sábado, 17 de abril de 2010

Neonazis alemães cometeram 20.000 crimes em 2009

Berlim: Membros da extrema-direita alemã cometeram certa de 20.000 crimes políticos em 2009, é que declarou ontem o Secretário do Interior Thomas De Maizire.

Esta é a maior estimativa desde 2001, quando De Maizi começou a manter os registros dos crimes políticos.

De acordo com o deputado do partido Die Linke (de esquerda), as estimativas demonstram que as campanhas do governo para combater a extrema-direita fracassaram.

O parlamentar também criticou De Maizi por comparar grupos neonazis com organizações de extrema-esquerda. O governo da democrata-cristã Angela Merkel criticou iniciativas antifascistas muitas vezes, mas agora precisamos de uma ampla aliança contra os fascistas, disse Jelpke à mídia.

De acordo com Jelpke, criticismos contra aquelas demonstrações apenas aumentaram os alegados crimes políticos cometidos por ativistas de extrema-esquerda.

Fonte: Zee News, Índia/24 de março, 2010
"German Neo-Nazis: 20000 Crimes in 2009"
Link original: Prensa Latina
Tradução: Roberto Lucena
Observação: texto da matéria em português não encontrado, tirando o título, a matéria em português está fora do ar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rússia proíbe livro de Hitler para combater extremismo

MOSCOU (Reuters) - Promotores russos proibiram nesta sexta-feira o livro semi-autobiográfico de Adolf Hitler "Mein Kampf" (Minha Luta), de 1925, em uma tentativa de combater a crescente fascinação por políticas de extrema direita.

(Imagem) Uma anotação de 1924 com uma foto de Hitler é exibida em Paris (reuters_tickers)

Banido na Alemanha desde a 2a Guerra Mundial, o livro delineia a visão de Hitler de supremacia racial. Apesar de incluir trechos anti-semitas e anti-russos, o livro tem sido promovido por alguns grupos russos de extrema direita.

O livro tem uma "perspectiva militar que justifica a discriminação e a destruição de raças não-arianas e reflete ideias que, quando implementadas, deram início à 2a Guerra Mundial", disse em comunicado promotoria-geral russa.

"Até agora, o 'Mein Kampf' não era reconhecido como extremista", disse o comunicado, anunciando a proibição do livro e sua inclusão numa lista federal de materiais extremistas. O livro estava disponível nas lojas e online, segundo o comunicado.

Extremistas russos atacaram trabalhadores imigrantes de nações pobres da Ásia Central e do Cáucaso que vão à Rússia e frequentemente buscam empregos subalternos e vivem em condições precárias, assim como estudantes africanos e asiáticos e russos sem aparência eslava.

Ao menos 60 pessoas morreram e 306 ficaram feridas em ataques racistas na Rússia no ano passado, de acordo com a Sova, organização não-governamental em Moscou que rastreia violência racista.

A proibição foi instaurada depois que um departamento regional da promotoria buscou novas formas de combater o extremismo e descobriu que o livro estava sendo distribuído na região de Ufa.

Hitler ditou o livro para seu assistente Rudolf Hess enquanto estava em uma prisão na Baviera depois da frustrada tentativa de golpe conhecida como o "Putsch de Munique" em 1923. O livro explica sua doutrina de supremacia racial alemã e suas ambições de anexar áreas gigantescas da União Soviética.

Na Alemanha, é ilegal distribuir o livro exceto em circunstâncias especiais, como para pesquisa acadêmica. Mas o livro está disponível em outros lugares, como a livraria online amazon.co.uk.

Mas a proibição fará pouco para restringir material que promove o nazismo na Rússia, disse Galina Kozhevnikova, do Sova.

"Eu tenho a sensação de que pessoas precisavam divulgar que estavam combatendo o extremismo", disse ela sobre a proibição do livro. "Ainda estará disponível na Internet, é impossível impedir que seja distribuído", disse ela.

(Reportagem de Conor Sweeney)

Fonte: Reuters/Swissinfo
http://www.swissinfo.ch/por/internacional/Russia_proibe_livro_de_Hitler_para_combater_extremismo.html?cid=8564116

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Assassinato de líder da extrema-direita reaviva tensões raciais na África do Sul

VENTERSDORP (AFP) - O assassinato no sábado do líder de ultradireita sul-africano Eugene Terre'Blanche, que dedicou a vida à defesa da supremacia dos brancos e à manutenção do apartheid, provocou a fúria de seu movimento, decidido a vingar a morte, ao mesmo tempo que o presidente Jacob Zuma pediu calma.

O Movimento de Resistência Afrikaner (AWB), grupo criado por Terreblanche que se opôs com violência à transição pós-apartheid, no começo dos anos 1990, se reunirá em 1º de maio para decidir como responder à morte do líder, que segundo a polícia teria sido assassinado por dois empregados de uma fazenda por uma discussão pela falta de pagamento dos salários.

"Decidiremos as ações para vingar a morte de Terre'Blanche. Vamos agir, e nossas ações específicas serão decididas na conferência de 1º de maio", declarou à AFP o secretário-geral do AWB, André Visagie.

"Ele foi morto a golpes de facões e com tubos de encanamento. Ele foi agredido até a morte", destacou, acrescentando que pediu aos membros do movimento, que pedem vingança, para que "fiquem calmos".

O medo e o ódio eram palpáveis em Ventersdorp (noroeste), povoado de origem de Terre'Blanche e ex-bastião do AWB.

Em frente à fazenda do ex-líder de extrema-direita, onde seu corpo foi encontrado no sábado, dezenas de seus partidários se reuniram.

"Eles (os negros, ndr) matam nossos fazendeiros", declarou um deles, que pediu para ter sua identidade preservada por medo de "represálias".

"Matar um idoso assim, enquanto dormia, não há do que se orgulhar", acrescentou. Terre'Blanche tinha 69 anos.

O assassinato reaviva as tensões raciais em um país onde a cor da pele continua sendo um fator de divisão, 16 anos depois do fim oficial do regime do apartheid.

Consciente do que o caso pode provocar, o presidente Zuma pediu calma e que "os sul-africanos não permitam aos agentes provocadores se aproveitar da situação para incitar, ou para alimentar, o ódio racial".

Ao fim do dia deste domingo, Zuma fez um novo apelo à "unidade" política e à "responsabilidade" dos dirigentes políticos do país em suas declarações.

Pedidos semelhantes foram feitos pelo ministro da Polícia, Nathi Mthethwa, e pelo comissário nacional, Bheki Cele, que receberam neste domingo familiares da vítima, segundo a agência de notícias SAPA.

Enquanto isso, o Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) informou, por sua vez, que nada pode justificar o homicídio de Terre'Blanche.

"Lançamos um apelo a todos os sul-africanos para que se abstenham de qualquer especulação, os autores (do crime) se entregaram às autoridades a cargo de aplicar a lei", informou o ANC em um comunicado.

Eugene Terre'Blanche, 69 anos, dedicou a vida a defender a superioridade dos brancos. À frente de milícias paramilitares e com um emblema parecido com a suástica nazista, foi contrário ao fim do apartheid no início dos anos 1990.

Ele foi preso em 2001 pela tentativa de assassinato de um guarda negro e deixou a penitenciária em 2004 por bom comportamento. Depois disso caiu em relativo esquecimento.

O corpo do extremista foi encontrado no sábado em sua fazenda de Ventersdorp, na Província do Noroeste. A polícia prendeu dois trabalhadores agrícolas, de 15 e 21 anos, que haviam discutido com Terre'Blanche por um problema salarial.

Os dois, que acusam o chefe de ter se recusado a pagar o salário mensal de 300 rands (40 dólares, 70 reais) e de ter agredido física e verbalmente os dois, serão levados a um tribunal na terça-feira.

Apesar da motivação não parecer política, o AWB vinculou o assassinato de seu líder à recente polêmica sobre uma canção que pede a "morte dos boers" (fazendeiros brancos). A música se tornou famosa entre o movimento jovem do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido que governa o país.

Dois tribunais proibiram a canção que, segundo a oposição e várias associações, estimula a violência racial. Mas o ANC defendeu a música em nome da memória da luta contra o apartheid.

Fonte: AFP
http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/afsul_pol__tica_homic__dio

domingo, 4 de abril de 2010

Adina Blady Szwajger no Gueto de Varsóvia

Adina Blady Szwajger era uma pediatra no Gueto de Varsóvia. Quando a grande ação para deportação em julho de 1942 chegou ao seu hospital, ela deu aos seus jovens pacientes doses fatais de morfina. Em suas memórias, publicadas em 1988, ela revelou que:
"Eu despejei este último remédio dentro daquelas pequenas bocas. . . . e embaixo do prédio havia muita gritaria porque os . . . alemães já estavam lá, levando os doentes das enfermarias para os caminhões de gado."
Negacionistas podem querer refletir no porquê dela ter confessado este ato, dado que ela simplesmente poderia ter afirmado que os alemães assassinaram as crianças. Eles também podem querer considerar o contexto no qual ela agiu em 1942. Mas por que ela tinha tanta certeza de que essas crianças iriam sofrer mortes terríveis durante a deportação? A resposta se encontra naqueles eventos que ela já havia presenciado: um hospital contendo muitos cadáveres, atestando o fato de que os judeus já haviam sido mortos alvejados ou por fome. A resposta se encontra também na certeza de que seria improvável seus pacientes sobreviverem a uma longa viagem num caminhão de gado, e que o 'reassentamento' daqueles pacientes naquele contexto significaria apenas morte.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/03/adina-blady-szwajger-in-warsaw-ghetto.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 3 de abril de 2010

Perseguição nazi e assassínio em massa de judeus e não-judeus

Num recente livro, referente ao assunto em questão, do historiador alemão Dr. Dieter Pohl (Verfolgung und Massenmord in der NS-Zeit 1933-1945, 2ª edição 2008, Wissenschaftliche Buchgesellschaft Darmstadt), ele reserva especial menção, bem como um compreensivo e ainda sucinto panorama, à criminalidade estatal nazista entre 1933 e 1945.

Em apenas 153 páginas de texto, Pohl consegue apresentar o conhecimento básico e essencial a respeito do fundo ideológico, das organizações envolvidas e dos vários aspectos da perseguição e assassinato em massa feitos pelo estado nazista durante os doze anos de sua existência – assassinato de pessoas deficientes, crimes de guerra contra soviéticos e outros prisioneiros de guerra, crimes de ocupação incluindo o assassínio sistemático de intelectuais poloneses e comunistas soviéticos, trabalho forçado e políticas de exploração que levaram à extensa morte por fome especialmente nos territórios ocupados soviéticos, o genocídio dos ciganos e judeus da Europa, crimes cometidos na luta contra movimentos de resistência, mais notadamente na União Soviética, Polônia e Iugoslávia, campos e prisões para civis e crimes cometidos durante a fase final do governo Nacional-socialista. Uma biografia selecionada guia o leitor para mais trabalhos detalhados sobre o objeto de estudo em questão.

A seção dedicada ao genocídio dos judeus é necessariamente o maior capítulo individual no livro, mas isso ocupa apenas um terço do livro, entretanto o que faz o trabalho de Pohl uma importante contribuição é a correção de algo amplamente sustentado além da noção errônea de que a criminalidade nazista era essencialmente direcionada contra os judeus. O genocídio dos judeus foi o maior de todos os crimes nazistas mas apenas um de seus crimes, e isto representa menos que a metade do número total de pessoas assassinadas pelos nazistas. Sobre a página 153 Pohl escreve o seguinte (minha tradução):
Não existem ainda estatísticas válidas sobre o número total de vítimas do Nacional-socialismo, e especialmente para a Polônia, Iugoslávia e os territórios soviéticos ocupados onde muitos dados exatos ainda são ausentes. De acordo com o grau atual de conhecimento alguém pode afirmar que entre 5.6 e 5.7 milhões de pessoas perderam suas vidas por conta de sua origem judia, além de pelo menos 100,000 Sinti e Roma. Cerca de 3 milhões de habitantes da União Soviética que se tornaram prisioneiros de guerra morreram, a maioria de fome, mas pelo menos uns 150,000 deles foram mortos por assassinatos a bala. Especialmente alto foi o número de vidas da população do leste europeu que pereceu nos campos, em "operações de pilhagem" e em outros assassinatos. Respectivamente muito acima de um milhão de civis morreram na Polônia e nos territórios soviéticos ocupados em assassínios em massa, várias centenas de milhares na Iugoslávia, em cada caso sem contar as vítimas judaicas. Largamente desconhecido é o número de vítimas da política seletiva de fome no leste, presumidamente muito acima de um milhão de civis tiveram que pagar com suas vidas. Apesar de que estabelecer um número total ainda requeira mais cálculos trabalhosos, a ordem de grandeza das pessoas assassinadas sob administração alemã deve girar em torno de 12 a 14 milhões. A maioria delas morreu entre metade de 1941 e metade de 1945, i.e.(isto é) num curso de menos de quatro anos.
No meu blog no texto 5 milhões de vítimas não-judias? (2ª parte)* eu cheguei a uma soma total de ca. 12.5 – 13.3 milhões de vítimas da violência criminosa nazista, incluindo as vítimas do cerco de Leningrado, que não foram incluídas na estimativa de Pohl e que fica entre 12 a 14 milhões de pessoas assassinadas pelos nazis. Pohl considera isso discutível, se certas medidas militares que conduziram à mortalidade em massa de civis devem ser consideradas crimes ou se estavam previstas na lei internacional ou se era habitual naquele tempo.

De acordo com Pohl, isto se aplica sempre ao caso extremo como o cerco de Leningrado, que significou destruir a cidade e assassinar tantos quantos habitantes fosse possível bem como trazer a rendição e a ocupação da cidade – como Pohl menciona na página 37, Hitler imediatamente depois do começo da campanha contra a União Soviética tinha dado instruções de não ocupar metrópoles soviéticas a não ser cercá-las e "levá-las ao chão".

Entretanto eu discordo desta assertiva de Pohl – como o colega de Pohl, Jörg Ganzenmüller – que considera o cerco de Leningrado como um empreendimento genocida bem além de uma operação militar, eu recomendo o livro de Pohl para que as pessoas conheçam um panorama do que a Alemanha nazista e sua políticas criminosas eram were all about.

Infelizmente até o momento o livro só está disponível em alemão. Qualquer esforço de trazer praqui informações do livro para uma alcance maior de leitores anglófonos tem meu apoio.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/10/nazi-persecution-and-mass-murder-of.html
Texto: Roberto Muehlenkamp
Título original: Nazi persecution and mass murder of Jews and non-Jews
Tradução: Roberto Lucena

*O link foi direcionado à tradução publicada neste blog, o original em inglês se encontra no blog Holocaust Controversies, link:
5 million non-Jewish victims? (Part 2)

Neonazista admite ter planejado assassinato de Obama em 2008

Pena de Daniel Cowart pode chegar a 75 anos; mais de 100 negros estavam na lista do americano

WASHINGTON - Um americano neonazista do Tennessee acusado de planejar o assassinato de vários negros americanos em 2008, inclusive o do então candidato à presidência Barack Obama, admitiu na noite da segunda-feira, 29, sua culpa ante os oito processos enfrenta por ligação com os crimes, informou o Departamento de Justiça dos EUA, segundo a o canal CNN.

Arquivo/Associated PressFoto do acervo pessoal de Cowart; ele carrega suástica tatuada no braço direito.

Daniel Cowart, de 21 anos, admitiu conspirar com Paul Schlesselman, do Arkansas, em um plano para matar mais de 100 negros. Ambos se descrevem como neonazistas e foram presos em 2008 depois de uma tentativa de roubo frustrada em Jackson, cidade do Tennessee.

Cowart se declarou culpado por ameaçar de morte e de tentar causar danos corporais a um candidato presidencial, conspiração, depredação de propriedade religiosa e por cometer vários outros crimes relacionados ao uso e porte de armas para fins criminosos.

O companheiro de Cowart, Schlesselman, havia admitido a culpa nos crimes em janeiro. Ele será julgado em 15 de abril e pode pegar até 10 anos de prisão. Já a pena de Cowart, segundo o Departamento de Justiça, pode chegar a até 75 anos.

Fonte: Estadão
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,neonazista-admite-ter-planejado-assassinato-de-obama-em-2008,531281,0.htm

Matéria de 27 de outubro de 2008:
Abortado plano neonazi para matar Barack Obama e realizar massacre no Tennessee

Matéria de 19 de abril de 2009:
Movimento de extrema-direita pode estar crescendo nos EUA

segunda-feira, 29 de março de 2010

Criança morta em campo de concentração nazista tem 5 mil 'amigos' no Facebook

Varsóvia, 27 mar (EFE).- Henio Zytomirski, um menino judeu assassinado na Polônia pelos nazistas há 70 anos no campo de concentração de Majdanek, sorri em uma velha foto no Facebook, e o seu perfil, criado para lembrar o Holocausto, já conta com quase cinco mil 'amigos'.

Com calças curtas e sapatinhos brancos, o menino congelado no tempo recebe mensagens que se acumulam em seu mural. Os internautas comentam as fotografias de Henio, que nasceu na cidade polonesa de Lublin em 1933, onde viveu até a invasão alemã.

"Não temos medo de receber críticas por criar um perfil de um menino assassinado durante a guerra. Não achamos que isso seja um abuso", declarou à Agencia Efe o autor da página, Piotr Brozek, estudante de história e membro da associação cultural da Província de Lublin "Porta de Grodzka".

"Não pretendemos utilizar a história de Henio para o nosso próprio benefício, mas queremos aproximar essa história e o drama do Holocausto dos jovens que hoje usam as novas tecnologias e as redes sociais", diz Brozek.

A ideia nasceu no verão passado, quando a prima de Henio, Neta Zytomirski, que mora hoje em Israel, entregou um pacote de fotografias velhas aos membros do "Porta de Grodzka", um coletivo que luta contra o racismo e busca manter viva a lembrança do Holocausto através da arte.

"Infelizmente não podemos contar seis milhões de histórias (o número de vítimas do Holocausto na Europa), portanto escolhemos a de Henio porque tínhamos essas fotos, embora sua história seja muito comovente", afirma o autor do perfil.

A ideia foi um sucesso e os comentários se amontoam no perfil de Henio Zytomirski. São 35 fotografias em preto e branco que percorrem a curta vida do menino - nos braços de seu pai Moisés, durante a celebração do seu segundo aniversário, os jogos nas ruas de Lublin...-, até a última imagem, em que se acredita que ele estivesse com sete anos.

"Tenho sete anos, tenho papai e mamãe, e tenho meu lugar favorito. Nem todos têm papai e mamãe, mas todos têm um lugar favorito. Hoje decidi que ficarei para sempre em Lublin, em meu lugar favorito, com meu papai e minha mamãe", diz a apresentação de Henio no Facebook.

Para o jovem historiador e "pai" de menino na Rede, "contar a história em primeira pessoa serve para envolver mais as pessoas, que assim se sentem mais próximas aos eventos".

Uma história que terminou no campo de concentração nazista de Majdanek, nos arredores de Lublin, leste da Polônia, onde foram parar a grande maioria dos judeus poloneses da região, incluindo Henio e sua família, onde esta criança perdeu a vida nas câmaras de gás, possivelmente em 1942.

"Por enquanto Henio tem quase cinco mil amigos, o limite máximo de amigos que se podem ter no Facebook - explica o autor -, portanto temos que claro que faremos algo mais na internet".

Esta espécie de museu virtual em que se transformou o perfil de Henio atrai cada vez mais curiosos que querem conhecer a história de uma criança transformada no símbolo da destruição da comunidade judaica de Lublin. Antes da Segunda Guerra Mundial 40% da população da cidade era formada por judeus.

Campos de concentração como os de Majdanek, onde foram assassinadas cerca de 80 mil pessoas, acabaram para sempre com aquela Lublin em que Henio sorri agora graças ao milagre atemporal do Facebook. EFE

Fonte: G1/EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1548012-5602,00-CRIANCA+MORTA+EM+CAMPO+DE+CONCENTRACAO+NAZISTA+TEM+MIL+AMIGOS+NO+FACEBOOK.html

Ler mais: iOnline(Portugal)
http://www.ionline.pt/conteudo/53027-menino-assassinado-no-holocausto-com-5-mil-amigos-no-facebook

Se alguém se interessar em ver o perfil do Henio no Facebook, aí vão os links:
Henio Zytomirski
http://www.facebook.com/henio.zytomirski

Página do Henio sem limite de adição de amigos
http://www.facebook.com/pages/Henio-Zytomirski-Page-No-Limited-Profile/113504528659885

quarta-feira, 24 de março de 2010

Cresce o número de sites que pregam o racismo e ataques terroristas

De acordo com o relatório "Digital Terrorism and Hate 2010", foram encontrados cerca de 11,5 mil endereços, redes e fóruns do gênero.

O número de sites e redes sociais utilizados para propagar o ódio, racismo e atividades terroristas cresce no mundo, revela estudo divulgado pela organização internacional de direitos humanos Simon Wiesenthal Center.

De acordo com o relatório intitulado "Digital Terrorism and Hate 2010", foram encontrados cerca de 11,5 mil endereços, redes e fóruns que pregam a intolerância – 20% a mais do que o conteúdo encontrado no ano passado.

Na avaliação da entidade, essa quantidade pode ser apenas uma fração do número real de sites e páginas existente.

Foram encontrados na última vistoria um jogo online que permite bombardear as vítimas do terremoto no Haiti, um fórum comparando homossexuais a ratos e vermes, um leilão de um anel supostamente retirado de um prisioneiro de campo de concentração durante o Holocausto, entre outros.

Com a expansão das redes sociais e dos sites de postagem de vídeos, este tipo de conteúdo tornou-se popular, uma vez que sua disseminação se dá por um processo mais rápido, avalia a organização. Para a entidade, o Facebook é um dos locais que mais agregam grupos empenhados em ataques às minorias.

O relatório completo da Simon Wiesenthal Center é distribuído em CD-ROM para agentes policiais e agências governamentais.

Fonte: IDG Now!
http://idgnow.uol.com.br/internet/2010/03/23/cresce-o-numero-de-sites-que-pregam-a-intolerancia/

terça-feira, 23 de março de 2010

Justiça alemã condena nazista à prisão perpétua


Berlim, 23 mar (EFE).- O antigo membro da SS (tropa de elite) nazista Heinrich Boere foi condenado nesta terça-feira à prisão perpétua por um tribunal da cidade alemã de Aachen, que considerou o réu culpado de um triplo assassinato cometido na Holanda durante a Segunda Guerra Mundial. Como membro do grupo de extermínio Feldmeijer, Boere, atualmente com 88 anos, participou do assassinato de três civis holandeses em 1944. Os juízes do Tribunal de Aachen aceitaram a pena proposta pela Promotoria, ao passo que a reivindicara a absolvição, argumentando que Boere já tinha sido processado no passado pelos mesmos crimes.Apesar da condenação, a prisão do ex-membro da SS dependerá da avaliação de peritos, que decidirão se o estado de saúde de Boere permitirá a ele passar o resto da vida atrás das grades.As três vítimas do nazista foram assassinadas nas localidades de Breda, Voorschoten e Wassenaar, entre julho e setembro de 1944. A execução do trio foi uma represália a atentados cometidos pela resistência holandesa.Três filhos de dois dos mortos foram responsáveis pela abertura do processo, no qual, ao longo de 20 sessões, o acusado, sempre sentado em uma cadeira de rodas, não disse praticamente uma palavra.No entanto, o ex-membro da SS admitiu os crimes pelos quais era acusado por meio de uma confissão escrita lida por seus advogados no tribunal.



Fonte: Portal UOL

quarta-feira, 17 de março de 2010

David Glantz - Confronto de Titãs

Segue abaixo um comentário do livro "Confronto de Titãs (Como O Exercito Vermelho Derrotou Hitler)", lançamento no Brasil, que aborda a guerra na Frente Leste da Europa entre a União Soviética e a Alemanha nazista, escrito pelo coronel norte-americano David M. Glantz(especialista no conflito) e Jonathan M. House, com indicação do livro e do vídeo com a entrevista do autor feita pelo forista Jorge na comunidade Segunda Guerra Mundial.

Com a presença do autor David Glantz, C&R Editorial lança livro sobre a guerra na Frente Leste
(Da Redação, 15 de julho de 2009)

Confronto de Titãs – Como o Exército Vermelho Derrotou Hitler será lançado no Brasil, com a presença do próprio autor, que pela primeira vez vem ao país, e estará na Livraria Cultura, na noite de 23 de julho, para uma histórica noite de autógrafos.

Até hoje, a Frente Leste permanece como um dos terrenos menos conhecidos, e mais polêmicos, no estudo histórico do maior conflito armado da História da Humanidade. As próprias dimensões da linha de combate que opôs de um lado, as forças armadas alemãs (Wehrmacht) de Hitler, e do outro, o Exército Vermelho, desafiam a fácil compreensão.

Basta dizer que, enquanto em novembro de 1942, o Reino Unido celebrava com euforia a vitória na Batalha de El Alamein, onde os britânicos derrotaram quatro divisões alemãs e uma força dos aliados italianos destes, infligindo 60.000 perdas para o Eixo; em Stalingrado, na Rússia, o Exército Vermelho cercava e (mais tarde) aniquilava todo o 6º Exército alemão, boa parte do 4º Exército Panzer e ainda esmagava os 3º e 4º Exércitos romenos, erradicando mais de 50 divisões e mais 300.000 homens da ordem da batalha do Eixo. Porém, até hoje, nomes como Anzio, Midway, Normandia, Ardenas e outros, soam muitíssimo mais familiares que aqueles referentes aos colossais embates no Leste – Kursk, Bagration, Kuban, Sebastopol, Orel, e outros.

Por tudo isso, a C&R EDITORIAL tem orgulho em colocar ao alcance do leitor brasileiro a primeira edição em língua portuguesa da obra-prima do coronel Glantz e do tenente-coronel House, considerada inquestionavelmente como o melhor e mais completo estudo já publicado, com compromisso de referência histórica, sobre a luta entre a Wehrmacht e o Exército Vermelho.

David M. Glantz

No prefácio desta primeira edição em língua portuguesa, o diretor da C&R EDITORIAL, Claudio Lucchesi, observa que “a sabedoria popular que diz que ‘a História é escrita pelos vencedores’. Mas nem sempre é assim, e no tocante à Frente Leste na 2ª Guerra Mundial, a gigantesca arena aonde se enfrentaram titanicamente a Wehrmacht e o Exército Vermelho, o historiador norte-americano Geoffrey P. Megargee observa que ‘os perdedores foram aqueles que escreveram os livros de História’. É fato. Por mais de 50 anos, terminado o maior conflito armado do século 20, prevaleceram absolutas no Ocidente as fontes germânicas sobre o que aconteceu (e ainda, como e porque) na chamada Frente Leste, ou Oriental”. Daí a importância da obra de David M. Glantz.

Comentário da Revista Asas:
http://www.revistaasas.com.br/index.php?ASA=show_news&id=1005&LE=atual

Entrevista de David Glantz sobre o livro:

domingo, 14 de março de 2010

Encontradas valas comuns de vítimas do nazismo na Áustria

Pelo menos duas valas comuns com dezenas de pessoas mortas pelos nazis foram descobertas numa propriedade usada pelo exército austríaco, revelaram hoje fontes governamentais.

Um relatório do exército sugere que alguns dos corpos pertençam a pilotos norte-americanos feitos prisioneiros durante a II Grande Guerra.

O Ministério do Interior planeia agora dialogar com os proprietários do local no sentido de exumarem os corpos, não sendo ainda claro se o terreno é propriedade do exército ou arrendado.

As valas comuns - localizadas sob um campo desportivo do exército na cidade de Graz - contêm cerca de 70 corpos de pessoas mortas pelas SS (tropas de Hitler), talvez para eliminar testemunhas das atrocidades nazis pouco antes da chegada das tropas soviéticas.

As sepulturas foram identificadas através de fotos do tempo da guerra, feitas por pilotos de bombardeiros norte-americanos, mostrando covas abertas e corpos.

As autoridades norte-americanas disponibilizaram as imagens a pedido de historiadores austríacos encarregados pelo ministro da Defesa, Norbert Darabos, há dois anos, de pesquisar documentos sobre crimes de guerra naquele local, já que o mesmo fora usado pelas SS durantes a II Grande Guerra.

Um documento difundido hoje pelo exército austríaco na sua página de Internet revela que 219 pessoas foram massacradas no local nos últimos dias do conflito, com vista a apagar vestígios das atrocidades ali cometidas.

Entre outros aspetos, a investigação pretende "descobrir mais sobre a identidade e o paradeiro de pessoas mortas nos derradeiros dias do conflito".

"A violência sistemática da Gestapo visava sobretudo a resistência, prisioneiros de guerra, pessoas dos campos de concentração ou em trabalhos forçados, mas também foram abatidos pilotos dos EUA", diz o relatório.

No local terão estado centenas de vítimas, que foram deslocadas por um responsável militar que receava vir a ser inculpado pela matança. Porém, não foi possível mover todos os corpos devido à aproximação do exército soviético.

De acordo com o exército austríaco, a investigação identificou dois suspeitos da chacina, que à data terão conseguido voar para a Alemanha e que ainda podem estar vivos.

Fonte: Agência Lusa(Portugal, 12.03.2010)
Créditos também ao Holocaust Controversies(blog) por ter indicado a matéria aqui(em inglês):
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/03/mass-grave-in-braz.html

Baden-Powell discutiu alianças com emissário de Hitler

O criador do escotismo, lorde Baden-Powell, teve contactos com representantes de Adolf Hitler dois anos antes do início da II Guerra Mundial, com o objectivo de discutir uma possível aliança com a Juventude Hitleriana.

Segundo publica hoje a imprensa britânica, documentos do MI5, a agência de espionagem do Reino Unido, indicam que os encontros entre o criador dos escoteiros e o então embaixador alemão em Londres, Joachim von Ribberntrop, deixaram as autoridades em alerta.

Enquanto decorriam as reuniões, as autoridades tinham detectado um repentino aumento de excursões ao Reino Unido da Juventude Hitleriana (Hitlerjugend), que tinham lições sobre anti-semitismo e pregavam a supremacia da «raça ariana».

Os documentos secretos mostram que Baden-Powell não escondia a sua admiração pela ideologia nazi e o movimento juvenil alemão, como aponta, por exemplo, uma nota interna que escreveu após uma visita em 1937 do alto dirigente Hartmann Lauterbacher.

Noutra ocasião, após jantar com o embaixador Von Ribberntrop, considerado o arquitecto da política externa de Hitler, reflectiu numa carta a sua intenção de aproximar as duas organizações para manter a paz entre os dois países.

«O (embaixador) vê o escotismo como uma poderosa agência para alcançá-lo se pudermos manter laços estreitos com o Movimento Jugend da Alemanha. Disse-lhe que estava totalmente a favor de qualquer medida que favorecesse o entendimento entre os nossos países», escreveu.

Baden-Powell, que considerava «Mein Kampf» (minha luta) um «livro maravilhoso», confirmou mais adiante que o diplomata o tinha convidado a viajar para Berlim para ter um encontro com o próprio Hitler.

No entanto, os relatórios do MI5 revelam que o criador dos escoteiros foi, na realidade, uma vítima do jogo duplo dos alemães.

Enquanto em público Von Ribberntrop falava com entusiasmo da grande aliança britânico-alemã, em particular já advertia Hitler que a guerra com Londres era inevitável.

Fonte: Diário Digital
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=439243

terça-feira, 9 de março de 2010

Holocausto: Intencionalistas x Funcionalistas

Debate entre historiadores: Estava programada de antemão a destruição dos judeus da Europa?

Duas correntes historiográficas tem tentado compreender o modo como se organizou o genocídio dos judeus. Ambas estão de acordo em constatar a enormidade dos crimes cometidos, mas qual foi o papel pessoal exercido por Hitler? E qual o dos nazis em seu conjunto?

Uns são os "intencionalistas", que pensam que o genocídio estava já presente no primeiro programa de Hitler, entre 1919- 1920; os outros são "funcionalistas", que sustentam que o genocídio foi sendo executado sobre a marcha, com frequência mediante a improvisação e em meio a uma contenda entre diversos poderes do sistema nazista.

Os "intencionalistas": Para um considerável grupo de historiadores, as perguntas sobre o surgimento da solução final encontram resposta na retórica antissemita de Hitler que, em diferentes períodos de sua carreira, materializa nos judeus um objetivo constante. Desta forma, Hitler aparece como o motor da política antissemita nazi, manifestando em suas opiniões uma linha de pensamento coerente. Hitler é, assim mesmo, considerado como o único estrategista com suficiente autoridade e determinação para levar a cabo a realização da solução final. No que pode ser a obra mais lida sobre este aspecto ("A guerra contra os judeus"), Lucy Dawidowicz sustenta que o Fürher já preparava o terreno para o extermínio em massa em setembro de 1939, durante a invasão da Polônia. "A aniquilação dos judeus e a guerra eram interdependentes", escreve. As desordens da guerra proporcionaram a Hitler a cobertura necessária para cometer os assassinatos desenfreados. Tais operações necessitavam de um cenário onde as regras da moral ou os habituais códigos de guerra não tivessem lugar". Setembro de 1939 veio, pois, a desenvolver uma "dupla guerra": por uma parte, uma guerra de conquista buscando por meios tradicionais o controle de matérias-primas e a criação de um império; por outra, a guerra contra os judeus, a confrontração decisiva contra o principal inimigo do Terceiro Reich. Desta perspectiva, a ordem de extermínio em massa na escala europeia, lançada em finais da primavera ou durante o verão de 1941, deriva-se diretamente das ideias de Hitler acerca dos judeus, ideias que já haviam sido expressas em 1919. Pode, em diversas ocasiões, camuflar ou minimizar a importância de seu programa de aniquilação. Mas, insiste Dawidowicz, suas intenções não variaram jamais: "Hitler havia formulado planos de longo prazo para realizar seus objetivos ideológicos, e a destruição dos judeus era seu núcleo fundamental". Tomando a expressão do historiador britânico Tim Mason, Chistopher Browning foi o primeiro a qualificar de "intencionalista" esta interpretação que põe o acento sobre o papel exercido por Hitler na ação de pôr em execução o assassinato dos judeus da Europa, detectando um alto grau de obstinação, de coerência e de lógica no desenvolvimento da política antissemita dos nazis, da qual o principal objetivo era o extermínio em massa. Os "funcionalistas", que criticam esta corrente, insistem mais sobre a evolução dos objetivos nazis, ao compasso dos acontecimentos malogrados da política alemã e da interação entre esta e os mecanismos internos do Terceiro Reich.

(Michael Marrus: L´Holocauste dans l´Histoire. Eshel, 1990)
Título em português: A Assustadora História do Holocausto, Michael Marrus

Os funcionalistas: a corrente funcionalista se desenvolveu em torno de importantes historiadores alemães como Martin Broszat. Os trabalhos de Martin Broszat, de Hans Mommsen e de muitos outros põem em questão a ideia de que a evolução do Terceiro Reich fora o resultado da aplicação de um plano pré-estabelecido, enunciado no Mein Kampf("Minha Luta") e minuciosamente preparado durante o "período de luta" anterior à tomada de poder, em 1933. Rechaçam o fato de que tal programa pudesse se impôr sem repreender a todos os componentes da sociedade alemã e mais ainda ao resto da sociedade internacional. Criticam o postulado de base desta análise, chamada intencionalista, que sustenta que Hitler foi o fator determinante do sistema criminoso posto em funcionamento pelos nazis, e que a violência extrema e uma posição onipotente lhe permitira concretizar sua visão racista do mundo. Frente a esta perspectiva, os funcionalistas retomaram e desenvolveram uma ideia sugerida em 1942 pelo sociólogo exilado Fraz Neumann. Longe de formarem um bloco, o regime nazista estava submetido à forças centrífugas apartadas naquilo que a interação definia sua especificidade: o aparato do partido propiamente dito, suas múltiplas organizações satélites (profissionais, culturais, juvenis...), o exército, as forças econômicas, nas que se juntam os aparatos totalitários que escapam ao controle tanto do partido como do Estado. Dois fatos essenciais são deduzidos desta interpretação. Por uma parte, o sistema nazi se construiu sobre a dinâmica de um movimento descontínuo. A etapa final – a radicalização assassina -, não pode erigir-se no ponto de arranque de toda análise, numa espécie de aproximação teleológica, porque o Terceiro Reich esteve sujeito a uma temporalidade própria, é o produto de uma história que se trata precisamente de analisar. Distante de ser um sistema rígido e fechado, o estado hitlerista foi um sistema relativamente aberto, às vezes anárquico, em evolução permanente e que uma de suas molas foi a existência de fortes rivalidades entre as diversas fontes de poder, isso que Broszat denomina de a "policracia nazi". Por outra parte, neste sistema, a função de Hitler, que está longe de ser o ditador todopoderoso tantas vezes descrito, era a de garantir a coesão do sistema. Sua vontade pessoal era um fator menos determinante que o "mito do Führer", elaborado por uma propaganda eficaz e onipresente. Este mito ou esta mística tinham como objetivo mobilizar as energias, integrar os diferentes estratos sociais (pelo terror, a persuasão ou a exclusão) e legitimar um regime cujos mecanismos internos escapavam em parte a seus dirigentes.

Esta corrente tem se mostrado especialmente fecunda para estudar a gênesis da solução final, os processos de decisão e os complexos meios de sua aplicação. Sobre este ponto em concreto, os historiadores da corrente funcionalista reavaliaram para baixo o peso pessoal de Hitler em benefício de outras instâncias de decisão centrais ou locais, e tem insistido sobretudo na importância decisiva das circunstâncias políticas e militares de 1940-1941. Uma vez efetuada a deportação e a concentração em grande escala das populações judias do leste, e em particular a dos judeus poloneses, os responsáveis nazis, especialmente os da Polônia oculpada, encontraram-se ante a uma situação material inadministrável que foi a invasão da URSS, em junho de 1941, e o avanço das tropas alemãs na frente oriental se tornou ainda mais crítico. A decisão de exterminar em massa os judeus, que se produziu segundo eles no outono de 1941, seria o resultado de uma conjução de fatores: o fanatismo ideológico extremo (a condição necessária), as divergências dos aparatos burocráticos, as pujanças radicais resultantes e a anarquia de uma situação que os nazis não controlavam, apesar de que eles mesmos a haviam criado.

(Henry Rousso, prefácio de Norbert Frei, L'Etat hitlerien et la société allemande. Le Seuil, 1994)
Fonte: 2009 Proyecto Clío
http://clio.rediris.es/fichas/Holocausto/debate.htm
Tradução: Roberto Lucena

Áustria: candidata presidencial levanta-se contra proibição do Partido Nazista

De Sim Sim Wissgott (AFP)

VIENA, Áustria — A candidata de extrema direita à presidência da Áustria se declarou contrária à lei que proíbe o Partido Nazista, gerando dúvidas sobre a capacidade do país de assumir seu sombrio passado sob o nazismo.

Barbara Rosenkranz, de 51 anos, mãe de dez filhos e líder do partido populista de extrema direita FPO, será a única candidata da oposição no dia 25 de abril no duelo contra o atual chefe de Estado, o social-democrata Heinz Fischer, cujo papel é fundamentalmente honorífico e moral.

Ainda que não tenha nenhuma possibilidade de ser eleita - as pesquisas apontam que ela possui de 15% a 20% dos votos - suas posições reavivam o espectro de uma nova degradação da imagem da Áustria no exterior.

A lei de proibição de 1947 (Verbotsgesetz) prevê uma pena máxima de 20 anos de prisão para quem recriar o partido nazista ou uma organização similar, propagar sua ideologia ou negar os crimes nazistas contra a humanidade, especialmente o holocausto.

Entretando, Barbara Rosenkranz - cujo marido é um antigo fundador do Partido Neonazista NPD - questiona em nome da "liberdade de expressão" os artigos do Verbotsgesetz, já que reprimem "simples opiniões".

Assim, a candidata afirmou que a negação do holocausto por um deputado de seu partido está incluída nesta "liberdade de expressão".

Sua candidatura gerou ampla oposição, que vai do Partido Social-Democrata (SPO), aliado no poder com os Democratas-Cristãos (OVP) à comunidade judaica, passando pela Igreja católica.

O cardeal-bispo de Viena, Christoph Schonbord, opinou que "tal pessoa era inelegível". No SPO, o ministro da Defesa, Norbert Darabos, afirmou que Rosenkranz "pisava no fundamento antifascista da República".

A candidata de extrema direita foi assim perdendo os apoios que ganhou inicialmente, inclusive em seu próprio partido: durante uma coletiva de imprensa convocada às pressas no dia 5 de março, o presidente do FPO, Heinz-Christian Strache, afirmou que Barbara Rosenkranz "poderia escolher melhor suas palavras" e que "de nenhuma maneira se trata de modificar o Verbotsgesetz".

O diretor do influente jornal popular Kronen Zeitung, Hans Dichand, após ser convocado a votar por Barbara Rosenkranz, exigiu "uma clara condenação do nazismo e do holocausto", sob pena de ela vir a ser "desqualificada".

Como consequência, Rosenkranz se viu obrigada na segunda-feira ante a imprensa em Viena a fazer uma declaração sob juramento, na qual garante "condenar os crimes do nacional-socialismo" e "repudiar sua ideologia".

Entretanto, se recusou a responder a perguntas dos jornalistas sobre suas declarações públicas anteriores, especialmente aquela - realizada novamente na semana passada - em que sustenta que a negação de holocausto é uma questão de "liberdade de expressão".

Barbara Rosenkranz foi lançada pelo próprio presidente do FPO à corrida presidencial, precisamente porque era uma figura da ala mais conservadora do partido, claramente anti-imigrante e antieuropeia.

Todos os seus dez filhos têm nomes germânicos, como Mechthild, Hildrun, Arne ou Sonnhild. Mas sua imagem de defensora dos valores tradicionais da família foi afetada, após a revelação de que abandonou a igreja e que nenhum de seus herdeiros chegou a ser batizado.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gAv06sY2anIAuGUSATBq5rhwgPgA

domingo, 7 de março de 2010

1961: Julgamento de Adolf Eichmann

Calendário Histórico
1961: Julgamento de Adolf Eichmann

(Foto) Sequestrado pelo serviço secreto de Israel na Argentina, onde vivia sob nome falso, Eichmann foi condenado à morte

No dia 11 de abril de 1961, iniciou-se em Jerusalém o julgamento de Adolf Eichmann, responsável pela deportação de centenas de milhares de judeus para campos de concentração.

O prédio do tribunal em Jerusalém parecia uma fortaleza. Centenas de policiais controlavam as saídas. Especialmente para os 500 jornalistas que faziam a cobertura do julgamento, foi montada uma sala com telégrafos e telefones. Protegido por vidros blindados, o réu insistiu o tempo todo em sua inocência.

O julgamento de Adolf Eichmann, chefe da Seção de Assuntos Judeus no Departamento de Segurança de Hitler, foi o segundo maior julgamento de nazistas depois do processo de Nurembergue, que aconteceu logo em seguida à Segunda Guerra Mundial. A condenação de Eichmann foi baseada no depoimento de mais de 100 testemunhas, em duas mil provas e 3.500 páginas do protocolo da polícia israelense.

O mundo esperava ver um monstro, um anti-semita brutal, um nazista fanático. O réu, por sua vez, passou a imagem de um burocrata que teria apenas assinado documentos. Os peritos lhe atestaram a condição de subalterno de pouca iniciativa própria e sem senso de responsabilidade. Após o julgamento, que foi transmitido pela televisão, intelectuais chegaram a se confessar chocados com o fato de Eichmann não ter sido um seguidor fanático de Hitler.

Ele insistia que apenas cumpriu ordens e jamais preocupou-se em questioná-las. Apenas um exemplo: em março de 1944, Eichmann foi mandado à Hungria, onde organizou a deportação de 800 mil judeus. Em menos de dois meses, 147 trens com 434 mil pessoas para as câmaras de gás de Auschwitz.

Execuções "desumanas" para os carrascos

Da mesma forma como colaborou com o regime nazista, ele cooperou com a polícia e a Justiça de Israel, mas nunca demonstrou qualquer forma de arrependimento. A partir de sua escrivaninha, havia coordenado a perseguição, o roubo e a deportação de milhares de judeus, marcados para morrer nos campos de concentração. Eichmann conhecia o destino dos prisioneiros. Assistiu às execuções em massa a tiros e nas câmaras de gás e chegou a considerá-las "desumanas", não para as vítimas, e sim para os carrascos.

Eichmann foi preso por soldados norte-americanos em 1945 e não revelou sua identidade. Um ano depois, conseguiu fugir com outros presos e começou a trabalhar no norte da Alemanha como lenhador, sob nome falso. Em 1950, fez contato com a Odessa, uma organização secreta de ex-oficiais da SS, que o ajudou a fugir. Na Itália, teve o apoio de um padre franciscano que conhecia sua identidade e lhe providenciou documentos falsos.

Sequestro e transporte para Israel

Com o nome de Ricardo Klement, ele emigrou para a Argentina e mais tarde também transferiu para lá mulher e filhos. O serviço secreto israelense Mossad o descobriu e o sequestrou em 1960. Depois de passar 11 dias amarrado a uma cama, foi obrigado a assinar um documento em que aceitou seu julgamento num tribunal israelense.

O Mossad teve sorte, pois talvez não tivesse conseguido retirar o prisioneiro clandestinamente da Argentina, caso a esposa de Eichmann tivesse registrado queixa na polícia em Buenos Aires. Para isso, ela teria que revelar a verdadeira identidade da família. O que, por outro lado, poderia ter poupado a vida de Eichmann, se fosse julgado por seus crimes nazistas na Alemanha, onde não existe pena de morte.

Enquanto aguardava o julgamento, escreveu suas memórias, nas quais insiste em sua condição de mero cumpridor de ordens superiores durante a Segunda Guerra Mundial. O julgamento de Eichmann durou um ano e terminou com sua condenação à morte. A execução aconteceu pouco antes da meia-noite de 31 de maio de 1962.

Rachel Gessat (rw)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,785685,00.html

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