORIA DE GUADALAJARA

Fonte: Publico (Espanha)
http://www.publico.es/468291/una-matanza-nazi-con-24-victimas-republicanas
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sugestão de leitura: o crime metódico, de G. Zastavenko

Capa do livro em português.
Imagem colhida na internet.
Há muito tempo que deveria ter feito esse post mas acabava, ou esquecendo, ou deixando pra depois e nunca fazia, que é sobre um livro chamado "O crime metódico", editado/organizado por G. Zastavenko, que saiu no Brasil com tradução de Zeferino Coelho há várias décadas e não foi relançado.

Vou ficar devendo a fonte da informação e a citação é de cabeça, mas aparentemente o livro original é russo, pois há uma versão em russo desse livro (em cirílico, alfabeto russo) e o editor/organizador aparentemente é russo, só que não há muita informação sobre ele. O livro foi provavelmente traduzido do russo pro francês pois sua edição é antiga e em francês e também muito provavelmente depois a tradução brasileira deve ter sido feita em cima dessa edição em francês. O Daniel tem o livro e pode dar mais informações sobre ele.

Para mais informações, o livro está catalogado no Worldcat e no site idreg no link abaixo (mais detalhadamente), segue o título dele em francês:
Le crime méthodique. Documents eclairant la politique de l'Allemagne nazie en territoire sovietique de 1941 a 1944/ [Documents réunis par: G. Zastavenko .... et al.]

E conforme citei acima (li as 'infos' enquanto escrevia o post), o livro é de 1963 (bem antigo) e foi escrito originalmente em russo (informações no link acima).

Livros como esse não são relançados no Brasil enquanto são lançadas porcarias "revisionistas" como o livro do Suvorov (um "revisonista" russo que tenta florear a imagem de Hitler), The Chief Culprit. Este fórum VNN é um fórum neonazi/racista estrangeiro, coloquei o link dele propositalmente pra mostrar como os "revis" adoram este tipo de livro. E pra me antecipar para evitar ler mais cretinice de "revi", um aviso pros mesmos, poupem-me de bla bla bla (retórica) tentando florear o pilantra do Suvorov, esse cara é um picareta e não a toa é ídolo do credo "revi". Mesmo porque vocês não discutem, só fazem pregação e não sou religioso.

Mas deixando esses pontos divergentes de lado, a sugestão é pra quem não tenha ouvido falar no livro ler os trechos do livro colocados no blog do Daniel, Avidanofront, que tem vários posts com trechos importantes do livro que é farto em documentação, clique no link e confira: http://avidanofront.blogspot.com.br/search?q=crime+met%C3%B3dico

A sugestão também vai pros revimanés (vulgo "revis" ou negacionistas), para ao invés de lerem besteira em sites antissemitas/neofascistas que negam o Holocausto (pra reforçar suas crenças paranoides), lerem um livro de verdade sobre segunda guerra.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Manifestações na Grécia em clima de tensão após assassinato neonazista

Publicação: 18/09/2013 14:07 Atualização:

Professores gritam palavras de ordem em Tessalônica,
em um protesto de funcionários públicos gregos.
Foto: Sakis Mitrolidis/AFP Photo    
Cerca de 20.000 funcionários públicos em greve participaram em passeatas nesta quarta-feira em todo o país contra os planos do governo de reestruturar a função pública, em um clima de tensão após o assassinato de um rapper antifascista por um neonazista.

Segundo a polícia, 10.000 pessoas manifestaram em Atenas e 7.000 em Salônica, segunda maior cidade do país.

Na capital, a maioria dos manifestantes eram professores e funcionários da saúde. A passeata aconteceu durante a tarde no centro da cidade.

"Não à destruição do Estado social", gritavam os manifestantes.

Esta greve de 48 horas, que recebeu a adesão de trabalhadores de diferentes setores, teve início na segunda-feira.

O descontentamento social voltou a surgir na Grécia após o anúncio do governo, pressionado pelos credores (UE-BCE-FMI), de que demitirá 4.000 funcionários e colocará outros 25.000 "em disponibilidade" até o final do ano.

"A luta vai continuar para pôr fim à pobreza, a miséria, o desemprego, a austeridade, a chantagem e as demissões no (setor) privado e no público (...) e as políticas bárbaras de austeridade", afirmou a central do setor privado GSEE.

As manifestações acontecem em um clima de tensão após a morte na terça-feira à noite de um homem de 34 anos, militante de uma organização de extrema-esquerda, que foi esfaqueado por um integrante do partido neonazista Amanhecer Dourado.

O suspeito, detido com uma faca, admitiu o homicídio e reconheceu pertencer a um partido político. A polícia informou que se trata do partido neonazista Amanhecer Dourado.

A vítima, Pavlos Fyssas, faleceu no hospital, onde foi internada em estado grave, depois de uma briga por volta da meia-noite no bairro de periferia de Keratsini, ao oeste de Atenas. Ele era rapper e integrava um pequeno partido de extrema-esquerda, Antarsia.

O porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, denunciou o ato, assim como os principais partidos políticos, enquanto o Amanhecer Dourado negou envolvimento no crime e denunciou uma "exploração política" do caso.

"Se o governo grego e o primeiro-ministro Antonis Samaras não forem capazes de reprimir a conduta hedionda do Amanhecer Dourado, teremos uma presidência (da União Europeia) inaceitável", alertou o presidente do grupo socialista no Parlamento Europeu, Hannes Swoboda, evocando a rotação da presidência da UE em janeiro.

"Nós manifestamos em massa contra as políticas de austeridade, mas também devemos enfrentar os fascistas e o Amanhecer Dourado, que são manipulados pelo regime para quebrar toda a resistência dos cidadãos", considerou Panayiotis Mouzios, presidente do sindicado de engenheiros do serviço público.

Várias organizações de defesa dos direitos Humanos, antirracistas e de esquerda convocaram "uma manifestação antifascista" em Keratsini para esta noite

Para esses militantes, a responsabilidade pelo crescimento do Amanhecer Dourado deve-se ao governo do primeiro-ministro conservador Antonis Samaras e "das ações da polícia contra os imigrantes".

Devido às políticas de austeridade e à explosão do desemprego desde o início da crise em 2010, o Amanhecer Dourado, que possui 18 dos 300 assentos no Parlamento, está em ascensão.

Sobre o Amanhecer Dourado pesa a suspeita de ter organizado ataques contra imigrantes, o que o partido nega, e vários de seus deputados são acusados de violência.

Fonte: AFP - Agence France-Presse/Diário de Pernambuco
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/mundo/2013/09/18/interna_mundo,462957/manifestacoes-na-grecia-em-clima-de-tensao-apos-assassinato-neonazista.shtml

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