domingo, 12 de dezembro de 2010

Extrema-direita sueca chega ao poder e país submerge em xenofobia

O retorno após duas décadas da extrema-direita ao Parlamento sueco nas eleições legislativas de setembro transformou a política do país, que ingressou na onda dos movimentos xenófobos do norte da Europa.

Depois do domínio efêmero da Nova Democracia (1991-1994), a Suécia vinha se mantendo à margem da onda de partidos xenófobos que ganhou força no resto da Escandinávia nos últimos anos, particularmente na Dinamarca e na Noruega.

Essa situação, no entanto, mudou quando o partido Democratas da Suécia obteve 5,6% dos votos e 20 das 349 cadeiras do Parlamento, e o que é mais relevante, fez com que a aliança de centro-direita do primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt perdesse a maioria absoluta.

A maior representatividade, no entanto, não rendeu à legenda nada até agora, já que Governo e oposição mantiveram sua promessa de isolar a extrema-direita, inclusive em questões mais polêmicas, como a presença militar no Afeganistão.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma leitura do fascismo

Crônica da ascensão dos totalitarismos do entreguerras e análise dos regimes de Hitler e de Mussolini, o ensaio de Robert O. Paxton descuida-se a atenção ante às ditaduras como a espanhola. De qualquer forma, uma magnífica descrição do fenômeno.

Em seu elogio do livro de Paxton, Ian Kershaw sublinha acertadamente o mérito principal do mesmo: não é uma obra a mais que gira em torno das explicações habituais do fenômeno fascista, senão um estudo original e estimulante, apoiado além disso em uma impressionante bibliografia no que concerne os casos alemão e italiano. Deveria acrescentar como correção que outros fascismos menores, consumados ou frustrados, não são abordados com o mesmo rigor. É o que acontece com o fascismo espanhol, apesar da busca de um apoio eficaz em Paul Preston e em Juan Linz. Dessa debilidade se ressente tanto o tratamento específico de cada um dos mesmos como o valor da reflexão do conjunto.

Paxton opta por se esquivar na entrada do exame da conceitualização do fascismo. Prefere deixar o tema para o final, uma vez que estudou sucessivamente os processos de criação dos movimentos fascistas, sua penetração em duas sociedades e regimes políticos em crises (Itália e Alemanha nos anos vinte e trinta), a tomada do poder por parte de Mussolini e de Hitler, a forma de exercício do mesmo e a dinâmica posterior até o ponto de chegada abrupto da guerra mundial. É um relato cheio de apreciações valiosas e cláusulas de cautela contra as interpretações esquemáticas. Talvez seja este o principal valor desta Anatomia do fascismo e o que a converte numa leitura inescusável para os interessados no tema. Uma vez ou outra, Paxton insiste corrigindo a visão mecânica dos fascismos como regimes totalitários em que as decisões de um par de líderes carismáticos determinam com exatidão milimétrica o funcionamento do sistema de poder e o comportamento dos agentes sociais. A cascata de advertências é em muitas ocasiões pertinente, ao sublinhar que é justamente a capacidade dos caudilhos fascistas para impôr suas decisões e seus objetivos a agregados complexos de poder político, social e econômico, o que favorece o sucesso de seu empreendimento.

Agora bem, a ponderação
há de ser neste ponto companheira inseparável da advertência, e prescindir da essência totalitária de tais regimes, como o soviético (Paxton segue fixando-se em Stalin e esquecendo Lênin), ou relativizá-la, acaba sendo um obstáculo para a explicação. Os atos de violência dos subordinados de Hitler, o antissemitismo extendido na sociedade alemã e o fracasso das tentativas de exclusão hão de se ter em conta na hora de entender a gênesis do Holocausto, o mesmo que antes em outros fatores ocasionais como o incêndio do Reichstag propiciam a eliminação do Estado de direito, por muito que sua dimensão normativa não fosse apagada do todo. Contudo, há suficientes elementos previamente comprováveis no projeto de Hitler, começando por "Minha Luta", como para crer que o incêndio do Reichstag ou a Noite dos Cristais precipitaram uma deriva para o extermínio que já se encontrava previamente desenhado. Não é só a adoção do ritual o que faz dos fascismos - e do comunismo soviético - ensaios de religiões políticas.

Conta sobretudo a fixação como objetivo central do forjamento de um homem novo, de acordo com as respectivas ideologias, e dessa dimensão teleológica, causa e não efeito, derivam aspectos básicos do processo de construção dos regimes fascistas, que quanto ao demais Paxton descreve admiravelmente.

ANTONIO ELORZA 01/10/2005

Livro: ANATOMÍA DEL FASCISMO
Em português: A Anatomia do Fascismo
Autor: Robert O. Paxton
Tradução de J. M. Álvarez Flórez
Península. Barcelona, 2005
366 páginas

Fonte: El País(Espanha)
Consulta em PDF da página do EL PAÍS, edição nacional, de terça-feira 7 de dezembro
http://www.elpais.com/articulo/ensayo/lectura/fascismo/elpbabens/20051001elpbabens_5/Tes Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Neonazismo - Entrevista com Antonio Salas

*O único jornalista que conseguiu infiltrar-se no movimento skinhead espanhol fala das ligações dos neonazis com o futebol, com a polícia, a música e a extrema-direita portuguesa. E como os jovens cabeças raspadas são usados por interesses mais altos. Leia aqui a entrevista na íntegra.

Diário de um skin... agora em Portugal

Luís Ribeiro, em Madrid / VISÃO nº 738 26 Abr. 2007

Antonio Salas não revela o seu verdadeiro nome nem destapa a cara para a foto. Sabe que a caça começará quando a sua identidade for pública. O jornalista viveu durante quase um ano no meio dos neonazis, como se fosse um deles, a gravar tudo com uma câmara oculta. O seu livro, Diário de Um Skin, foi esta semana editado em Portugal pela D. Quixote, depois de ter sido o maior best-seller em Espanha, em 2003. Ali se descreve um mundo de incoerências, em que latinos idolatram um Hitler que os consideraria sub-humanos. Em que o futebol se transforma num palco político e a prisão numa catapulta para a lenda. E onde se inspira ódio e expira violência.

P.De onde vem o ódio dos skins?
R.Do medo. Têm muito medo do que não conhecem e do que não compreendem: homossexuais, estrangeiros, outras raças. Mas esse é um ódio que tem de ser renovado constantemente, senão desaparece.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sobre comentários no blog

Repassando este aviso pois muita gente pode ter tido vontade de comentar no blog, e por não saber como postar com as opções da caixa de comentários, podem ter desistido de postar ao não terem se interessado em procurar como é que se posta neste tipo de espaço.

Na caixa de mensagens do blogger, a opção antiga permitia apenas postagens de:

1. quem tivesse uma Conta no Google(é simples de fazer, quem tiver uma conta no Gmail faz mais rápido ainda e pode postar conectado nela)
2. quem tivesse uma conta em algum desses sites/blogs: LiveJournal, WordPress, TypePad, AIM
E só. Além de haver moderação nos comentários(necessita de aprovação de algum moderador).

Agora quem quiser postar, mesmo sem ter uma conta em algum desses sites(e no Google), pode postar. Aparcerá isto na caixa de comentários(as opções):

1. Conta do Google
2. OpenID (LiveJournal, WordPress, TypePad, AIM)
3. Nome/URL (você põe seu nome e se quiser uma url de site pessoal etc)
4. Anônimo (esta opção deveria ser cortada, mas quando se libera tudo não há como cortar a opção anônimo).
Em resumo, não é porque a opção de "postar anônimo" aparece que todo comentário anônimo será aceito. Confesso que não sou muito "simpático" com esta opção e também com a opção de só pôr o nome. Se houver xingamento, provocação barata etc, provavelmente o comentário nem aparecerá na caixa de mensagens. Traduzindo: quem usar o espaço pra isso é melhor pensar duas vezes pois certamente dará uma viagem perdida.

Portanto, não há mais razão pra quem não tenha uma conta no Google ou em algum desses sites/blogs, não postar por conta dessa restrição nas opções da caixa de mensagem. Mas continua valendo as regras de etiqueta sobre agressões, racismo, provocações baratas e xingamento.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Livraria neonazi é destruída em Barcelona

Grupo não identificado ataca e destrói livraria neonazi em Barcelona

Um grupo de dezenas de pessoas, não identificadas, atacou e destruiu hoje a livraria Europa, em Barcelona (nordeste de Espanha), do neonazi Pedro Varela, que foi condenado à prisão por difundir obras dessa ideologia.

Os atacantes, muitos com as caras tapadas e que transportavam bandeiras negras, aproveitaram as manifestações devido à greve geral que está a decorrer hoje em Espanha, para atacar a loja, localizada no bairro de Gracia.

Além de destruir mobiliário e de deixar várias mensagens escritas nas paredes do estabelecimento, os atacantes lançaram para a rua livros, estátuas e bandeiras que estavam à venda no local.

O dono da livraria foi condenado em 1998 a cinco anos de prisão depois de uma rusga na livraria. Em 2008, a pena foi reduzida, depois do Tribunal Constitucional considerar que negar o genocídio não é delito.

O centro de Barcelona tem sido hoje palco de batalhas campais entre grupos antissistema e agentes policiais.

Os grupos aproveitaram as manifestações e piquetes que se realizaram devido à greve geral para queimar carros, incluindo um da polícia, e destruir mobiliário urbano.

Fonte: Ionline(Portugal)
http://www.ionline.pt/conteudo/80907-grupo-nao-identificado-ataca-e-destroi-livraria-neonazi-em-barcelona

Observação: eu ia postar essa matéria antes(matéria data do fim de setembro) só que não consegui achar os links. Antes tarde que nunca...
A livraria em questão só vende/vendia literatura de apologia ao nazismo/fascismo e negacionismo do Holocausto. O dono foi presidente de um grupo de extrema-direita, o CEDADE (Círculo Espanhol de Amigos da Europa) que servia de também como um 'espaço pra circulação' de toda extrema-direita da Europa, situado em Barcelona(Catalunha), Espanha. Era um dos maiores ou mais organizado grupo nazi(ou como eles se autodenominam 'nacional-socialistas') na Europa.

Ver mais:
Livraria neonazi foi destruída em Barcelona

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O CODOH precisa de dinheiro

O erroneamente nomeado "Comitê para o Livre Debate sobre o Holocausto" agora saúda os visitantes de seu site com um pedido de ajuda.

Screenshot(captura de imagem de tela) tirado esta manhã (clique para aumentá-lo):



Doações, alguém?

No dia que o CODOH começar a cumprir sua promessa de debate aberto e de troca de ideias livremente (duas coisas que estes "revisionistas" hipócritas temem tanto quanto vampiros à luz do sol), outras pessoas além dos odiadores de judeus e/ou viúvas/adoradores de Hitler poderiam estar dispostos a ajudar.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/11/codoh-needs-money.html
Texto(inglês): Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: o título do post também poderia ser '"Revisionismo" em tempos de crise global', pois também seria adequado. Em todo caso, resta saber se a trupe fanática "revi", com sua verborragia habitual na rede, irá deixar seus gurus do Codoh minguarem junto com a indústria do negacionismo.

Ver também:
A implosão do CODOH

sábado, 27 de novembro de 2010

Museu de Auschwitz lançará site sobre o Holocausto

Berlim, Alemanha.- Um programa de estudos sobre o Holocausto e o antigo campo de extermínio de Auschwitz, estará online a partir de amanhã, quinta-feira, com informação confiável e completa desse episódio da Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de um projeto piloto de ensino que tem por objetivo educar sobre a perseguição e o assassinato sistemático e organizado de milhões de judeus por parte do regime nazi, anunciou o Museu de Auschwitz.

Segundo o website do Museu, o programa - elaborado em colaboração com o Centro Internacional de Educação sobre o Holocausto e Auschwitz - está sendo desenhado para ajudar as pessoas a entenderem melhor essa passagem da história ante os desafios do mundo moderno.

Os conteúdos do programa, cuja primeira fase será na Polônia através de uma plataforma da web, dividem-se em duas partes, uma sobre o Holocausto e a outra sobre o campo de extermínio, construído durante a Segunda Guerra Mundial pela Alemanha nazi no sul da Polônia ocupada.

Ali, pereceram aproximadamente 1.1 milhão de homens, mulheres e crianças judias, incluindo uma grande maioria de diversos países da Europa, entre 1940 e 1945.

O projeto nasceu da necessidade de conhecimento confiável e completo, respaldado pela autoridade do museu sobre esse capítulo da história, já que “na internet há informação pouco confiável e falsa, ou com frequência incompleta”, pontualizou o Museu.

Fonte: Notimex/Provincia(México)
http://www.provincia.com.mx/24-11-2010/102647
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 1

In English: The Ustasha and Vatican's Silence - Part 1
Ler antes o texto observação, sobre os erros desta série:
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)

Os crimes dos ustashi croatas (NDH)

O OUTRO HOLOCAUSTO
O VATICANO E O GENOCÍDIO NA CROÁCIA


Pavelic e o arcebispo católico
de Zagreb A. Stepinac.

A maior parte das pessoas ignora que durante a Segunda Guerra Mundial se produziu outro genocídio, cuja brutalidade superou com acréscimo o visto em campos de concentração nazis. O assassinato de meio milhão de sérvios na Croácia já passou por direito próprio aos anais dos mais infames crimes contra a humanidade. O papel da Igreja Católica nesta tragédia não foi em absoluto menor.

Quando Adolf Hitler atacou a Iugoslávia em 6 de abril de 1941, ficou imediatamente evidente que a Wehrmacht contava com o apoio de grupos traidores dentro do Estado iugoslavo. O exército do país estava entre a espada e a parede, superado pela imensa maquinária de guerra alemã e apunhalado pelas costas por terroristas pró-nazis membros do Partido Ustasha, uma perigosa organização croata de extrema-direita. Inclusive os comandos de algumas unidades de maioria croata estiveram em conversações com os nazis, abrindo-lhes praticamente as portas do país. [01]

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)

Vítimas ciganas Sinti e Roma do Holocausto

País
Bélgica
Tchecoslováquia
Estônia
França
Alemanha
Holanda
Hungria
Itália
Letônia
Lituânia
Luxemburgo
Polônia
Romênia
União Soviética
Iugoslávia
Total

600
13.500
1.000
16.000
16.000
500
28.000
1.000
3.500
1.000
200
35.000
36.000
30.000
40.000
222.300 

Fonte(livro): The Penguin Historical Atlas of the Third Reich
Autor: Richard Overy

Fonte(site): Axis History Factbook*
http://www.axishistory.com/index.php?id=3606
*O site mencionado não é nazista.

Ver também:
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
Números do Holocausto por Raul Hilberg
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937

Bispo negacionista será defendido por advogado ligado a neonazistas

Mulher segura laptop com vídeo de
bispo Richard Williamson no
tribunal de Regensburg, sudeste
da Alemanha, em abril
BERLIM — O bispo negacionista Richard Williamson, condenado por "incitação ao ódio racial", será defendido numa corte de apelação por advogado próximo a grupos neonazistas, informou nesta segunda-feira o tribunal de Regensburgo (sul da Alemanha) - fato que poderá valer sua expulsão da comunidade religiosa.

O movimento fundamentalista Fraternidade São Pio X, do qual Williamson é membro, ameaçou exclui-lo se não renunciar aos serviços do profissional, relacionado ao movimento neonazista alemão.

A justiça de Regensburgo confirmou que Wolfram Nahrath defenderá o bispo na próxima segunda-feira.

Se mudar de advogado, o processo poderá ser adiado para fevereiro ou março de 2011, disse à AFP um porta-voz do tribunal.

Wolfram Nahrath é membro del partido de extrema-direita NPD. Fez parte de associações como Heimattreue Deutsche Jugend (a juventude patriótica alemã), proibida em março de 2009.

A Fraternidade manifestou descontentamento com o bispo em comunicado publicado no site de sua seção alemã.

O superior general Bernard Fellay "pediu com insistência" ao bispo Richard Williamson que não mantivesse "um advogado com um tal passado", para não "se deixar instrumentalizar por teses políticas".

Caso contrário, "se exporá à exclusão da Fraternidade de São Pio X", conclui o comunicado.

O prelado britânico, de 70 anos, destacou em entrevista realizada na Alemanha e divulgada pela televisão sueca em janeiro de 2009 que "entre 200.000 e 300.000 judeus morreram nos campos de concentração, mas nenhum em câmaras de gás" - negando a morte de seis milhões de judeus pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Williamson rejeitou pagar multa de 12.000 euros, proposta pelo tribunal de Regensburgo para evitar o processo.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gOH-M4vdoHYbMuUv7Xy7ROAqvgEQ?docId=CNG.20932c33839fe30f97fbd6c4c8ac83dd.a71

Criminoso nazista morre na Alemanha antes de ir a julgamento

Samuel Kunz foi guarda no campo
de concentração de Belzec
Aos 89 anos, Samuel Kunz, número três da lista de criminosos nazistas mais procurados do Centro Simon Wiesenthal, faleceu na Alemanha antes que pudesse ser julgado por seus crimes.

Morreu na última quinta-feira (18/11), aos 89 anos, Samuel Kunz, número três da lista de criminosos nazistas mais procurados do Centro Simon Wiesenthal, especializado na procura de criminosos do regime de Hitler. Acusado de participação no assassinato de mais de 420 mil judeus durante o Holocausto, Kunz faleceu em casa, em uma cidade alemã próxima a Bonn, antes que fosse levado a julgamento.

Samuel Kunz deveria ser julgado pelo assassinato de prisioneiros judeus durante o período em que era guarda do campo de concentração de Belzec, na Polônia ocupada pelos nazistas, entre janeiro de 1942 e julho de 1943.

"O tribunal ia tomar uma decisão sobre a abertura de um processo que provavelmente começaria em fevereiro", afirmou o procurador Andreas Bendel, chefe do departamento para a elucidação de crimes nazistas em Dortmund, no oeste da Alemanha.

Caso de Kunz veio à tona
durante investigações sobre
Demjanjuk (foto)
O passado de Kunz veio à tona durante a investigação de John Demjanjuk, que foi a julgamento no último ano sob acusação de ajudar a matar 27.900 judeus. Assim como Demjanjuk, Kunz serviu no Exercito soviético, tornando-se guarda de um campo depois de ser capturado por alemães.

Samuel Kunz havia reconhecido abertamente, perante investigadores encarregados do inquérito a John Damjanjuk, ter trabalhado no campo de extermínio de Belzec. "Era evidente para nós que os judeus eram exterminados e depois queimados no local". "Sentíamos o cheiro todos os dias", declarou.

Sentimento de frustração

Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal em Jerusalém, expressou sua "profunda frustração" pelo fato de o acusado não ter sido julgado e culpa abertamente a Alemanha pela impunidade.

"O fato de Samuel Kunz ter vivido na Alemanha sem penalidade por tantas décadas é o resultado de falhas no processo criminal que ignora qualquer criminoso do Holocausto que não tivesse sido um oficial".

Segundo Zuroff, apesar da impunidade, o caso colocou o conturbado tema em pauta novamente. "O único consolo é que ele foi acusado, foi exposto e pelo menos uma pequena parte da justiça foi feita", afirmou.

MDA/afp/lusa/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6256191,00.html

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ehri - Lançado site de buscas europeu sobre o Holocausto

BRUXELAS, 16 Nov 2010 (AFP) - Um novo site de buscas voltado ao Holocausto, financiado pela União Europeia, foi lançado nesta terça-feira em Bruxelas para permitir a "preservação da memória" desta tragédia, no momento em que desaparecem os últimos sobreviventes dos campos de extermínio nazis.

Batizado de Ehri (European Holocaust Research Infrastructure), o site, que alcançará sua máxima eficácia operacional em 2014, tem a ambição de agrupar as bases de dados de um grupo de vinte instituições, museus ou bibliotecas, dispersos em doze países europeus e em Israel, entre elas o Memorial da Shoah, na França e o Yad Vashem em Israel,

A UE autorizou um montante inicial de sete milhões de euros para financiar este projeto.

Os pesquisadores, professores e estudantes, terão acesso online a esta fonte única de documentos sobre o Holocausto.

Este site na web deverá permitir igualmente às famílias encontrar pistas de parentes assassinados nos campos nazis, ou ao público buscar informações sobre este período negro da história.

aje/pm/jo

Fonte: Univision.com
http://www.univision.com/contentroot/wirefeeds/noticias/8324137.shtml
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Ehri [http://www.ehri-project.eu/]
Launch European Holocaust Archives (EHRI)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Testemunha no século dos pastores alemães

CRÍTICA: LIVROS / Ensaio, Narrativa, Poesia e Reportagem Ensaio
Testemunha no século dos pastores alemães
(perros lobos*)
L. F. MORENO CLAROS 16/10/2010

Vasili Grossman (1905-1964) é um dos autores mais relevantes do século XX. Sua novela "Vida e destino" (Galaxia / Círculo), publicada pela primeira vez na Suíça (1980) depois de sofrer um desmedido ostracismo na União Soviética, obteve um sonoro sucesso de vendas em toda a Europa. Nascido na cidade ucraniana de Berdíchev, e de origem judaica, foi testemunha dos horrores da II Guerra Mundial e do Holocausto, assim como da destruidora crueldade do regime soviético. Nunca esteve cativo dos nazis, e sim receber uma só ferida, destacou-se com o mais valoroso dos repórteres de guerra do Exército Vermelho. Suas crônicas sobre Stalingrado e a queda de Berlim para a Estrela Vermelha foram lidas com avidez até pelos figurões do Partido. Nelas exaltava o valor dos homens e mulheres junto aos que ele lutava bravamente contra o invasor, sob condições deploráveis. Naquele então ele omitia emitir suas opiniões sobre a nefasta gestão da guerra da parte soviética e consignava sua raiva em seus diários particulares.


Imagem da batalha de Stalingrado em
1943.- Pictorial Parade / Getty Images
 Em 1943 ele topou com um fato que lhe mudou a vida: as macabras evidências do genocídio judeu que os invasores alemães, ajudados por colaboradores ucranianos e lituanos, perpetraram nos territórios ocupados da Polônia e da URSS. À parte de conhecer o horror dos campos como o de Treblinka ou Sobibor, constatou o horrível destino que aguardou aos 100.000 judeus assassinados em Babi Yar ou aos 30.000 de Berdíchev: homens, mulheres e crianças foram massacrados em massa, abatidos a tiro a sangue frio por carrascos alemães e carniceiros nativos, ávidos de violar as mulheres judias. Na Ucrânia e Lituânia odiavam a Stalin como aos judeus, e disto a entusiasta cooperação com os invasores.

A mãe de Grossman morreu em uma das fossas descobertas em Berdíchev. Seu filho, então em Moscou, não atuou a tempo para tirá-la do perigo; o remorso o atormentou por toda a vida. Ante as fossas de Berdíchev, transbordantes de cadáveres desnudos meio decompostos, Grossman tomou consciência do que significava ser judeu na Rússia, célebre por seus históricos pogroms sangrentos e jurou preservar a memória do acontecido.

Junto com Ilia Ehrenburg, Grossman quis publicar um "livro negro" para dar conta do Holocausto na URSS, mas suas ambições chocaram com o Kremlin. Depois da guerra, Stalin ordenou "reescrever a História": não houve mortes de judeus na União Soviética nem colaboracionismo; devia publicar-se só o que os "fascistas" alemães haviam assassinado a centenas de milhares de "cidadãos russos indefesos" sem mais distinções. O propósito de Grossman de divulgar a verdade se truncou: o projeto foi proibido. E o mesmo ocorreu com seus escritos de guerra que já não pode reeditar, ou com suas novelas mais ambiciosas: "Tudo flui" e "Vida e destino". O que Grossman podia revelar contrariava a história oficial do Partido, que sustentava, por exemplo, que Stalin dirigiu em pessoa a batalha de Stalingrado e que sua estratégia de guerra foi impecável.

Educado desde sua juventude no comunismo soviético, entusiasta da fraternidade entre todos os povos de um imenso país, Vasili Grossman conheceu com os anos que a classe do regime tirânico era a que os escravizava. Durante o Terror dos anos trinta viu como seus amigos eram encarcerados sem piedade; assim mesmo, supôs a grande fome a que Stalin condenou a Ucrânia; e logo, na frente bélica, descobriu a necessidade de uns dirigentes que enviavam a morte a milhares de seres humanos como bucha de canhão. Mas nem mesmo sequer uma vez morto Stalin, os regimes de Kruschov ou Bréznev permitiram a Grossman publicar a obra que esteve preparando durante uma década: a mencionada grande novela "Vida e destino", a "Guerra e Paz" do século XX, na qual narrava sem travas o que havia vivido. A KGB requisitou as cópias manuscritas. Se salvou uma que pode sair para o estrangeiro. Só com a Glasnost, em 1988, veio a luz também na Rússia, causando uma enorme comoção.

O poeta russo Mandelstam caracterizou o século XX como o dos "perros lobo"(cães-lobos). John e Carol Garrard aportam em seu esplêndido livro generosa e bem documentada informação sobre as más ações que semelhantes animais irracionais protagonizaram em toda Europa, mas também narram muito bem as vicissitude do próprio Grossman e alguns amigos valorosos para que ao fim de hoje se conheça a amarga verdade que o escritor pôs por divulgar: que ambos totalitarismos, o nazi e o soviético, eram idênticos em sua desumanidade.

Título(espanhol): La vida y el destino de Vasili Grossman
Autores: John e Carol Garrard
Tradução(espanhol) de Lázaro Sanz Velázquez
Encuentro. Madrid, 2010
502 páginas

*Perro lobo: usalmente é o termo empregado para designar Pastor Alemão em português (raça de cachorro), mas há uma raça de cachorro da extinta Tchecoslováquia também chamada Perro Lobo(Cão-lobo).

Fonte: El País(Espanha)
http://www.elpais.com/articulo/portada/Testigo/siglo/perros/lobo/elpepuculbab/20101016elpbabpor_14/Tes
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Grupo skinhead ataca 3 gays na avenida Paulista, diz polícia

Rapaz foi medicado em hospital da capital após ser atacado na Avenida Paulista

Foto: Werther Santana/
Agência Estado
Reduzir Normal Aumentar Imprimir Três homossexuais foram agredidos na manhã do domingo por um grupo de skinheads na avenida Paulista, em São Paulo, segundo a Polícia Militar. Um dos homens foi encontrado desmaiado na altura do número 459 da Paulista, após a agressão, por volta das 6h30.

A PM recebeu uma chamada e, ao chegar ao local, testemunhas informaram que um grupo de jovens havia corrido em direção à estação Brigadeiro do Metrô. A polícia conseguiu alcançar o grupo e deteve os cinco suspeitos de agressão. Segundo a Polícia Civil, quatro deles são menores.

Eles foram levados para o 5º DP (Aclimação). Duas das vítima da agressão foram levadas ao pronto-socorro Vergueiro e um delas foi logo liberada. A outra, menos ferida, foi à delegacia prestar depoimento.

Fonte: Terra
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4791105-EI5030,00-Homem+e+agredido+por+suposto+grupo+de+skinheads+na+Paulista.html

Skinhead condenado a prisão perpétua na Rússia, mas ainda ficam muitos em liberdade

«Skinhead» condenado a prisão perpétua, mas ainda ficam muitos em liberdade

Um membro de um grupo de «skinheads» (cabeças rapadas) foi hoje condenado a prisão perpétua por um tribunal de Moscou por ter assassinado 15 pessoas por “motivos nacionalistas”.

Outro «skinhead», cúmplice nos crimes, terá de cumprir uma pena de 22 anos de prisão de alta segurança.

Segundo a acusação, entre outubro e dezembro de 2007, Vassili Krivetz, de 22 anos, e Dmitri Ufimtsev, de 23 anos, juntaram-se a outros jovens com base na ideia da superioridade racial dos russos em relação às pessoas de origem não eslava.

Entre os meses de outubro de 2007 e maio de 2008, os jovens mataram cidadãos do Tadjiquistão, Uzbequistão, Azerbaijão, Turquia e Rússia. Os crimes foram cometidos, na maioria dos casos, em estações do metropolitano de Moscou com o emprego de facas, martelos e barras metálicas.

Depois dos crimes, os «cabeças rapadas» roubavam as vítimas.

Krivetz foi detido em 2008. Inicialmente, negou as acusações, mas acabou por reconhecer alguns assassínios e colaborar com a justiça.

Durante a investigação prévia, quando Krivetz foi levado a uma estação de metro da capital russa onde assassinara um músico idoso “porque era judeu”, conseguiu fugir, tendo sido detido um ano depois.

O julgamento decorreu sob fortes medidas de segurança.

Este é o terceiro «skinhead» russo a ser condenado a prisão perpétua.

A incidência de ataques racistas na Rússia sofreu aumento de 39% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2009, enquanto cresceu o número de grupos radicais neonazistas, que são mais de 150, informou nesta quinta-feira o Ministério do Interior.

"Aumentou o número de grupos radicais que baseiam a sua ideologia na intolerância étnica, racial e religiosa", declarou o general Serguei Guirko, chefe do Instituto de Pesquisas Científicas do Ministério do Interior.

Segundo Guirko, existem atualmente na Rússia mais de 150 grupos radicais neonazis, que põem em prática a sua ideologia através da violência e de assassinatos por motivos étnicos, racistas e religiosos. Em 2007, foram registrados 356 ataques deste tipo, número que saltou para 460 em 2008 e para 548 em 2009.

"O ano 2010 não é uma exceção. No primeiro semestre, foram registrados 370 ataques, o que representa 39% mais que no mesmo período do ano passado", detalhou Guirko, citado pela agência Interfax. Os números poderiam ser ainda maiores, porque, como afirmou Guirko, muitos ataques extremistas são classificados inicialmente como delitos cometidos por outros motivos, "já que os grupos extremistas se caracterizam pela sua ligação a círculos criminosos".

A ONG de direitos humanos Sova denunciou, no início de outubro, que 23 pessoas morreram e outras 242 ficaram feridas em ataques xenófobos no país em 2010. O principal alvo deste tipo de ataques são imigrantes procedentes do Cáucaso e da Ásia Central, membros de movimentos juvenis alternativos e representantes de minorias sexuais.

Fonte: SIC(Portugal)/Da Rússia
http://darussia.blogspot.com/2010/10/skinhead-condenado-prisao-perpetua-mas.html
http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/Skinhead+condenado+a+prisao+perpetua+por+tribunal+de+Moscovo.htm

Observação: o link original do SIC, que foi citado acima, encontra-se indisponível ou dando erro, o que obrigou a ter que copiar o mesmo texto que fora previamente postado no blog Da Rússia.

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