terça-feira, 19 de outubro de 2010

Divulgado arquivo digital com mais de 20 mil obras roubadas pelos nazis aos judeus

Várias organizações judaicas divulgaram esta segunda-feira um vasto arquivo digital com mais de 20 mil obras de arte confiscadas pelos nazis, incluindo dezenas de peças de Picasso e de Goya, entre outros autores.

Com a elaboração desta base de dados, as organizações judaicas pretendem facilitar o regresso das obras roubadas pelos nazis em França e na Bélgica durante a II Guerra Mundial aos seus proprietários originais.

Este trabalho, que pode ser visitado aqui [http://www.errproject.org/jeudepaume/], foi promovido pelo Museu do Holocausto em Washington e pela Conferência sobre as Reivindicações Materiais dos Judeus contra a Alemanha, com sede em Nova Iorque.

Até agora existiam várias listas, entre elas a dos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos e a dos Arquivos Alemães, mas não havia uma única base de dados com o nome e a descrição dos objetos roubados.

Para este trabalho, as organizações contaram com a ajuda do próprio regime nazi, que deixou como herança uma lista exaustiva das obras roubadas pela Einsatzstab Reichsleiter Rosenberg, a unidade militar do Terceiro Reich dedicada às obras de arte desviadas.

De facto, a identificação das obras foi possível graças aos documentos que os nazis processaram em Jeu de Paume, o edifício localizado nos Jardins de Tuileries, em Paris, onde as obras roubadas eram armazenadas antes de serem vendidas ou divididas entre os altos oficiais do Reich, informam as organizações.

A lista online, que está disponível neste momento, contém obras que foram retiradas aos judeus e inclui peças de Vermeer, Rembrandt e Leonardo. Há ainda registo de mais de 80 obras de Picasso, cerca de 20 de Goya e várias de Miró e de Dalí.

No entanto, as organizações explicam que esta lista inclui apenas uma pequena parte dos cerca de 650 mil trabalhos que foram roubados às famílias, a galerias e a colecionadores judeus aquando da invasão de França.

Muitas das obras foram devolvidas mas "milhares delas continuam desaparecidas".

Em declarações à BBC, o presidente da Conferência, Julius Berman, afirmou que "agora é da responsabilidade dos museus, das galerias e das casas de leilões analisarem as peças que possuem e determinarem se se trata de arte roubada às vítimas do Holocausto".

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Lusa

Fonte: SIC Notícias(Portugal)
http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/divulgado+arquivo+digital+com+mais+de+20+mil+obras+roubadas+pelos+nazis+aos+judeus.htm

domingo, 17 de outubro de 2010

Direita radical e populista cresce na Europa

Apoio a populistas de direita cresce na Europa


Adeptos do partido húngaro
Jobbik, de extrema direita

Partidos de extrema direita vêm ganhando cada vez mais espaço nas eleições regionais e nacionais europeias nos últimos meses. Mas até que ponto os europeus se deixam atrair pelo discurso populista?

Nas eleições deste domingo (11/04) na Hungria, pela primeira vez um partido declaradamente de extrema direita conseguiu entrar no parlamento nacional de um país europeu. Na França, a Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen teve resultados significativos nas eleições regionais.

Na Itália, a populista e xenófoba Liga Norte fortificou sua posição e, na Holanda a popularidade do crítico do Islã Geert Wilders aumenta a cada dia. Até que ponto a população da Europa é vulnerável aos apelos populistas, que apresentam soluções aparentemente simples para problemas complexos?

A Europa cresce unida. O espaço Schengen foi ampliado nos últimos anos, chegando até à Islândia e à fronteira com a Ucrânia, sendo que cada vez mais pessoas cruzam as fronteiras internas do bloco. Muitos se veem hoje tanto como europeus quanto como cidadãos de seus Estados nacionais de origem.

A Frente Nacional, de Le Pen, saiu
vitoriosa das últimas regionais francesas
Mas os partidos xenófobos e de extrema direita estão ganhando popularidade. Nos últimos meses, têm conseguido ganhos espetaculares em vários países da UE. Como é o caso agora da Hungria, onde Viktor Orban, vencedor das eleições e presidente do conservador Fidesz, se serviu durante a campanha tanto de estereótipos xenófobos como de um discurso eurocético; assim como do recém-formado partido de extrema direita Jobbik, que também apresentou ganhos significativos de eleitorado.

Movimentos têm características distintas

Os movimentos populistas de direita europeus têm características distintas, segundo Wolfgang Kapust, especialista em extremismo da rede pública alemã de rádio e TV Westdeutsche Rundfunk.

"Temos populistas de extrema direita na Escandinávia que protestam contra impostos, temos os nacionalistas na Europa Oriental que tentam ganhar novas identidades com a queda do Muro. Temos características muito diferentes, como o líder francês Jean-Marie Le Pen, ou com o movimento na Áustria que era liderado por Jörg Haider", afirma.

Mas populistas de extrema direita têm em comum a capacidade de instrumentalizar a seu favor os medos dos eleitores em tempos de crise, explica, se aproveitando da insatisfação dos cidadãos e oferecendo respostas simples para problemas complexos, como a situação econômica ou o desemprego. "Eles querem se livrar sobretudo dos estrangeiros e dos 'outros'", afirma.

Dificuldade de cooperação

Geert Wilders prega o anti-islamismo e
diz ser contra o antissemitismo
O fato de esses movimentos se caracterizarem sobretudo pela discriminação de tudo aquilo que é estrangeiro faz com que não consigam colaborar com outras forças similares além das fronteiras dos países em que atuam.

Isso fica claro no Parlamento Europeu. "Tanto extremistas de direita quanto populistas de direita têm seus problemas com o conceito de Europa. Eles lutam contra instituições políticas supranacionais como a UE. Querem manter a identidade de seus próprios países. Paradoxalmente, tentaram formar uma bancada própria no Parlamento Europeu, o que não deu certo, porque as diferenças entre eles eram muito grandes" , afirma Kapust.

Muitas vezes, os pequenos partidos de extrema direita permanecem partidos de protesto e não conseguem participar de uma coalizão. Ao mesmo tempo, exercem pressão sobre os partidos conservadores do centro, os quais não querem perder seus eleitores mais de direita.

Isso pôde ser observado também nas eleições regionais de fevereiro na França, nas quais tanto os socialistas como a Frente Nacional conseguiram um forte ganho de votos, às custas dos conservadores, afirma Elisabeth Cadot, especialista em França da Deutsche Welle.

Decepção com Sarkozy deu votos a Le Pen

Na sua opinião de Cadot, as eleições regionais francesas foram uma oportunidade de eleitores conservadores mais à direita mostrarem a Sarkozy que estão decepcionados com sua política.

"Nas últimas eleições presidenciais, Sarkozy havia tirado eleitores da Frente Nacional, e muitos acreditavam que este partido estava chegando ao fim, só porque Le Pen, com 81 anos, já não era mais tão novo. Mas ele enviou com sucesso sua filha para a campanha e os desapontados com Sarkozy votaram novamente na Frente Nacional", completa Cadot.

Enquanto pequenos partidos radicais muitas vezes desaparecem ao serem atingidos por escândalos de corrupção, grandes agremiações populares de direita menos radicais conseguem sobreviver bem aos escândalos e mantêm a popularidade. É o caso do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que não foi mal nas eleições de março, apesar dos muitos escândalos em que está envolvido.

Apesar dos escândalos, Berlusconi
mantém liderança na Itália
"O próprio partido de Berlusconi teve um resultado um pouco fraco, conseguindo entre 20% e 30%, dependendo da região. Os vencedores, entretanto, não foram seus adversários políticos, mas seus aliados, como a Liga Norte", explica Stefan Köppl, especialista em Itália da Academia para Educação Política de Tutzin. "Além do mais, os eleitores de Berlusconi já conhecem seus escândalos e escapadas há mais de 15 anos e já não deixam de votar nele por causa disso", observa.

Partidos anti-islâmicos visam um diferencial

No espectro da direita populista, os movimentos anti-islâmicos, como o do deputado holandês Geert Wilders, têm um certo diferencial. Wilders, por exemplo, se distancia claramente do antissemitismo ou de estereótipos antimodernos, como os normalmente cultivados pelos partidos de extrema direita, e se apresenta como um expoente da defesa da democracia.

Mas Kapust vê um paralelo entre o holandês e seus congêneres. "Essa tendência vista na Holanda está, certamente, em conexão com a proibição dos minaretes na Suíça e com movimentos similares na Alemanha, também caracterizados pelo anti-islamismo. Há uma conexão, eles cooperam entre si. Cientistas políticos já falam em um 'racismo anti-islâmico' que tenta alimentar o medo e construir um adversário ou inimigo palpável", avalia o especialista.

Autor: Fabian Schmidt (md)
Revisão: Rodrigo Rimon

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5455648,00.html

sábado, 16 de outubro de 2010

Estudo aponta que extremismo é gerado mais por questões sociais e menos por ideologia


Extremistas: mais coisas em
comum que coturnos
 Extremistas de todas as colorações – desde os anarquistas munidos de coquetéis molotov, passando por terroristas islâmicos até skinheads neonazistas – têm algo em comum, diz estudo.
Para os jovens radicais, fatores de ordem social são mais determinantes do que convicções políticas: isso é o que afirma o recente estudo "Extremistas sob a Perspectiva Biográfica", idealizado pelo Departamento Federal de Investigações na Alemanha e realizado em cooperação com o Instituto de Pesquisa Social e Consultoria Política (RISP) da Universidade de Duisburg-Essen.

Os pesquisadores responsáveis entrevistaram 39 extremistas políticos entre dezembro de 2004 e dezembro de 2008 e detectaram diversas semelhanças entre suas biografias. A maioria dos entrevistados encontra-se hoje na prisão.

Aparentemente, diz o estudo, as ideologias dos entrevistados não poderiam ser mais díspares. No entanto, a convicção política acaba sendo um fator de segunda ordem no processo de radicalização, analisam os pesquisadores.

Desejo de inclusão

Os jovens, de acordo como o estudo, são mais atraídos pelo sentimento de pertencimento a um grupo do que por pontos de vista políticos, diz Thomas Kliche, pesquisador na área de Psicologia e Política da Universidade de Hamburgo.

"A ideologia ocupa um lugar muito secundário nas biografias desses extremistas. Nessa idade, eles nem ao menos compreenderam o alcance dessas ideias. Eles apenas sentem que o grupo os elogia, dizendo que são bons e fortes", descreve Kliche.

Jovens radicais são detidos com frequência
No entanto, acentua o pesquisador, nem todo jovem é suscetível ao fascínio da identidade grupal. Entre os entrevistados para o estudo do BKA, praticamente todos vinham de famílias com problemas e, por isso, desenvolveram um interesse exacerbado pelo grupo social nos quais circulam.

"Muitos infratores vêm de lares destruídos ou suas famílias não estão em condições de dar a eles o sentimento de segurança, calor humano, a sensação de serem bem-vindos. É aí que entra o grupo na jogada", afirmou o pesquisador à Deutsche Welle.

Extremismo por acaso?

O estudo detectou que muitos dos entrevistados, além de terem famílias com sérios distúrbios emocionais, tentam se integrar à sociedade por outros caminhos. Na maioria dos casos, eles interromperam a vida escolar ou a formação profissional ou foram mal-sucedidos nesses âmbitos, o que faz com que tenham necessidade de compensar suas deficiências.

De acordo com o estudo, a identificação de uma pessoa com uma ideologia extremista em particular depende mais do acaso do que de sua tendência para determinada convicção política. Religião e política são, para os entrevistados, irrelevantes, ao contrário de aspectos sociais como solidariedade ou apoio emocional.

Não raras vezes, a ânsia de pertencimento ou integração a determinado grupo leva à violência e ao abuso de drogas. A maioria dos entrevistados já havia demonstrado comportamento delinquente antes de se aliar à cena radical em questão, levando o autor da pesquisa a concluir que os chamados "crimes politicamente motivados" muitas vezes não têm, de fato, uma motivação ideológica real.

Autora: Sarah Harman/dpa (sv)
Revisão: Simone Lopes

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6046901,00.html

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Justiça condena dois integrantes de quadrilha autodenominada Impacto Hooligan em SP

SÃO PAULO - O juiz Aphael Nardy Lencioni Valdez, da 29ª Vara Criminal, condenou dois homens - Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho e Rodrigo Alcântara de Leonardo, conhecidos como Chuck e Tumba, respectivamente - por formação de quadrilha por liderar o grupo Impacto Hooligan. O grupo foi acusado pelo Ministério Público de ter sido o responsável por jogar uma bomba ao fim da Parada Gay em junho de 2009, que causou ferimentos em cerca de 10 pessoas.

Segundo a sentença, no decorrer do processo não foi possível juntar provas sobre a atuação do grupo no atentado, mas ficou comprovada a existência da quadrilha e a liderança de Carvalho sobre os demais integrantes. Carvalho foi condenado a pena de 2 anos, 4 meses e 24 dias de reclusão. Leonardo, a 2 anos de reclusão. Nos dois casos, a pena deve ser cumprida em regime fechado, sem direito a substituição de pena, mas os dois poderão recorrer em liberdade.

O juiz afirma em sua sentença que "o que se tem provado nos autos é a associação de parte dos réus e de outros indivíduos em quadrilha para o fim de cometer crimes violentos e de intolerância. A existência da quadrilha autodenominada Impacto Hooligan, assim como sua finalidade ilícita, é fato incontroverso e mais do que provado nos autos. Pensar o contrário é ofender o bom senso".

"O grupo Impacto Hooligan, além de praticar crimes violentos e contra a honra de terceiros, o fazia por motivação odiosa e preconceituosa, elegendo as vítimas entre minorias e homossexuais, apenas e tão somente pelo fato de pertencerem a tais minorias ou exercerem referida orientação sexual. Os membros do bando, jovens de classe média, oriundos de famílias constituídas e que cursavam boas escolas e faculdades, seguiam orientação neonazista e xenófoba que disseminava o preconceito, o ódio, a intolerância e a violência", diz a sentença.

O juiz lembra que documentos comprovaram a existência da quadrilha, cujas regras são "respeitar a hierarquia, comparecer às reuniões, honrar o nome da Impacto Hooligan, ajudar e respeitar os membros da IH, lutar contra o inimigo, ser leal à ideologia, cobrar tretas suas e de membros do IH, não trair o movimento, não ter dó de inimigos, não ficar bêbado em dias de role agressivo, levar o nome da Impacto Hooligan adiante, nunca baixar a cabeça para os inimigos, conhecer símbolos e siglas, em hipótese alguma trair membros da IH, mesmo em minoria, ir aos combates."

Preso por um crime violento, Carvalho escreveu bilhete ao comparsa: "O os rolês muleque? Ta fiel ao IMPACTO né? Porque aqui é 98 até a morte, não é porque eu fui preso que tudo ou eu irei parar ou largar a banca. Eu to montando a banca até aqui na cadeia, juro pra você, HAHAHA!. No parágrafo seguinte, acrescenta "seja leal a banca e ao nosso ideal 88". Por fim, termina assinando: CHUCK 98, IMPACTO H88LIGAN e uma suástica nazista.

De acordo com a sentença, conforme demonstrado nos autos de inquérito e confirmado pelos adolescentes membros da quadrilha, os números se referem a localização da primeira letra das palavras no alfabeto. Especificamente, 88 refere-se a HH, que por sua vez indica a saudação nazista "Heil Hitler", enquanto 98 se refere a IH, que tem o significado óbvio de Impacto Hooligan.

"Os fartos elementos colhidos, especialmente no inquérito policial, demonstram não apenas a existência do grupo, mas sua estabilidade, organização e finalidade criminosa", diz o juiz.

Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2010/09/21/justica-condena-dois-integrantes-de-quadrilha-autodenominada-impacto-hooligan-em-sp-921037501.asp

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"A film unfinished": ficção nazi mostra a "boa vida" no gueto de Varsóvia

Ficção nazi para mostrar a "boa vida" dos judeus

"A film unfinished", um novo documentário sobre o Holocausto, mostra imagens gravadas pelos nazis em Varsóvia em 1942 
NOELIA SASTRE / Madrid
Dia 23/09/2010

É um novo documentário sobre o Holocausto. Suas imagens foram descobertas num arquivo da Alemanha oriental depois da Segunda Guerra Mundial e agora se exibe, em crudo, toda a filmagem. São 60 minutos que servem de puro testamento para os sobreviventes, gravado pelos nazis em Varsóvia em maio de 1942 e etiquetado simplesmente com a palavra "gueto".

Clique no link pra ver o trailer do filme(na página original)

Oscilloscope Laboratories
As imagens mostram as diferenças entre os judeus ricos e sua indefirenças com os pobres
Este filme se converteu em seguida numa importante fonte documental para historiadores que buscavam autênticas imagens do gueto da capital polonesa. Mas ao posterior descobrimento de um rolo maior previamente perdido sobrou-lhe pouca importância. Agora "A film unfinished" (Um filme inacabado) apresenta todas as imagens, incluídas as sequências de ficção - como uma cena com sua posterior festa - que mostravam a "boa vida" dos judeus na cidade. Uma prova a mais da célebre e cruel propaganda nazista.

No documentário aparece um garotinho encolhido na calçada, pedindo. As pessoas passam a seu lado sem olhá-lo. Mensagem para a audiência? Fabricar a imagem de indiferença que os judeus sentiam ante outros judeus. Uma corrupta coreografía que os nazis exploraram até o limite, mostrando a vida dos judeus amontoados nos guetos.

Dirigido pela israelense Yael Hersonski, a fita também recolhe o testemunho de vários sobreviventes do gueto de Varsóvia que hoje, 70 anos depois, repassam com horror a interpretação nazi de suas vidas. E as palavras de um câmara que presenciou a "maquiagem" da fita.

"É surpreendente ver como muda o sentido das imagens em cada contexto", disse a diretora sobre seu primeiro filme, que expõe como o regime de Hitler converteu em propaganda o inferno que ele mesmo criou.

Nesta hora gravada em 1942 no gueto de Varsóvia, para onde enviaram 400.000 judeus da Polônia ocupada e de outras partes da Europa, os nazis pretendiam mostrar um choque de culturas, idiomas e classes sociais: desde as ruas à vida nos hogares ou a circuncisão de um bebê. O que não acrescentaram foram o som e nem créditos.

"A film unfinished", em cinemas norte-americanos desde agosto, documenta os horrores do nazismo e expõe os esforços da equipe de Hitler para alcançar seus objetivos.

Fonte: ABC
http://www.abc.es/20100923/internacional/film-nazis-201009231136.html
Tradução: Roberto Lucena

Trailer


Ver mais:
Israeli filmmaker offers a coda to story of Warsaw ghetto
'A Film Unfinished': Holocaust documentary 'finishes' incomplete Nazi propaganda film

Tea Party - Candidato republicano aparece em foto com uniforme nazista

WASHINGTON — Um candidato republicano por Ohio (norte dos EUA) ao Congresso americano foi fotografado com um uniforme de uma unidade de combate Waffen SS alemã, que afirmou ter vestido para participar em uma representação da Segunda Guerra Mundial, informa a revista The Atlantic.

Rich Lott, candidato do grupo conservador 'Tea Party', negou ser simpático ao nazismo e afirmou que as representações históricas são um hobby praticado por milhões de pessoas em todo o mundo.

Ele disse que é fã das representações desde o período de estudante.

Segundo a The Atlantic, Lott é membro de um grupo chamado Wiking, que se dedica a representar as ações de uma divisão nazista, a 5ª Divisão SS Panzer Wiking, que durante a Segunda Guerra Mundial combateu principalmente na frente Leste.

"Tenho um imenso respeito pelos veteranos que defenderam nosso país, particularmente os que combateram para libertar o mundo da tirania e das agressões do nazismo", disse Iott.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5juJQWLbzvSDbaapTz69g-I6trQGA?docId=CNG.a1a0a0ee4dcca98f0e754c31ac8af4f0.531

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Morre "revisionista" S.E. Castan

Sem sair notícia em nenhum site de jornal pra confirmar, a notícia da morte de S.E. Castan, primeiro "revisionista" no Brasil e criador da Editora Revisão que distribuia esse literatura antissemita e negacionista, a notícia foi dada em sites "revisionistas"(negacionistas) do Holocausto ou na rede social do Google apinhada deles de nome Orkut, entre os dias 3 e 4 de outubro.

Sobre Castan, ver S.E. Castan e a Guerra de Inverno na Finlândia, Livro alerta sobre negacionismo do Holocausto e Castan, atentado em Sarajevo, Gravilo Princip e as velhas distorções "revisionistas".

É estranho que não noticiem sobre a morte porque a pessoa mencionada, à parte e repulsa do que pregava, ficou notório por conta da criação dessa Editora Revisão que foi quem começou a distribuição em maior escala de material negacionista no Brasil, e porque mesmo na morte de fascistas mais conhecidos fora do país, saem notícias sobre o ocorrido como no caso da morte do Haider na Áustria. Ler mais aqui, aqui, aqui e aqui.

Enfim, fica aí o registro da notícia já que o blog trata do assunto refutando as baboseiras antissemitas que os "revis" publicam e também postando textos sobre o Holocausto.

sábado, 2 de outubro de 2010

Unidade 731 - a guerra biológica na China

O texto abaixo foi copiado do verbete da Wikipedia em português, Unidade 731, apenas pra fazer uma introdução de duas partes de um documentário que serão colocadas abaixo do texto sobre ação dessa unidade na China no período da Segunda Guerra Mundial.

Unidade 731 - foi uma unidade secreta de pesquisa e desenvolvimento da guerra biológica do exército imperial japonês que utilizou seres humanos em experiências secretas durante a Segunda Guerra Mundial e Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), tendo sido responsável por alguns dos crimes de guerra na China e outros países da Ásia, numas das maiores atrocidades realizadas pelo exército imperial japonês.

Suas atividades permaneceram em segredo sob o conhecimento do governo japonês e governo norte-americano, vindo a tona a verdade em 1989 com o descobrimento de cadáveres no subsolo da cidade de Tóquio por operários.

Corpos eliminados pela Unidade 731

Sendo impossível ocultar por mais tempo a verdade, muitos fatos foram levados ao público e vítimas deixam o estado de silêncio e deram seus depoimentos sobre a unidade 731, muitas das quais são soldados norte-americanos que foram cobaias em experiências sob o comando general Shiro Ishii.

Reconhecida oficialmente pelo exército imperial japonês como o laboratório de pesquisa como o Kempeitai departamento de políticas e laboratório de prevenção a epidemias, foi ajustada às políticas, ideologias e seções da kempeitai policia militar da pré-guerra japonesa no Pacífico. Significou se opôr a ideologia e influência política dos inimigos, e reforçar a ideologia de unidades militares.

Ver também: Men behind the Sun
Unit 731

Aviso: o documentário Japan's Dirty Secret (O Segredo Sujo do Japão), que não sei se é um documentário inteiro ou parte de um documentário maior, está dividido em duas partes. A narrativa é bastante pesada e, praquelas pessoas mais 'sensíveis', é recomendável cautela se forem assistir o documentário.

Japan's Dirty Secret(O segredo sujo do Japão) - parte 1


Japan's Dirty Secret(O segredo sujo do Japão) - parte 2

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Holocausto cigano: ontem e hoje

Familia Aristich-Marcovich, Chile 1918
Em 1496: auge do pensamento “humanista”. Os povos rom (ciganos) da Alemanha, são declarados “traidores dos países cristãos, espiões a soldo dos turcos, portadores da peste, bruxos, bandidos e sequestradores de crianças”.

1710: século “das luzes e da razão”. Um edito ordena que os ciganos adultos de Praga sejam enforcados sem julgamento. Os jovens e as mulheres são mutilados. Na Bohemia, que lhes sejam cortada a orelha esquerda. Na Morávia, a orelha direita.

1899: clímax “da modernidade e do progresso”. A polícia da Baviera cria a Seção Especial de “assuntos ciganos”. Em 1929, a seção foi elevada à categoria de Central Nacional, e trasladada para Munique. Em 1937, se instala em Berlim. Quatro anos depois, meio milhão de ciganos morrem nos campos de concentração da Europa central e do leste.

2010: fim das “metanarrativas” e das “ideologias” (sic). Na Itália, (onde nasceu a “razão do Estado”), e na França (sede mundial da reunião intelectual), os gabinetes em exercício de ambos os governos (com forte apoio popular, ou seja, “democráticos”), ficham e deportam milhares de ciganos para a Bulgária e Romênia.

A tragédia dos Roma começou nos Balcãs. Qual drama europeu não começou nos Balcãs? Em meados do século XV, o príncipe Vlad Dracul (o Demônio, um dos heróis nacionais na resistência contra os turcos), regressou de uma batalha devedora na Bulgária com 12 mil escravos ciganos. Por certo... não era cigano o misterioso cocheiro do conde Drácula?

O doutor Hans Globke, um dos redatores das leis de Nuremberg sobre a classificação da população alemã (1935), declarou: os ciganos são de sangue estrangeiro. Estrangeiros de onde? Sem poder negar que “cientificamente” eram de origem ária, o professor Hans F. Guenther os classificou numa categoria à parte: Rassengemische (mistura indeterminada).

Em sua tese de doutorado, Eva Justin (assistente do doutor Robert Ritter, da seção de investigações raciais do Ministério da Saúde alemã), afirmava que o sangue cigano “era enormemente perigoso para a pureza da raça alemã”. E um tal doutor Portschy enviou um memorando a Hitler sugerindo-lhe que eles sejam submetidos a trabalhos forçados e a esterilização em massa, porque punham em perigo “o sangue puro do campesinato alemão”.

Qualificados como “criminosos inveterados”, os ciganos começaram a ser determinados em massa, e a partir de 1938 os internaram em blocos especiais nos campos de Buchenwald, Mauthausen, Gusen, Dautmergen, Natzweiler e Flossenburg.

Num campo em sua propriedade de Ravensbruck, Heinrich Himmler, chefe da Gestapo (SS), criou um espaço para sacrificar as mulheres ciganas que eram submetidas a experimentos médicos. Esterilizaram 120 crianças ciganas. No hospital Dusseldorf-Lierenfeld esterilizou-se as ciganas casadas com não ciganos.

Mais milhares de ciganos foram deportados da Bélgica, Holanda e França ao campo polonês de Auschwitz. Em suas Memórias, Rudolf Hoess (comandante de Auschwitz), conta que entre os deportados ciganos havia velhos quase centenários, mulheres grávidas e um grande número de crianças.

No gueto de Lödz (Polônia), as condições ficaram tão extremas, que nenhum dos 5 mil ciganos sobreviveu. Trinta mil mais morreram nos campos poloneses de Belzec, Treblinka, Sobibor e Majdanek.

Durante a invasão alemã à União Soviética (Ucrânia, Crimeia e os países bálticos) os nazis fuzilaram em Simferopol (Ucrânia) 800 homens, mulheres e crianças na noite de Natal de 1941. Na Iugoslávia, executava-se por igual a ciganos e judeus no bosque de Jajnice. Os campesinos recordam todavia dos gritos das crianças levadas aos lugares de execução.

Segundo consta nos arquivos dos Einsatzgruppen (patrulhas móveis de extermínio do exército alemão), haviam sido assassinados 300 mil ciganos na URSS, e a 28 mil na Iugoslávia. O historiador austríaco Raul Hilberg, estima que antes da guerra viviam na Alemanha cerca de 34 mil ciganos. Ignora-se o número de sobreviventes.

Nos campos de extermínio, só o amor dos ciganos pela música foi às vezes um consolo. Em Auschwitz, famintos e cheios de piolhos, juntavam-se para tocar e alentavam as crianças para dançar. Mas também era legendária a coragem dos guerrilheiros ciganos que militavam na resistência polonesa na região de Nieswiez.

“Também eu tinha / uma grande família / foi assassinada pela Legião Negra / homens e mulheres foram esquartejados / entre eles também pequenas crianças” [versos do hino Roma, Gelem, gelem (Caminhei, caminhei)].

As exigências de assimilação, expulsão ou eliminação (não necessariamente nessa ordem) justificariam a afeição dos povos Roma pelos talismãs. Os ciganos levam três nomes: um para os documentos de identidade do país onde vivem; outro para a comunidade, e um terceiro que a mãe canta durante meses ao ouvido do recém-nascido.

Esse nome, secreto, servirá como talismã para protegê-lo contra todo o mal.

DEPOIS DA GUERRA

Depois da guerra, os países aliados dissolveram o Estado nazi alemão e suas lideranças foram julgadas por crimes contra a humanidade (Nuremberg, 1945-1946). Em inícios de 1950, quando começou a negociação das indenizações pelo Holocausto, o novo Estado alemão estimou que só os judeus tinham direito a elas.

Sem organizações políticas que os defendessem, os povos Roma(ciganos) foram ignorados e excluídos. O governo democrata-cristão de Konrad Adenauer afirmou que as medidas de extermínio tomadas contra os ciganos antes de 1943, eram “políticas legítimas do Estado”. Mas os sobreviventes a este ano tampouco cobraram um centavo.

A polícia criminal da Bavária ficou como responsável dos arquivos do doutor Robert Ritter, o especialista nazi sobre os Roma que não foi condenado. Ritter retornou à atividade acadêmica e em 1951 se suicidou. Recentemente em 1982, o chanceler social-cristão Helmut Kohl reconheceu o genocídio dos Roma. Em tempo: a maioria que houvera tido direito à restituição já havia morrido.

Contudo, a ira da Suíça contra os yenishes (assim chamam os ciganos no país de Heidi) foi mais... discreto? Durante cerca de meio século (desde 1926), com ajuda da polícia e do clero, a Obra de Assistência às Crianças de Rua, da muito respeitável Fundação Pró-Juventude, arrancou de suas famílias mais de 600 crianças ciganas.

O doutor Alfred Siegfried (1890-1972), diretor e fundador da obra, foi um psicopata ferozmente decidido a “vencer o mal do nomadismo”. Num informe sobre suas atividades (1964), Siegfred afirmou que “...o nomadismo, como algumas enfermidades perigosas, é transmitido principalmente pelas mulheres... todos os ciganos são maus, mentem, roubam...”.

O financiamento oficial se manteve até 1967, e em 1973 a “obra” se dissolveu. Mas, de acordo com uma lei de 1987, tudo o que foi relativo a seus experimentos médicos com crianças ciganas poderia ser revisado dentro de... cem anos. Em 1996, a Confederação Helvética(Suíça) reconheceu sua responsabilidade moral, política e financeira acerca da Pró-Juventude encarregada de “proteger as crianças ameaçadas de abandono e vagabundagem”.

Mais de três quartos da população mundial de ciganos (12 a 14 milhões), vive nos países da Europa central e do leste. Mas só na Iugoslávia de Tito os Roma conseguiram ser reconhecidos como uma minoria com os mesmos direitos de croatas, albaneses e macedônios. Não obstante, depois do “reordenamento balcânico” que teve lugar no decênio de 1990, dez mil ciganos bósnios se refugiaram em Berlim.

Na Romênia os ciganos tiveram que sobreviver à ditadura de Ceausescu. O “socialismo real” reforçou os tenebrosos orfanatos que funcionavam desde a época da monarquia, e neles colocou a milhares de crianças Roma. Ceausescu caiu e o “livre mercado” foi mais duro ainda. As tendas de alguns ciganos, que tiveram sucessos econômicos com a liberalização da economia, foram saqueadas.

A deportação em massa de ciganos para Romênia e Bulgária, ordenada pelo governo do presidente francês, Nicolas Sarkozy, resulta particularmente perversa. Segundo país mais pobre da União Europeia, a população da Romênia é sumamente hostil aos 2 milhões de ciganos que ali vivem, e além disso mais de um governo que para cumprir com o FMI acaba de baixar 25 por cento o salário dos funcionários e subir o IVA a 24 por cento.

Em dias passados, o presidente romeno, Traian Basescu, chamou de “cigana asquerosa” a uma jornalista e o chanceler Teodor Baconschi declarou em fevereiro que “…algumas comunidades romenas têm problemas psicológicos (sic) relacionados com a delinquência, especialmente as comunidades ciganas”.

A situação dos ciganos na antiga Tchecoslováquia não levou à fúria como a romena. Até o momento da participação (1992), eram cidadãos. Depois, nem tchecos nem eslovacos os reconheceram como tais, apesar de haver vivido durante gerações no país.

Em julho de 1998, um cigano foi atacado e apunhalado por um skinhead(neonazi) em Pisek, pequena cidade ao sul da Boêmia checa. Pisek está situada a poucos quilômetros do campo de concentração de Lety, estabelecido pelos checos e só para ciganos, em tempos da ocupação alemã. E de Lety, eles eram enviados aos campos nazis de extermínio.

Por sua parte, os vizinhos da cidade eslovaca de Michalovce acabam de concluir um muro de 500 metros para evitar a passagem dos ciganos que habitam uma aldeia próxima. A obra recebeu o apoio das autoridades. Em finais de 2009, obras similares isolaram os ciganos nas cidades de Ostrovany, Secovec, Lomnicka e Trebisov.

E desta maneira o holocausto silencioso e consentido pelos cruzados da União Europeia, os meios de comunicação da “aldeia global” conseguem o que queriam. No 30 de agosto passado, a CNN informou de um assassino que matou oito pessoas, ferindo a mais 14 na Bratislava, capital de Eslováquia. Em parte alguma da notícia a CNN esclareceu que todas as vítimas eram ciganos.

Da civilização versus a barbárie, a barbárie da civilização.
Por José Steinsleger
Jornalista argentino-mexicano, colunista de La Jornada
Fonte: http://www.surysur.net/

Fotografia: Familia Aristich-Marcovich ao chegar ao Chile em 1918.
Mais informação sobre ciganos no Chile:
Ciganos: 1.000 anos de viagens no corpo
http://www.gitanoschile.cl/
gitanosdechile.blogspot.com
Ciganos do Chile

Fonte: La Jornada/El Ciudadano
http://www.elciudadano.cl/2010/09/09/el-holocausto-gitano-ayer-y-hoy/
Tradução: Roberto Lucena

Observação: quando fui traduzir o texto notei que já havia algumas traduções de parte do texto publicadas pela rede. Achei-as quando procurei pela tradução correta dos nomes de lugares que aparecem no texto(como "Simferopol"), por isso que esta tradução não é uma cópia de outras. Todas as traduções colocadas no blog, traduzidas pelos postantes, não são cópias. Sempre que houver ou há uma cópia de algum texto ou tradução será citada a fonte de origem, sendo que esta tradução é do texto completo. Eu o havia guardado pra traduzir depois e acabou não dando pra postar rápido, por isso que só o estou publicando agora.

Texto revisado em: 09.04.2014

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

David Irving - Visita de negacionista pró-nazi à Polônia gera polêmica

Visita de "historiador" à Polônia que nega holocausto gera polêmica

Varsóvia, 21 set (EFE).- A presença na Polônia do polêmico "historiador" britânico David Irving, conhecido por negar o Holocausto, como guia de um grupo de turistas por locais emblemáticos da Segunda Guerra Mundial, foi classificada de "escandalosa" por várias organizações locais.

De hoje até o fim do mês, Irving acompanhará vários "amantes da história" britânicos e americanos em uma viagem com visitas previstas ao campo de concentração nazista de Treblinka, os restos do Gueto judeu de Varsóvia e a antiga prisão alemã de Pawiak.

Meios locais confirmam nesta terça que Irving chegou ontem à Polônia, embora não se saiba onde ele está e o número de turistas a quem contará sua visão particular do Holocausto, mas se sabe que cada um pagou cerca de 2 mil euros pelos seus serviços.

A visita de Irving não agrada ao país. ONGs já pediram às autoridades que impeçam sua permanência porque consideram "um insulto às vítimas da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto".

Estima-se que 6 milhões de poloneses morreram no conflito armado. Em 2006, Irving foi detido na Áustria e condenado por fazer apologia ao nazismo em discurso de 1989.

O britânico é autor de mais de 30 livros sobre o Terceiro Reich e é conhecido por suas teorias nas quais questiona a veracidade do Holocausto.

Fonte: EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5iSLlHR_gVYCgjwPBUepJ7tjzJIuQ

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A fuga dos alemães(Die Flucht der Deutschen) - Der Spiegel(2002)

Die Flucht der Deutschen(A fuga dos alemães) - Matéria da Der Spiegel

Artigo publicado numa edição especial da revista Der Spiegel(2002), sobre a fuga e expulsão dos alemães étnicos, no final da II Guerra Mundial.

"Pai, atire em mim"

Milhões de pessoas - mulheres, crianças, velhos - fugiram do Exército Vermelho nos últimos meses da guerra. Para centenas de milhares, a jornada terminou em inferno - elas se afogaram, foram fuziladas ou estupradas.

Em Nemmersdorf, não há ninguém vivo que ainda se lembre. O lugar chama-se agora Majakovskoje, agora são russos que estão morando em pequenas casas com telhados cinzentos. Da ponte sobre o rio Angerapp, restam somente algumas pedras e um dos pilares.

Aqueles que puderam fugiram a tempo naquela hora - ou pelo menos depois.

Depois? Sequer houve um depois?

Em 21 de outubro de 1944, quando uma unidade avançada do Exército Vermelho tropeçou sobre o vilarejo prussiano-oriental de Nemmersdorf, a história terminou para milhões de alemães. O massacre de Nemmersdorf foi a premonição para fuga e expulsão, que levou tudo a se despedaçar em ódio, fome, humilhação, e medo. Centenas de milhares, talvez até mesmo dois milhões, não sobreviveram à catástrofe.

Quando, em 21 de outubro, a névoa da manhã ainda pairava sobre a paisagem prussiana-oriental, os tanques soviéticos do 2º batalhão da 25ª brigada de tanques percorria o beco Gumbinnen. Os homens exaustos do Exército Vermelho haviam lutado por dias a fim. A Wehrmacht estava defendendo obstinadamente as fronteiras orientais do Reich.

Por mais de três anos, o Landser havia conduzido a guerra de Hitler à aniquilação em solo polonês, russo, ucraniano e letão - e foi devolvido. Agora as tropas de Stalin, pela primeira vez, entravam em áreas de assentamento alemão. Em Nemmersdorf, à frente dos tanques soviéticos no pequeno dique que levava à ponte através do Angerapp, havia carroças lotadas de famílias camponesas que haviam fugido das fazendas e comunidades vizinhas. O caminho a oeste levava ao outro lado do rio. Quando viu a ponte, o comandante mandou correr à toda velocidade. Às 7:30, elas havia sido tomada, com os tanques deixando para trás, sobre o dique, um emaranhado de cadáveres de cavalos, a madeira das carroças e, provavelmente, corpos humanos.

Gerda Meczulat vivia do outro lado do rio. Seu pai, Eduard, 71 anos, havia decidido não fugir. Os Meczulats não tinham uma carroça. Juntamente com outros aldeões, eles buscaram abrigo num porão. O que aconteceu lá não foi totalmente esclarecido até hoje. Gerda Meczulat depois relatou que os primeiros russos entraram no porão no início da manhã. Eles vasculharam a bagagem de mão, mas foram inesperadamente amistosos. Um deles até brincou com as crianças. Mas à tarde, um oficial apareceu e, em tom áspero, ordenou que os alemães saíssem.
"Quando nós saímos, havia soldados em ambos os lados da saída, com rifles prontos para atirar. Eu desmoronei, porque tenho pólio, fui erguida e não senti mais nada em toda a confusão. Quando recuperei meus sentidos, ouvi crianças chorando e rifles atirando. Então houve silêncio."
Gerda Meczulat sobreviveu gravemente ferida, porque o soldado que queria atirar nela mirou sem precisão. Ela foi a única sobrevivente.

Quando os homens da Wehrmacht tomaram de volta a comunidade de 637 almas no dia seguinte, eles encontraram no mínimo duas dúzias de cadáveres de mulheres, crianças e velhos. Soldados do Exército Vermelho os haviam fuzilado ou lhes golpeado as cabeças.

Quantas mulheres foram estupradas? É verdade que pessoas foram pregadas nuas numa porta de celeiro? Ou isso foi apenas a propaganda do Dr. Goebbels, que rapidamente exagerou o massacre como prova de que os soviéticos eram "bestas selvagens"?

Sobre os detalhes dos horríveis eventos em Nemmersdorf, historiadores e políticos expulsos estão discutindo até hoje, freqüentemente com ódio. Negadores? Revanchistas? Nemmersdorf tornou-se um símbolo do sofrimento alemão.

Uma coisa é certa: Em 21 de outubro de 1944, no quarto ano da guerra contra a União Soviética, Nemmersdorf mostrou que o povo de perpetradores havia se tornado um povo de vítimas.

Mas neste momento da história alemã, a catástrofe ainda poderia ter sido evitada. Pânico em massa, marchas da morte, bebês congelados, centenas de milhares de mulheres estupradas, mais de 33.000 pessoas afogadas no Báltico - todo esse horror caiu sobre a população somente porque Adolf Hitler e seus inescrupulosos senhores da guerra e gauleiters ainda falavam cegamente sobre a vitória final.

Defendendo cada metro quadrado do solo no leste até o último momento: esta frase tornou-se realidade, do modo mais terrível. O que teria sido, se ...? 2,5 milhões de alemães viviam na Prússia Oriental, 1,9 milhões na Pomerânia Oriental, 4,7 milhões na Silésia. Haveria muitas semanas, tempo para trazê-los em segurança, antes da chegada daquele inverno assassino que tornou-se tão frio que refugiados exaustos simplesmente congelavam em blocos à beira da estrada.

Mas na Alemanha de Hitler, era proibido fugir naquele outubro dourado de 1944. Num seminário do Gauleiter em Posen, Himmler havia anunciado que uma expansão do império alemão para o Leste estava obviamente prestes a acontecer. "Com certeza, nós aqui estamos criando as plantações de sangue germânico no Leste." Que imagem.

Assim, para o Gauleiter da Prússia Oriental, Erich Koch, certamente as preparações para fuga só poderiam ser um tipo infame de sabotagem. Servidores públicos e prefeitos da Gau receberam instruções para relatar qualquer um que planejasse qualquer coisa nesse sentido.

E havia a esperança, contra toda a razão, de que não ficaria tudo tão ruim. Nemersdorf, afinal, havia sido retomada. Os ataques aéreos de lá dificilmente tinham ocorrido aqui no leste - e não era aquele um outono de esplêndida beleza?

"A luz tão forte, o céu tão alto, a distância tão poderosa", assim o médico Hans Graf von Lehndorff descreveu em suas anotações daquele outubro o sentimento em seu lar, a terra do âmbar.

E apesar disso, todos sabiam que tudo estava acabado. Nunca mais eles veriam as cegonhas que nestes dias fugiam da Prússia Oriental na direção Sul.

Premonição de uma catástrofe: animais sem dono cruzavam os pastos, vindo de fazendas distantes do leste que já haviam sido abandonadas pelos seus proprietários. Nos campos em Preußisch Holland, havia estranhas construções sob uma camuflagem improvisada de tenda.

Aqui estavam as terras da jovem Marion Countess Döhnhoff, que secretamente tinha carroças de cavalo equipadas para fugir para o oeste. No escritório do Dr. Wander, prefeito de Insterburg, as cartas da entidade superior em Königsberg se amontoavam: "ultra-secreto" e "a ser colocado num cofre". Somente quando a senha "borboleta limão" fosse emitida, essas cartas deveriam ser entregues para os artesãos e representantes da economia de Insterburg: elas continham as instruções para enviar máquinas e suprimentos - mas não pessoas - para o oeste.

Quando, no dia seguinte aos eventos em Nemmersdorf, o prefeito pediu à liderança da Gau em Königsberg que enviasse trens de transporte para os refugiados do leste que já estavam superlotando a estação, perguntaram-lhe, em zombaria, se ele estava com febre. A sensação incômoda, mesmo durante a decoração da árvore de natal, de que a vida estava chegando ao fim e de que tudo viria abaixo, começou a se mostrar verdadeira logo em seguida: em 12 de janeiro de 1945, os tanques russos entraram na Prússia Oriental, e não havia nada para impedi-los. Não havia mais tempo para "borboleta limão" - agora as pessoas estavam fugindo para o oeste em pânico. Os trens que deixavam a estação de Königsberg estavam sobrecarregados já no primeiro dia.

Eram na maior parte as mulheres e crianças que deixavam suas casas e fazendas apressadamente. Os homens estavam ou servindo no front, ou eram considerados, sob a supervisão do NSDAP, como indispensáveis para a "Volkssturm", o último contingente de defesa. Três dias depois, quase nada funcionava. As ruas cobertas de neve estavam abarrotadas de refugiados em fuga, uma linha comprida de carroças de tenda puxadas por cavalos ou por pessoas, e pessoas com roupas grossas que haviam partido de suas casas com seus pertences mais importantes, alguns sacos e baldes cheios de comida.

Tudo o que eles possuíam tinha ficado para trás, as casas destrancadas, o gado desamarrado. E qualquer coisa pequena que trouxeram, eles também perderam na hora.

Sem chance de alcancar. As colunas se arrastavam lentamente, os cavalos escorregavam nas ruas congeladas. Esperando por horas a fio em entroncamentos ferroviários, onde transportes militares - vindos do front, indo para o front? - barravam seu caminho. Esperando em pé por horas a fio na noite gelada. Atrás das carroças, os velhos, envoltos em cobertas, haviam morrido de frio já durante as primeiras noites. O objetivo: os cruzamentos do Vistula em Marienburg e Dirschau. Porque, até o Vistula, com uma forte esperança, os russos não iriam.

O medo dos conquistadores espalhou-se pelas colinas com o vento frio do nordeste, da Prússia Oriental até a Silésia. A leste do rio Oder, trens especiais estavam trazendo massas de pessoas para a aparentemente protegida cidade de Breslau. O último transporte ocorreu em 18 de janeiro, e a partir daí as pessoas tiveram que ir a pé até lá também.

18 de janeiro: neste dia, tanques russos já estavam rodando pelo Warthegau, antiga Polônia, recentemente anexada à Alemanha. Na noite seguinte, um trem com mulheres e crianças partiu no sentido oeste a partir de Posen, mas como a evacuação começara muito tarde, os refugiados agora estavam caminhando sobre seus pés congelados. As trilhas estavam em pé na rua, com os refugiados ouvindo receosamente o ruído típico de trilhas de tanques - dos tanques russos.

Com a neve até a altura da barriga de seus cavalos, algumas famílias tentavam sair da fila atravessando os campos. Eles ficaram paralisados, tentando sobreviver à noite num celeiro, mas logo as fraldas dos bebês ficaram congeladas. E então as crianças morreram. Elas nem poderiam ser enterradas, porque a terra congelada estava dura como rocha. Animais selvagens as levavam de ambos os lados da estrada. E a neve continuava a cair.

Em 19 de janeiro, às 8 horas da manhã, o professor do vilarejo na cidade da Prússia Orienal de Gross-Nappen, condado de Osterode, veio até Lilly Sternberg e deu o alarme.

"O momento chegou, prepare sua jornada." Como centenas de outros, a senhora prussiana-oriental escreveu a história de seu sofrimento nos anos 50, para documentar a fuga e a expulsão. Este trabalho, que cobre milhares de páginas, foi compilado por historiadores em nome do Ministério dos Expelidos. A maioria dos testemunhos foram feitos sob juramento e constituem uma das mais impressionantes coleções sobre a miséria no final da guerra.

"Partam imediatamente! Somente com a bagagem de mão!", escreveu a Srª Sternberg. "Logo nós estávamos na rua do vilarejo, que estava cheia de mulheres em prantos." A partida: "As crianças acharam maravilhoso."

"Mãe, os russos, o que eles eles farão conosco?", uma das crianças perguntou a Lilly Sternberg. "Nada, eu digo, enquanto estou tremendo toda, nada, e eu coloquei minha mão sobre meus lábios."

Os russos, o que eles farão? Os piores rumores não são verdadeiros - a verdade é que é pior. A estudante de medicina Josefine Schleiter, tentando escapar da mesma área, viu como os tanques corriam em sua trilha.

"As carroças foram jogadas na vala, os cadáveres dos cavalos estavam caídos ao redor, homens, mulheres e crianças jazendo mortas." A estudante ouviu uma menina ferida dizer: "Pai, atire em mim!" Seu irmão também pediu: "Sim, pai, eu não tenho mais nada a esperar." E o pai, chorando: "esperem mais um pouco, crianças."

E então foi a vez dela. "Três sujeitos altos me agarraram e jogaram-me sobre o carro deles. O carro começou a se mover, e eu fiquei em pé em cima dele, observada pelo olhar predatório de um russo. Frio congelante. Eu não tinha comido nada desde o meio-dia. Um dos sujeitos sorriu: 'Frio?' Seguiram-se os momentos mais humilhantes da minha vida, os quais não podem ser descritos."

Quando o carro parou, a estudante saltou e fugiu para a floresta, correndo, correndo, correndo.

Havia um método por trás de tudo isso. Os estupros eram uma arma terrível dos soldados do Exército Vermelho, um meio de terror, como tortura, assassinato e incêndio.

Na Pomerânia Oriental, um trem com refugiados foi parado por soldados russos, e a locomotiva separada. "Todos pra fora!" Mulheres e crianças fugiam através da neve sobre os campos. No vilarejo de Dornitz, seus perseguidores os alcançaram. "Frau, komm!" foi a ordem temida. A garota Gabi Knopp, que o historiador do ZDF Guido Knopp menciona em seus relatórios sobre "A Grande Fuga", ainda não sabia o que essa ordem significava para ela. Ela ainda não tinha aprendido as verdades da vida.

Quem não viesse tinha certeza de que seria fuzilada. Um soldado russo que atacava refugiados amedrontados na Grande Dasekow Polonesa apontou para a mais nova. Sua irmã relatou: "Quando ela não se levantou imediatamente, ele foi até ela e apontou uma pistola para seu queixo. Todos nós gritamos bem alto, apenas minha irmã ficou lá sentada silenciosamente sem poder se mover. E então ele atirou nela."

Aqueles que ficaram para trás nos vilarejos, porque não podiam ou não queriam fugir, muitas vezes eram tratados pelos conquistadores de modo nada melhor do que as vítimas de Nemmersdorf. Quando os Arquivos Federais, na metade dos anos 70, avaliaram os relatórios das testemunhas, os cientistas contaram cerca de 3.300 dos chamados locais de crime a leste do Oder e Neisse, onde cidadãos alemães haviam sido espancados até à morte ou fuzilados, estupradas até à morte ou queimados vivos. Os Arquivos Federais concluíram que no mínimo 120.000 alemães haviam morrido na fuga.

Quantas pessoas, no total, morreram vítimas da fuga e expulsão, não foi esclarecido. Nos anos 50, o Escritório Federal de Estatísticas simplesmente estimou o número de alemães que antes de 1945 viviam a leste do Oder e Neisse e a partir disso deduziu o número daqueles que depois da guerra estavam vivendo na República Federal da Alemanha, Áustria ou República Democrática Alemã. A diferença era de mais de dois milhões.

Que esta ordem de magnitude devia ser muito alta ficou aparente na época, já a partir das listas de civis desaparecidos; somente cerca de um décimo - aprox. 200.000 pessoas - estavam sendo procurados por parentes e amigos. Até agora, entretanto, somente os Suábios do Danúbio [alemães étnicos da Iugoslávia, nota do tradutor R.M.] fizeram o esforço de documentar individualmente todas as vítimas - e reduziram pela metade as estimativas do Escritório Federal de Estatísticas para sua região.

Historiadores estimam em 1,4 mihão o número de mulheres que foram então estupradas. Depois disso, muitas delas deram fim às suas próprias vidas, em revolta ou horror. Meses depois - relataram as testemunhas - as crianças que chegavam com segurança no oeste ainda estavam brincando de "Frau, komm!" nos campos de refugiados.

O Exército Vermelho nunca fora especialmente disciplinado, e além disso tinha sido atacado violentamente pela guerra. Não havia a partida do lar, jovens tinham que entrar nos abrigos subterrâneos com lança-chamas ou observar as entranhas saindo das barrigas de camaradas feridos, sem nunca terem tido chance de processarem tais experiências. "Logo depois de um ataque, era melhor você não olhar nos olhos deles", escreveu um médico de campo russo, "não havia nada de humano ali"

A aniquilação de milhões de pessoas, que Hitler havia planejado para os russos, Stálin não havia previsto para os alemães. Mas quando o Exército Vermelho alcançou a fronteira oesta da União Soviética, muitos estavam cansados, e para levantar o moral, os generais de Stalin afrouxaram os controles que mesmo na guerra impediam que os soldados se tornarem assassinos.

Mais de mil jornais do exército haviam semeado o ódio que era agora necessário para vencer. Por exemplo, a proclamação de Ilya Ehrenburg: "Se durante o dia você não matou um alemão, seu dia foi perdido. Não conte os dias, não conte as camisas, conte somente uma coisa: os alemães que você matou. Mate os alemães."

A ordem do dia do 1º Front Bielo-Russo antes do ataque ao Reich lê-se da seguinte forma: "É chegado o momento de acertar contas com os carrascos nazi-fascistas alemães. Grande e intenso é o nosso ódio. Nós vingaremos aqueles que queimaram nos fornos do inferno, aqueles que se asfixiaram nas câmaras de gás, nós faremos uma vingança cruel por todas as coisas."

Parece que os generais de Stalin subestimaram os efeitos de sua propaganda. Uma pequena pilhagem, alguns excessos, era o que eles tinham em mente.

Mas as ondas de assassinato e destruição na Prússia Oriental e na Silésia aparentemente também amedrontaram a liderança russa. No décimo dia da ofensiva de inverno na curva do rio Vistula, o alto comando do 2º Front Bielo-Russo ordenou a supressão de "roubo, pilhagem, incêndios e orgias alcoólicas". Entretanto, Stalin cancelara a propaganda de ódio somente quando suas tropas haviam cruzado o Oder e Neisse e alcançado o solo que o líder do Kremlin planejara deixar para os alemães no futuro - a Alemanha Oriental.

O que se abateu sobre os alemães no leste certamente não tinha ocorrido na Europa Central desde a paz de Münster e Osnabrück em 1648. Naquela época, depois do fim da Guerra dos Trinta Anos, os comandantes haviam conseguido transformar seus negócios sangrentos numa questão razoavelmente organizada. Desde então, era comum promover guerras entre estados e soldados treinados, preferivelmente em algum lugar distante, onde os civis não fossem perturbados ou molestados.

Nos séculos seguintes, a guerra foi civilizada em forma de gabinetes de guerra, e até mesmo as armas e os meios de fazer a guerra foram estabelecidos contratualmente - estupros não eram parte dela. A guerra, que era o aspecto mais importante, tinha um objetivo, e esse objetivo era a paz, embora sob as condições do vencedor.

Mas agora todas as barreiras internas pelas quais a guerra havia sido "delimitada", como o cientista político Herfried Münkler de Berlim colocou, haviam sido derrubadas. A guerra selvagem, a guerra total: essa era a guerra de Adolf Hitler, a guerra da violência ilimitada. A aniquilação total, e não a paz, era seu objetivo.

Já em maio de 1941, os burocratas de Hitler haviam emitido o temido "decreto de justiça militar", que permitia que soldados alemães matassem civis soviéticos impunemente. Cerca de 11 milhões de civis morreram em conseqüência da guerra no império de Stalin.

Foram os comandantes de Hitler que inventaram isso: transformar pessoas em material de guerra, em unidade sem alma como barreiras anti-tanque e obuses, baratos e disponíveis em qualquer lugar.

Cidade completamente sem fortificação, como Breslau na Silésia, foram declaradas fortalezas, consistindo de nada mais que massas de pessoas. Um Muro Oriental feito de corpos humanos deveria se manter em pé contra os tanques bolcheviques. "Cada bloco de casas, cada vilarejo, cada fazenda, cada vala, cada arbusto", declarou Heinrich Himmler, "será defendido por homens, meninos, velhos e - se necessário - por mulheres e meninas." Breslau, com seus 630.000 civis, deveria resistir ao Exército Vermelho; canhões deveriam ser dispostos em todo o lugar. Primeiramente, as mulheres e crianças sem utilidade para a defesa marcharam a pé para Oppau, conforme ordenado pelo Gauleiter Karl Hanke. Por não haver veículos, e na estação de Freiburg, de onde os trens partiam para o oeste, já havia pânico em massa. A polícia ferroviária juntou centenas de pequenos corpos pisoteados quando o trem finalmente havia partido.

"As pessoas continuavam desnorteadas nas ruas. Muitas mulheres caíam chorando. Os bondes estavam superlotados, todos rodavam gratuitamente nesses últimos dias." Assim recordou Elisabeth Erbrich, que no dia seguinte fazia 20 anos de serviço na associação camponesa, e que também seguia em seu caminho. "Esse dia se tornou o mais difícil de toda a minha vida." Ela usava suas roupas de baixo e tantas roupas quantas podia vestir por cima, carregava uma mochila e frango cozido numa sacola de mão. Folhetos choviam do céu: "Alemães, rendam-se, nada acontecerá a vocês." Elizabeth Erbrich, entretanto, tinha que se juntar à interminável jornada para o oeste através da neve, junto com centenas de milhares de outras mulheres e crianças, a temperaturas de 16 graus centígrados abaixo de zero. Milhares perderam suas vidas nesta marcha a partir de Breslau. No dia seguinte, as garotas BDM da cidade receberam instruções para irem ao local da trilha das lágrimas, para "recolherem as bonecas ao longo do caminho".

Que bonecas? Eram todos bebês congelados, que tinham sido deixados para trás por suas mães.

Em Quittanien, a onze quilômetros de distância de Preussisch-Holland, Countess Döhnhoff havia morado por uns anos. "Ninguém", ela suspeitava na noite de sua fuga, "pronunciará novamente estes nomes." A maioria das pessoas que deve ir é deixada com a certeza de que suas casas continuarão a existir mesmo sem elas - na realidade, não apenas como uma imagem. O adeus das pessoas além do Oder, por outro lado, parecia como o fim do mundo.

O fim de um mundo é o que realmente foi. Por séculos, alemães e judeus haviam sido as minorias mais significativas na Europa Oriental. Mas Hitler primeiro tinha assassinado os judeus, e então a guerra que ele começara também levou o mundo alemão ao caos. Na idade média, os antepassados dos Krockows e dos Döhnhoffs, dos Matzkereits e Dubinskis, haviam ido para o leste. Eles tinham fundado cidades e colonizado terras - aparentemente constantes na história alemã.

Férias na praia da colônia de férias prussiana-oriental de Cranz, ou no balneário medicinal de Bad Warmbrunn, eram tão populares entre muitos alemães quanto são hoje as férias em Travemünde ou em Königssee. Todos as conheciam: o arqui-reacionário Junker, que já era considerado um intelectual se ordenasse o calendário de caça de Berlim, ou os miseráveis fiandeiros cujo destino recebeu um monumento literário de Gerhart Hauptmann.

A guerra de Hitler não deixou para trás quase nada do mundo alemão no Leste, somente as cidades e vilarejos vazios. "Trudchen, minha cozinheira, ainda tinha preparado um jantar", escreveu a Countess Dönhoff sobre sua fuga. "Nós comemos alguma coisa juntas rapidamente. Quando nos levantamos, deixamos a comida e a prataria na mesa e fomos para a porta pela última vez, deixando-a destrancada. Era meia-noite."

26 de janeiro: A maior parte da Prússia Oriental havia sido dividida e conquistada. A jornada dos Dönhoff, embora eles tivessem conseguido escapar do caldeirão, perderam coragem. Resignadas, as pessoas retornavam - melhor ir de volta para os russos que congelar até à morte na tempestade de neve. Somente Countess volta seu cavalo para o oeste e cavalga através da noite gélida em direção ao Vístula. Agora os prussianos-orientais só deixaram o caminho pela água. A partir de Königsberg, uma pequena faixa leva ao porto salvador de Pillau, onde navios de refugiados estão sendo carregados. Para a maioria deles, o caminho a pé para a costa leva através do congelado Frisches Haff, que se estende de Königsberg até Dantzig como uma barra em frente à Prussia Oriental, separada do Báltico apenas por uma pequena faixa de terra, a Frische Nehrung.

Para muitos milhares, este era o único caminho para a liberdade.

Heiligenbeil sobre o Haff: pela última vez, as pessoas têm solo firme sobre seus pés. A partir daqui, eles precisam cruzar o gelo. Sobre o novo cemitério, os corpos recolhidos daqueles que congelaram até à morte são enterrados todos os dias às duas e meia, 50 em média recebendo sua última bênção dentro de sacos de papel. Não restaram caixões.

Novamente, um dia radiante de inverno. O branco da enorme superfície gelada machuca os olhos. O caminho através do Haff mede 20 quilômetros. Foi marcado pelos soldados com pequenas árvores, mas essas não são mais necessárias. Em vez delas marcam o caminho aqueles que congelaram até à morte e foram simplesmente deixados para trás, animais mortos e carroças despedaçadas - e os buracos no gelo.

Várias carroças haviam quebrado nesses buracos. Pessoas e cavalos simplesmente desapareciam na água negra. A caravana interminável faz pequenas curvas ao redor desses locais. Uma horrível fuga. O céu no horizonte brilha em tom vermelho sangue e violeta - aquelas são as cidades incendiadas já alcançadas pelos russos. Na noite, fica ainda mais frio, mas os aviões não podem enxergar as colunas em marcha. A fonte de água subindo alto no ar durante o dia quando uma bomba arrebenta o gelo pode ser vista de muito longe. Um colegial de Lyck na Prússia Oriental fazia seu caminho junto com sua mãe e irmã: "O gelo estava quebrando. Em alguns lugares, nós tínhamos que andar com dificuldade com a água a 25 centímetros de altura. Com varas nós constantemente sentíamos o solo na nossa frente. Crateras de bombas nos forçavam a fazer retornos. Muitas vezes escorregávamos e pensávamos estar perdidos. Mas o pânico da morte espantava os tremores de frio que percorriam o corpo."

Os ataques dos aviões rasantes do Exército Vermelho contra os refugiados indefesos, cujos corpos destacavam-se do gelo coberto de neve como figuras numa galeria de tiro-ao-alvo, transformou o Haff num símbolo dos crimes de guerra soviéticos. Quando a primavera chegou e o gelo se partiu, a água trouxe milhares de corpos para a costa.

Estação de fuga de Pillau: A pequena cidade portuária no Nehrung não pode lidar com esta onda de imigrantes congelados. Em 26 de janeiro, também as fábricas de munições explodiram ali, devastando grandes áreas da cidade. No cais do porto, uma parede de pessoas aguardava em pé pela passagem para um navio. Aqueles da multidão confusa que caíam na água gelada não tinham chance.

No domingo de 28 de janeiro, 8.000 refugiados são aguardados, mas 28.000 desembarcam, muitos por navios vindos de uma distância próxima a Königsberg. A marinha provisoriamente abriga essas pessoas em alojamentos.

Quando barcos fazem a abordagem para levar os passageiros aos grandes navios parados no Báltico, o caos normalmente estourava no cais. Mulheres jogavam seus filhos para os salvadores para que pelo menos eles tivessem um lugar no navio - e para impedir que eles fossem esmagados pela multidão.

No anoitecer desse dia, o Gauleiter em Königsberg emite uma senha para os chefes dos escritórios administrativos na cidade: reunião em Fischhausen na manhã seguinte. Este lugar se localiza na estrada para Pillau. Uma ordem velada para fuga.

Depois disso não há impedimentos. Logo, milhares estão fazendo seu caminho através da tempestade de neve na rua para Fischhausen. Próximo ao vilarejo de Metgethen - um nome mais tarde tão bem conhecido como Nemmersdorf - soldados soviéticos atacam os refugiados e fazem um banho de sangue.

O médico Graf Lehndorff ficou para trás em Königsberg e escreveu em seu diário: "Onde quer que você escute, em todo o lugar, ultimamente eles estão falando sobre potássio cianógeno (Cyankali), que as farmácias estão distribuido em qualquer quantidade. A questão sobre tomá-lo ou não, não é para ser debatida. Discussões acontecem sobre a quantidade necessária, e isso de maneira casual e descuidada, como você normalmente conversaria sobre coisas como comida."

No dia seguinte, tropas russas cercaram a cidade. Königsberg, que ainda escondia cerca de 100.000 pessoas do lado de dentro de seus muros, havia ficado isolada.

Que terrível janeiro. "Meu Deus, quantas pessoas em nosso país haviam imaginado que o fim seria desse jeito", a Countess Dönhoff, que nesse momento estava cavalgando pelo frio em algum lugar, escreveu depois de chegar ao oeste. "O fim de um povo que tinha prometido conquistar as panelas de carne da Europa e subjugar seus vizinhos orientais."

O fim? Este ainda levaria um pouco de tempo para chegar.

Em 30 de janeiro, o "Wilhelm Gustloff", com quase 10.000 refugiados e soldados a bordo, afunda no Báltico em sua viagem para o oeste. E na praia próxima a Pillau, onde, apesar de tais notícias, números ainda maiores de pessoas estão subindo a bordo de navios mais novos, fogos de artifício macabros podem ser vistos algumas horas mais tarde.

São os sinalizadores disparados pelos homens da SS. Eles precisavam de luz para fuzilar 3.000 prisioneiros na praia escura. As vítimas, na maior parte mulheres, vêm do campo de concentração de Stutthof. Em Pillau, assim lhes fora dito, eles seriam embarcados em navios. Agora, as mesmas águas do Báltico banham seus corpos e aqueles dos passageiros do "Gustloff".

O oeste - esta não era uma direção promissora apenas para as vítimas alemãs, mas também aquela tomada pelos perpetradores alemães. Entre os refugiados, colunas especiais aparecem de novo e de novo - pessoas esquálidas em sujos trapos cinza de prisioneiros. A SS está evacuando um campo de concentração atrás do outro.

Marchas da morte é como eles chamam as colunas da miséria, porque os homens da SS deixam milhares para trás, de ambos os lados da estrada, fuzilados ou espancados até à morte.

No começo de fevereiro, não havia mais nenhuma Prússia Oriental Alemã. Exceto por alguns pedaços, o jardim da frente do Reich no Leste está firmemente em mãos soviéticas. Na Alta Silésia, a fuga dos vilarejos começou somente agora. Muitas pessoas tentaram alcançar a Saxônia, outros fugiram em pânico através das montanhas Riesengebirge para os Sudetos, onde eles se tornaram vítimas das primeiras expulsões organizadas pelos Tchecos.

Para onde fugir? O que quer que os alemães tentassem fazer nas ruas, para onde quer que eles se voltassem, eles se encontravam caçados. Como vítimas do frio, do Exército Vermelho, da SS e, finalmente, dos Tchecos.

Não havia poder, não havia poderosos, que pudessem pôr fim a toda essa miséria?

Não havia nenhum. Bombardeios, fuzilamentos e morte iriam continuar por mais três meses, até 8 de maio.

Tradução(alemão-inglês): Roberto Muehlenkamp
Tradução(inglês-português): Marcelo Oliveira
Fonte: Lista Holocausto-doc Yahoo!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

1942: Genocídio dos judeus poloneses

No dia 17 de março de 1942, começou a Operação Reinhard, que levou ao assassinato de mais de dois milhões de judeus.

(Foto)Deportação de judeus do Gueto de Varsóvia

O projeto de genocídio foi comandado pelo líder da SS e chefe da polícia de Liubliana, Odilo Globocnik. Tanto ele como o seu grande número de colaboradores eram austríacos. Nos três grandes centros de aniquilamento com câmaras de gás (Belzec, Sobibor e Treblinka), foram executados mais de 1,5 milhão de judeus e 50 mil ciganos entre março de 1942 e novembro de 1943. Ao todo, a operação levou à morte de mais de dois milhões de judeus.

Os preparativos para a operação já haviam começado no final do ano de 1941, mas somente em meados de 1942 ela recebeu o nome de Reinhard Heydrich, que morreu num atentado em junho deste ano. Seu objetivo: o genocídio sistemático dos judeus poloneses e o confisco de seus bens.

Construção de campos de extermínio

O general Himmler havia encarregado Globocnik e outros cem homens de implementarem a operação (o grupo já havia participado das mortes por eutanásia na Alemanha nazista). No âmbito da operação, foram construídos três campos de extermínio: Belzec, Sobibor e Treblinka. A cada dia, os campos de extermínio recebiam um trem com 60 vagões lotados de passageiros destinados às câmaras de gás.

Os alemães abusavam da brutalidade: idosos, doentes e crianças geralmente já eram executados a tiros diretamente nos guetos. Os judeus iam direto para as câmaras da morte. Os três campos usavam monóxido de carbono, que matava em 20 minutos. Da chegada do trem até a completa remoção dos cadáveres, demorava de 60 a 90 minutos.

Os corpos eram depositados em enormes valas. Somente um ano depois, quando começaram a ser removidos os vestígios dos assassinatos, é que os cadáveres foram exumados e queimados. A Operação Reinhard foi encerrada em novembro de 1943, com um saldo de mais de dois milhões de judeus mortos.

Rachel Gessat (rw)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,1564,305948,00.html
Lista Holocausto-Doc Yahoo!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Livro com teorias racistas coloca em xeque SPD e Banco Central alemão

A expulsão de Thilo Sarrazin do SPD é provável. Banco Central se mostra hesitante quanto a uma punição. Para políticos de todos os partidos, não resta dúvida de que sua argumentação evoca teorias raciais nazistas.

(Foto)Controverso autor Thilo Sarrazin no lançamento de seu livro em Berlim

O Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) abriu um processo nesta segunda-feira (30/08) para expulsar Thilo Sarrazin da agremiação, por causa de suas declarações sobre a predisposição genética de determinados grupos da sociedade.

O presidente do SPD, Sigmar Gabriel, justificou a decisão, afirmando que os conceitos utilizados por Sarrazin em seu recém-publicado livro Deutschland schafft sich ab (A Alemanha extingue a si mesma) "beiram a higiene racial". Com isso, Sarrazin se excluiu automaticamente da comunidade de valores social-democratas, argumentou Gabriel.

O diretório nacional do SPD decidiu por unanimidade abrir um processo intrapartidário para expulsar o político, que também integra a direção do Banco Central alemão (Bundesbank).

O Bundesbank, por sua vez, anunciou que ainda não entrará com um processo para destituir Sarrazin do cargo, mas o convocará para conversar sobre suas declarações antimuçulmanas e sua assertiva sobre a constituição genética dos judeus. A diretoria do Banco Central declarou que o posicionamento de Sarrazin, agora registrado em livro e em entrevistas recentes à imprensa alemã, prejudicou a imagem da instituição.

Com suas declarações depreciativas, Sarrazin teria faltado "contínua e crescentemente" com sua responsabilidade perante o banco. Em 2009, reagindo a declarações xenófobas de Sarrazin, o Banco Central reduziu suas atribuições e competências, mas não chegou a demiti-lo.

No fim de semana, um porta-voz do governo em Berlim declarou que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, considera a imagem do Bundesbank prejudicada por Sarrazin. O banco deveria refletir bem sobre o caso, disse. O ex-secretário das Finanças da cidade-Estado de Berlim teria se "exaltado em teorias genéticas totalmente abstrusas", comunicou o porta-voz.

Alarmismo sobre Alemanha dominada por muçulmanos

Já antes do lançamento oficial, nesta segunda-feira, o livro Deutschland schafft sich ab havia gerado uma ampla polêmica no país por causa de teses nele contidas divulgadas de antemão pela imprensa.

(Foto)Thilo Sarrazin

Segundo o autor, a longo prazo, os muçulmanos representarão a maioria da população alemã, em consequência da alta taxa de natalidade entre esse grupo da sociedade. A partir dessa premissa, impossível de ser fundamentada por estatísticas, Sarrazin, de 65 anos, deduz o risco de uma contração biológico-demográfica da população autóctone alemã.

Além de temer uma descaracterização da sociedade autóctone pelo aumento da participação demográfica estrangeira, sobretudo islâmica, Sarrazin acusa os muçulmanos de serem ociosos e desprovidos de iniciativa própria, o que acarretaria enormes custos ao Estado.

"Em todos os países da Europa, os migrantes muçulmanos, com sua baixa participação no mercado de trabalho e sua alta requisição de assistência social, mais custam aos cofres do Estado do que contribuem com mais-valia econômica", afirma Sarrazin.

Além de não se basear em números comprováveis, essa afirmação ignora dados estatísticos atuais, como os da associação turco-alemã de empresários TDU, segundo a qual a Alemanha tem cerca de 100 mil empresários de origem turca, que geram cerca de 300 mil empregos.

(Foto)'Cale a boca!', diz cartaz de manifestante em protesto ao livro 'A Alemanha extingue a si mesma'

Para Sarrazin, muçulmanos emburrecem a Alemanha

Além de acusar a população muçulmana de desfalcar a economia alemã, o livro de Sarrazin causou escândalo por suas especulações genéticas, segundo as quais o aumento da participação islâmica na população alemã implicaria uma queda do nível de inteligência. Ao defender em entrevistas essa afirmação contida no livro, Sarrazin acirrou ainda mais a polêmica.

Numa entrevista divulgada neste domingo com o autor do polêmico livro, o jornal Welt am Sonntag perguntou se ele achava que a burrice seria geneticamente condicionada. Sua resposta: "Na comunidade científica existe o consenso de que 50% a 80% da inteligência são hereditários". Ao ouvir do entrevistador que essa opinião transparecia modelos de argumentação próximos do nazismo, Sarrazin negou ser racista.

Na mesma entrevista, publicada no domingo, o autor do polêmico livro disse acreditar na identidade genética: "Todos os judeus têm um gene específico, os bascos têm um gene específico que os diferencia dos outros".

Ataques a pobres e estrangeiros

Thilo Sarrazin, reconhecido na Alemanha como perito em finanças, já provocou vários escândalos com sua constante depreciação de estrangeiros, muçulmanos e beneficiários da ajuda social do Estado.

Em setembro de 2009, Sarrazin declarou que um problema da capital alemã seria o fato de 40% dos nascimentos ocorrerem na classe baixa. Na mesma ocasião, ele afirmou que 70% dos turcos e 90% dos árabes residentes em Berlim rejeitam o Estado alemão e não cuidam direito da educação de seus filhos. Na época, o Bundesbank sugeriu indiretamente que Sarrazin renunciasse ao seu posto no banco.

Em junho deste ano, o social-democrata afirmou temer que o baixo nível educacional de muitos imigrantes vindos da Turquia ou da África viesse a ter um efeito negativo sobre a Alemanha. "Por vias naturais, estamos nos tornando cada vez mais burros". Essa declaração levou a Promotoria Pública de Darmstadt a abrir um inquérito contra Sarrazin por incitamento popular.

Ao lançar seu livro em Berlim nesta segunda-feira, Sarrazin negou todas as acusações de racismo que recebeu nas últimas semanas, sem no entanto relativizar suas virulentas teses. Em seu livro, ele adverte que os alemães podem tornar-se "estranhos em seu próprio país".

Políticos social-democratas e de todos os partidos alemães reconhecem na argumentação de Sarrazin, além de "racismo", "um determinismo biológico irresponsável", "a proximidade das ideologias nazistas" e "um profundo anti-islamismo".

Autora: Simone Lopes (dw, dpa, afp, epd)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5957261,00.html

Ver mais:
Sarrazin pede afastamento do Bundesbank após livro com teorias racistas (Deutsche Welle)

domingo, 12 de setembro de 2010

Aiatolá iraniano afirma que holocausto é "superstição" dos ocidentais

TEERÃ — O holocausto dos judeus pelos nazistas durante a II Guerra Mundial é uma "superstição" dos ocidentais, afirmou o aiatolá Naser Makarem Shirazi, uma personalidade influente do clero conservador iraniano.

"O holocausto não é mais que uma superstição. Mas os sionistas dizem que todos os povos do mundo devem aceitá-la", afirmou Makarem Shirazi, segundo a agência oficial Irna, durante um curso sobre a interpretação do Alcorão na cidade sagrada de Qom (ao sul de Teerã).

"Os americanos e os ocidentais estão afetados por superstições surgidas recentemente como o holocausto", afirmou ainda, de acordo com agência semioficial Isna.

"A verdade sobre o holocausto não está clara. E quando investigadores querem determinar se é verídico ou se os judeus o inventaram para se fazer de vítimas, são presos", completou o aiatolá.

O presidente iraniano Mahmud Admadinejad, que quase sempre faz referências a Israel e ao sionismo em seus discursos, já chamou o holocausto de "mito".

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gAziq3xYA93MSgc8uKSXqv_HvgcA

Ver mais:
Senior Iranian cleric dismisses Nazi Holocaust as 'superstition' (Daily Mail, Reino Unido)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fidel critica antissemitismo de Ahmadinejad

Líder histórico cubano diz que «nada se compara ao Holocausto»
Por: Redação

O líder histórico cubano criticou o presidente do Irão por negar o Holocausto. A manifestação de desagrado em relação a Mahmoud Ahmadinejad foi expressa numa conversa com o jornalista norte-americano Jeffrey Goldberg, da revista «The Atlantic», que Castro convidou para visitar a ilha comunista.

Durante as cinco horas em que estiveram reunidos, foram abordados diversos temas, entre eles o do Holocausto e da relação de Teerão com Telavive.

«Ele criticou Ahmadinejad por negar o Holocausto e explicou por que é que o governo iraniano serviria melhor a causa da paz reconhecendo a história "única" do anti-semitismo e tentar compreender porque é que os israelitas receiam pela sua existência», lê-se no artigo publicado por Goldberg no site da «The Atlantic».

Segundo o jornalista, Castro recordou ainda que os judeus foram «expulsos da sua terra» e que foram acusados injustamente de todo tipo de males, até de «terem matado Deus».

«Os judeus tiveram uma vida muito mais dura do que a nossa. Nada se compara ao Holocausto», disse Castro, citado por Goldberg.

O jornalista questionou-o então se era capaz dizer a Ahmadinejad o que acabara lhe dizer a ele. Fidel respondeu: «Estou a dizer-lhe isto para que o possa comunicar».

Fonte: IOL(Portugal)
http://diario.iol.pt/internacional/fidel-irao-holocausto-ahmadinejad-castro-tvi24/1190246-4073.html

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