O bispo britânico Richard Williamson, que há três anos causou grande constrangimento ao Vaticano ao negar a existência do Holocausto, foi expulso da Irmandade de Pio 10, comunidade católica ultraconservadora e que não é reconhecida oficialmente pelo papa.
A irmandade considerou que Williamson não tratou sua direção com o devido respeito e com obediência. O anúncio foi feito nesta quarta-feira por um porta-voz da ordem, em Stuttgart, na Alemanha.
Fabrice Coffrini/AFP
Em 2011, o bispo Richard Williamson participa de uma missa da Irmandade de Pio 10 na Suíça. Ele foi expulso da ordem nesta quarta-feira
Anteriormente, Williamson, 72, já havia sido afastado pela direção da ordem, presidida pelo bispo Bernard Fellay. A irmandade permitia apenas que ele pregasse, mas impedia que fizesse outro tipo de aparição pública.
Williamson escreveu em seu site pessoal que Fellay e Niklaus Pfluger, outro dirigente do alto escalão da ordem, eram fanáticos. Para ele, Pfluger tinha um "espírito maligno".
Fellay pediu que ele retirasse os comentários, sob pena de expulsão. Como Williamson se recusou a fazê-lo, Fellay cumpriu a ameaça.
Fontes da irmandade dizem que a expulsão do bispo pode acelerar o processo de reconciliação entre a ordem e o Vaticano.
NEGAÇÃO DO HOLOCAUSTO
Em 2010, Williamson foi multado por um tribunal alemão no valor de € 10 mil (R$ 26,2 mil), que considerava que ele havia incitado o ódio racial ao declarar que o Holocausto nunca aconteceu. A sentença foi anulada por erros judiciais, mas, em 2013, o processo deverá ser reaberto.
As declarações de Williamson foram dadas pouco antes de o Vaticano retirar sua excomunhão, assim como a de outros três bispos, todos da Irmandade de Pio 10. A Santa Sé tentava, então, uma reaproximação com a irmandade.
As afirmações do bispo britânico fizeram com que até mesmo a chanceler alemã Angela Merkel pedisse à Igreja Católica que se distanciasse dele.
Fonte: AFP/Jornal Floripa
http://www.jornalfloripa.com.br/mundo/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=24733
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Relatório aponta "níveis alarmantes" de ataques racistas na Grécia
Crise Econômica
Ataques motivados por racismo chegaram a "níveis alarmantes" na Grécia e as autoridades não estão se movimentando para evitá-los. A conclusão é de um relatório da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
De acordo com a agência, 87 ataques racistas foram registrados entre janeiro e setembro deste ano. Segundo o relatório, os números reais devem ser maiores, já que as vítimas desse tipo de ataque têm medo de procurar a polícia.
A Grécia é uma entrada para a Europa para muitos imigrantes asiáticos e africanos. A escalada nos números de atos racistas é simultânea à crescente e profunda crise econômica que se abate sobre o país.
"As vítimas dizem que há áreas em Atenas que elas simplesmente não frequentam, devido ao medo dos ataques", diz o comunicado. "É chocante que ninguém até agora tenha sido condenado por cometer um ataque motivado por racismo."
A ACNUR registra que a maior parte dos ataques acontecem em espaços abertos ou no transporte público. Muitas das vítimas relatam terem sido atacadas por grupos de homens vestidos de preto, que usam máscaras e capacetes para proteger o rosto.
Entre os casos mais violentos, estão o de um jovem iraquiano esfaqueado até a morte, em agosto, e o de um albanês morto com uma espada por um motoqueiro mascarado, em maio. Outras ações violentas incluem o uso de tacos, pés-de-cabra e cães.
"Hoje, precisamos soar todos os alarmes, porque a violência racista e a ameaça do fascismo estão espalhadas pelo país e são perigosas para a democracia", disse Costis Papaioannou, líder da Comissão Nacional de Direitos Humanos.
EXTREMISMO
O partido de extrema-direita Aurora Dourada tem subido em popularidade, de acordo com pesquisa divulgada na última semana.
O Aurora Dourada tem o apoio de 14% dos gregos, o dobro da porcentagem que o partido teve nas eleições de junho, quando conseguiu uma cadeira no Parlamento.
O partido nega envolvimento com o nazismo. No entanto, seu líder, Nikolaos Mihaloliakos, nega a existência do Holocausto e o parlamentar eleito, Eleni Zaroulia, chegou a dizer que imigrantes são subumanos, na última semana. O símbolo do Aurora Dourada também é parecido com uma suástica.
CRISE
A Grécia passa por uma crise econômica devastadora. O desemprego no país atingiu a marca de 25% em julho, num recorde histórico. A taxa afeta 54,2% dos jovens entre 15 e 24 anos sem estudos e 31,4% na faixa de 25 a 34 anos.
As autoridades do país divulgaram no início de outubro uma previsão de 3,8% de contração do PIB para este ano, confirmando o sexto ano consecutivo de recessão. Sucessivos cortes têm sido feitos para sanar as dívidas do país, em áreas como educação, aposentadoria e benefícios sociais.
Fonte: Jornal Floripa/Agências de Notícia
http://www.jornalfloripa.com.br/mundo/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=24669
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Ataques motivados por racismo chegaram a "níveis alarmantes" na Grécia e as autoridades não estão se movimentando para evitá-los. A conclusão é de um relatório da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
De acordo com a agência, 87 ataques racistas foram registrados entre janeiro e setembro deste ano. Segundo o relatório, os números reais devem ser maiores, já que as vítimas desse tipo de ataque têm medo de procurar a polícia.
A Grécia é uma entrada para a Europa para muitos imigrantes asiáticos e africanos. A escalada nos números de atos racistas é simultânea à crescente e profunda crise econômica que se abate sobre o país.
"As vítimas dizem que há áreas em Atenas que elas simplesmente não frequentam, devido ao medo dos ataques", diz o comunicado. "É chocante que ninguém até agora tenha sido condenado por cometer um ataque motivado por racismo."
A ACNUR registra que a maior parte dos ataques acontecem em espaços abertos ou no transporte público. Muitas das vítimas relatam terem sido atacadas por grupos de homens vestidos de preto, que usam máscaras e capacetes para proteger o rosto.
Entre os casos mais violentos, estão o de um jovem iraquiano esfaqueado até a morte, em agosto, e o de um albanês morto com uma espada por um motoqueiro mascarado, em maio. Outras ações violentas incluem o uso de tacos, pés-de-cabra e cães.
"Hoje, precisamos soar todos os alarmes, porque a violência racista e a ameaça do fascismo estão espalhadas pelo país e são perigosas para a democracia", disse Costis Papaioannou, líder da Comissão Nacional de Direitos Humanos.
EXTREMISMO
O partido de extrema-direita Aurora Dourada tem subido em popularidade, de acordo com pesquisa divulgada na última semana.
O Aurora Dourada tem o apoio de 14% dos gregos, o dobro da porcentagem que o partido teve nas eleições de junho, quando conseguiu uma cadeira no Parlamento.
O partido nega envolvimento com o nazismo. No entanto, seu líder, Nikolaos Mihaloliakos, nega a existência do Holocausto e o parlamentar eleito, Eleni Zaroulia, chegou a dizer que imigrantes são subumanos, na última semana. O símbolo do Aurora Dourada também é parecido com uma suástica.
CRISE
A Grécia passa por uma crise econômica devastadora. O desemprego no país atingiu a marca de 25% em julho, num recorde histórico. A taxa afeta 54,2% dos jovens entre 15 e 24 anos sem estudos e 31,4% na faixa de 25 a 34 anos.
As autoridades do país divulgaram no início de outubro uma previsão de 3,8% de contração do PIB para este ano, confirmando o sexto ano consecutivo de recessão. Sucessivos cortes têm sido feitos para sanar as dívidas do país, em áreas como educação, aposentadoria e benefícios sociais.
Fonte: Jornal Floripa/Agências de Notícia
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terça-feira, 23 de outubro de 2012
Richard Rhodes - Mestres da morte: a invenção do holocausto pela SS nazista (livro)
MESTRES DA MORTE: OS EINSATZGRUPPEN E A ORIGEM DO HOLOCAUSTO* – Richard Rhodes
Os Einsatzgruppen eram os "batalhões da morte" que seguiam a Wehrmacht (de muito, muito perto) durante a invasão da URSS em 1941, e até a partida do sistema dos campos de extermínio em 1942, depois da Conferência de Wannsee. Estavam divididos em quatro grupos, enunciados de A a D, que operavam em distintos setores do Front, desdobrando-se de Norte a Sul. Por sua vez, cada Einsatzgruppe era dividido em vários Einsatzkommandos, que atuavam com bastante autonomia em relação ao grupo originário. Liderados por profissionais com diploma (sobretudo advogados, mas também arquitetos, economistas e médicos), menos de cinco mil homens (e sim, apoiados pontualmente em suas matanças por forças das Waffen-SS, a Polícia e milícias locais) acabaram com mais de um milhão de vidas em pouco mais de um ano. Como isso pode ser possível?
Bem, a essa pergunta trata de responder, precisamente, este livro. A primeira coisa que quero dizer é que, em que pese o título, não se trata de uma obra sensacionalista. Pelo contrário, o autor, depois de expor alguns fatos nos quais o horror é o fator dominante, tenta racionalizar as posturas de "uns" e outros, e entender como aqueles se comportaram como uns calejados assassinos, e como os outros se "deixaram apanhar" sem maior resistência.
Assim que, para o comportamento dos criminosos, adota-se uma teoria que fala do paulatino embrutecimento de quem se vê imerso em uma situação de máxima violência, explicando como tropas que num princípio se sentiam totalmente incapazes de matar a sangue frio, chegam a assassinar sem maiores problemas mulheres e crianças inocentes (e eu acrescento, mudaria algo se fossem culpados?). Assinala que em muitos casos não havia ocorrido nesses "soldados" uma conduta violenta prévia ou uma predisposição para isto. Bem, a teoria, obviamente, não é tão compacta como a expus aqui agora, e pode se aceitar ou não como explicação, mas certamente, para mim, parece-me razoável.
Por outra parte, para ele, em geral, o comportamento pacífico dos judeus nesta fase do extermínio,pesa o fato de virem de lares em geral muito mais educados e pacíficos que a média da Europa da época, algo que influiu um pouco nesta conduta. A isto, segundo Rhodes, há que unir o desconcerto, o temor, os golpes, os cachorros, os homens armados, a incapacidade de assumir a situação até o último momento... tudo isto anula, de cara, qualquer atitude de heroísmo ou rebeldia, e leva a um compreensível comportamento submisso, tão humano, como bem assinala o autor, e digno de empatia como o mais galhardo dos gestos desafiantes à morte. Ao falar da surpresa de Eichmann quando contemplou como alguns judeus se atiravam sem que ninguém os empurrasse para a fossa, a esperar ali o “Genickschüssen” descarregado com postura germânica, o autor assinala a igual incongruência dos jovens lançados a uma carreira suicida ante as metralhadoras inimigas para tomar a trincheira seguinte. Acredito que uma boa comparação, é que provavelmente ambas condutas respondam ao mesmo princípio psicológico.
Outro aspecto que me impactou do livro é, não por ser mais conhecida mas não menos aterradora, a profunda implicação da população local nas execuções em massa (link: Holocausto na Letônia). À parte do clássico exemplo do jovem lituano que matou a golpes muitos judeus em Kaunas, posando a continuação do ato orgulhoso no meio dos cadáveres, destaca o fato de que em várias ocasiões bastava os alemães conclamar à "vingança" os habitantes não-judeus para lhes desencadear uma terrível matança. Isso para não falar do recrutamento de milícias e polícias locais e sua entusiasta colaboração com os Einsatzgruppen.
Enfim, um livro impactante e que se tira muitíssimo dele. Altamente recomendável para "amadores" e conhecedores.
Publicado por Germánico
Fonte: hislibros
http://www.hislibris.com/amos-de-la-muerte-los-einsatzgruppen-y-el-origen-del-holocausto-richard-rhodes/
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: o título original em inglês do livro é Masters of Death: The SS-Einsatzgruppen and the Invention of the Holocaust (tradução livre: Mestres da Morte: Os SS-Einsatzgruppen e a invenção do Holocausto), em português o título omite a palavra Einsatzgruppen. A tradução da crítica é do espanhol onde o título é o traduzido logo no início do texto.
Ver também:
Ranking de livros em português sobre o Holocausto (Bibliografia)
Os Einsatzgruppen eram os "batalhões da morte" que seguiam a Wehrmacht (de muito, muito perto) durante a invasão da URSS em 1941, e até a partida do sistema dos campos de extermínio em 1942, depois da Conferência de Wannsee. Estavam divididos em quatro grupos, enunciados de A a D, que operavam em distintos setores do Front, desdobrando-se de Norte a Sul. Por sua vez, cada Einsatzgruppe era dividido em vários Einsatzkommandos, que atuavam com bastante autonomia em relação ao grupo originário. Liderados por profissionais com diploma (sobretudo advogados, mas também arquitetos, economistas e médicos), menos de cinco mil homens (e sim, apoiados pontualmente em suas matanças por forças das Waffen-SS, a Polícia e milícias locais) acabaram com mais de um milhão de vidas em pouco mais de um ano. Como isso pode ser possível?
Bem, a essa pergunta trata de responder, precisamente, este livro. A primeira coisa que quero dizer é que, em que pese o título, não se trata de uma obra sensacionalista. Pelo contrário, o autor, depois de expor alguns fatos nos quais o horror é o fator dominante, tenta racionalizar as posturas de "uns" e outros, e entender como aqueles se comportaram como uns calejados assassinos, e como os outros se "deixaram apanhar" sem maior resistência.
Assim que, para o comportamento dos criminosos, adota-se uma teoria que fala do paulatino embrutecimento de quem se vê imerso em uma situação de máxima violência, explicando como tropas que num princípio se sentiam totalmente incapazes de matar a sangue frio, chegam a assassinar sem maiores problemas mulheres e crianças inocentes (e eu acrescento, mudaria algo se fossem culpados?). Assinala que em muitos casos não havia ocorrido nesses "soldados" uma conduta violenta prévia ou uma predisposição para isto. Bem, a teoria, obviamente, não é tão compacta como a expus aqui agora, e pode se aceitar ou não como explicação, mas certamente, para mim, parece-me razoável.
Por outra parte, para ele, em geral, o comportamento pacífico dos judeus nesta fase do extermínio,pesa o fato de virem de lares em geral muito mais educados e pacíficos que a média da Europa da época, algo que influiu um pouco nesta conduta. A isto, segundo Rhodes, há que unir o desconcerto, o temor, os golpes, os cachorros, os homens armados, a incapacidade de assumir a situação até o último momento... tudo isto anula, de cara, qualquer atitude de heroísmo ou rebeldia, e leva a um compreensível comportamento submisso, tão humano, como bem assinala o autor, e digno de empatia como o mais galhardo dos gestos desafiantes à morte. Ao falar da surpresa de Eichmann quando contemplou como alguns judeus se atiravam sem que ninguém os empurrasse para a fossa, a esperar ali o “Genickschüssen” descarregado com postura germânica, o autor assinala a igual incongruência dos jovens lançados a uma carreira suicida ante as metralhadoras inimigas para tomar a trincheira seguinte. Acredito que uma boa comparação, é que provavelmente ambas condutas respondam ao mesmo princípio psicológico.
Outro aspecto que me impactou do livro é, não por ser mais conhecida mas não menos aterradora, a profunda implicação da população local nas execuções em massa (link: Holocausto na Letônia). À parte do clássico exemplo do jovem lituano que matou a golpes muitos judeus em Kaunas, posando a continuação do ato orgulhoso no meio dos cadáveres, destaca o fato de que em várias ocasiões bastava os alemães conclamar à "vingança" os habitantes não-judeus para lhes desencadear uma terrível matança. Isso para não falar do recrutamento de milícias e polícias locais e sua entusiasta colaboração com os Einsatzgruppen.
Enfim, um livro impactante e que se tira muitíssimo dele. Altamente recomendável para "amadores" e conhecedores.
Publicado por Germánico
Fonte: hislibros
http://www.hislibris.com/amos-de-la-muerte-los-einsatzgruppen-y-el-origen-del-holocausto-richard-rhodes/
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: o título original em inglês do livro é Masters of Death: The SS-Einsatzgruppen and the Invention of the Holocaust (tradução livre: Mestres da Morte: Os SS-Einsatzgruppen e a invenção do Holocausto), em português o título omite a palavra Einsatzgruppen. A tradução da crítica é do espanhol onde o título é o traduzido logo no início do texto.
Ver também:
Ranking de livros em português sobre o Holocausto (Bibliografia)
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Memorial aos ciganos vítimas do Holocausto será inaugurado em Berlim
De Céline LE PRIOUX (AFP) – Há 6 horas
BERLIM — Mais de 65 anos depois do Holocausto, a chanceler alemã, Angela Merkel, irá inaugurar nesta quarta-feira, em Berlim, um memorial aos ciganos vítimas do nazismo, no momento em que esta comunidade ainda enfrenta casos de racismo e discriminação na Europa.
Quase 500 mil sinti e roms da Europa, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha e considerados "racialmente inferiores", foram assassinados pelo III Reich, segundo estimativas oficiais.
Situado em frente ao Parlamento alemão, o memorial aos sinti e roms, criado pela artista israelense Dani Karavan, consiste em um eixo com um pilar central no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida. Ele está localizado perto de um outro dedicado às vítimas do Holocausto e um dedicado aos homossexuais mortos pelos nazistas.
"O Holocausto contra os ciganos - ou "Porajmos", que significa literalmente devorar - tem sido por muito tempo negado e não tem sido objeto de pesquisas históricas, não só na Alemanha, mas também em outros países como a França de Vichy ou países do Leste Europeu que participaram da perseguição", considerou o historiador Wolfgang Wippermann, da Universidade Livre de Berlim.
"Ao contrário dos judeus, que os nazistas perseguiam pela sua religião, os ciganos, católicos em sua maioria, não eram necessariamente identificáveis entre outros cidadãos", explica Romani Rose, presidente do Conselho Central alemão dos sinti e roms.
Para remediar esta situação, os "pesquisadores raciais" da Alemanha nazista gravaram uma série de características e estabeleceram genealogias que às vezes remontavam ao século XVI, para detectar um "ancestral cigano", a fim de enviar para os campos de extermínio os "de sangue misturado". Em Auschwitz e em Ravensbrück, eles serviram como cobaias para experiências médicas.
A RFA reconheceu oficialmente este genocídio em 1982, com um gesto do chanceler Helmut Schmidt. E em 1997, o presidente Roman Herzog ressaltou pela primeira vez que ele teve a mesma motivação racista e que havia sido praticado pelos nazistas com a mesma resolução e o mesmo desejo que o extermínio dos judeus.
Atualmente, 11 milhões de ciganos vivem no continente europeu, entre eles sete milhões na União Europeia, principalmente na Europa Central e do Sudeste, na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.
A maior minoria étnica na Europa é também a mais pobre, que sofre com a discriminação e o racismo. Rose denuncia principalmente a situação na Romênia, onde foram libertados da escravidão em 1856, na Bulgária, Hungria, Eslováquia, mas também na França e Itália.
A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocou a migração de alguns para o oeste mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.
Atualmente vivem na Alemanha cerca de 70 mil ciganos de nacionalidade alemã. "Eles não são nômades e suas famílias estão, por vezes, instaladas há 600 anos em nosso país", indica Wippermann.
Eles fazem parte desde 1997 das quatro minorias protegidas na Alemanha, como os dinamarqueses e os frísios instalados no norte, e os sorbs que vivem no leste.
Nas últimas duas décadas, várias dezenas de milhares de ciganos originários do Leste Europeu também tentaram uma chance na Alemanha. Mas não existem campos selvagens, com dizia o presidente Nicolas Sarkozy há dois anos, afirmando que Angela Merkel procederia com evacuações.
Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de fazer parar essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jcaxA9djip7D5zxIC3LV5EhX9knw?docId=CNG.33a5fe2e73c231d7d6abac75c4abd70b.41
Ver mais:
El Holocausto gitano, por fin reconocido (Deutsche Welle, Alemanha)
Berlín inaugura su monumento en memoria de los gitanos víctimas del Holocausto (AFP, em espanhol)
BERLIM — Mais de 65 anos depois do Holocausto, a chanceler alemã, Angela Merkel, irá inaugurar nesta quarta-feira, em Berlim, um memorial aos ciganos vítimas do nazismo, no momento em que esta comunidade ainda enfrenta casos de racismo e discriminação na Europa.
Quase 500 mil sinti e roms da Europa, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha e considerados "racialmente inferiores", foram assassinados pelo III Reich, segundo estimativas oficiais.
Situado em frente ao Parlamento alemão, o memorial aos sinti e roms, criado pela artista israelense Dani Karavan, consiste em um eixo com um pilar central no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida. Ele está localizado perto de um outro dedicado às vítimas do Holocausto e um dedicado aos homossexuais mortos pelos nazistas.
"O Holocausto contra os ciganos - ou "Porajmos", que significa literalmente devorar - tem sido por muito tempo negado e não tem sido objeto de pesquisas históricas, não só na Alemanha, mas também em outros países como a França de Vichy ou países do Leste Europeu que participaram da perseguição", considerou o historiador Wolfgang Wippermann, da Universidade Livre de Berlim.
"Ao contrário dos judeus, que os nazistas perseguiam pela sua religião, os ciganos, católicos em sua maioria, não eram necessariamente identificáveis entre outros cidadãos", explica Romani Rose, presidente do Conselho Central alemão dos sinti e roms.
Para remediar esta situação, os "pesquisadores raciais" da Alemanha nazista gravaram uma série de características e estabeleceram genealogias que às vezes remontavam ao século XVI, para detectar um "ancestral cigano", a fim de enviar para os campos de extermínio os "de sangue misturado". Em Auschwitz e em Ravensbrück, eles serviram como cobaias para experiências médicas.
A RFA reconheceu oficialmente este genocídio em 1982, com um gesto do chanceler Helmut Schmidt. E em 1997, o presidente Roman Herzog ressaltou pela primeira vez que ele teve a mesma motivação racista e que havia sido praticado pelos nazistas com a mesma resolução e o mesmo desejo que o extermínio dos judeus.
Atualmente, 11 milhões de ciganos vivem no continente europeu, entre eles sete milhões na União Europeia, principalmente na Europa Central e do Sudeste, na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.
A maior minoria étnica na Europa é também a mais pobre, que sofre com a discriminação e o racismo. Rose denuncia principalmente a situação na Romênia, onde foram libertados da escravidão em 1856, na Bulgária, Hungria, Eslováquia, mas também na França e Itália.
A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocou a migração de alguns para o oeste mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.
Atualmente vivem na Alemanha cerca de 70 mil ciganos de nacionalidade alemã. "Eles não são nômades e suas famílias estão, por vezes, instaladas há 600 anos em nosso país", indica Wippermann.
Eles fazem parte desde 1997 das quatro minorias protegidas na Alemanha, como os dinamarqueses e os frísios instalados no norte, e os sorbs que vivem no leste.
Nas últimas duas décadas, várias dezenas de milhares de ciganos originários do Leste Europeu também tentaram uma chance na Alemanha. Mas não existem campos selvagens, com dizia o presidente Nicolas Sarkozy há dois anos, afirmando que Angela Merkel procederia com evacuações.
Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de fazer parar essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jcaxA9djip7D5zxIC3LV5EhX9knw?docId=CNG.33a5fe2e73c231d7d6abac75c4abd70b.41
Ver mais:
El Holocausto gitano, por fin reconocido (Deutsche Welle, Alemanha)
Berlín inaugura su monumento en memoria de los gitanos víctimas del Holocausto (AFP, em espanhol)
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Morre aos 108 anos o sobrevivente mais velho de Auschwitz
Antoni Dobrowolski, o sobrevivente mais velho do campo de extermínio da Alemanha nazi de Auschwitz-Birkenau morreu com 108 anos de idade, anunciou hoje um dos historiadores oficiais do local, Adam Cyra.
Cyra, historiador do museu de Auschwitz-Birkenau, disse que Dobrowolski morreu na cidade de Debno, no noroeste da Polónia. Professor primário, Dobrowolski manteve aulas secretas durante a ocupação nazi da Polónia, na Segunda Guerra Mundial, quando os nazis proibiram a população local de ir à escola.
Preso em 1942 pela Gestapo, a polícia secreta nazi, Dobrowolski foi enviado para o campo da morte de Auschwitz, em território polaco então anexado pela Alemanha. Os nazis transferiram depois Antoni Dobrowolski para os campos de Gross Rosen e Sachsenhausen, ambos na Alemanha.
O professor sobreviveu até à libertação do campo de Sachsenhausen, pelas forças soviéticas e polacas, em 1945. De regresso à Polónia após a guerra, Dobrowolski dirigiu primeiro uma escola primária em Debno e, depois, uma escola secundária.
Auschwitz-Birkenau é um dos mais duradouros e fortes símbolos do Holocausto e da campanha de genocídio contra os judeus da Europa, por parte dos alemães, na Segunda Guerra Mundial.
Após o fim da guerra, em 1945, as autoridades polacas transformaram o campo de extermínio num museu e memorial. Um ano depois de invadirem a Polónia em 1939, os nazis abriram o que viria a ser, mais tarde, um vasto complexo a sul da cidade de Oswiecim (Auschwitz em alemão), inicialmente para prender e matar prisioneiros polacos, como Dobrowolski.
Mais tarde, o campo cresceu até à vizinha aldeia de Brzezinka, ou Birkenau, quando a Alemanha nazi expandiu o Holocausto a uma escala industrial. Dos seis milhões de judeus mortos pelos nazis durante a guerra, um milhão foi assassinado no campo, principalmente em câmaras de gás, junto com dezenas de milhares de outras pessoas, incluindo polacos, ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos.
Lusa
Fonte: SIC (Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2012/10/22/morre-aos-108-anos-o-sobrevivente-mais-velho-de-auschwitz
Ver mais:
Mais velho ex-prisioneiro de Auschwitz falece aos 108 anos (AFP/Terra)
Holocausto: falleció el sobreviviente más anciano de Auschwitz (observadorglobal.com)
Muere a los 108 años el superviviente más anciano de Auschwitz (El Periódico, Espanha)
Cyra, historiador do museu de Auschwitz-Birkenau, disse que Dobrowolski morreu na cidade de Debno, no noroeste da Polónia. Professor primário, Dobrowolski manteve aulas secretas durante a ocupação nazi da Polónia, na Segunda Guerra Mundial, quando os nazis proibiram a população local de ir à escola.
Preso em 1942 pela Gestapo, a polícia secreta nazi, Dobrowolski foi enviado para o campo da morte de Auschwitz, em território polaco então anexado pela Alemanha. Os nazis transferiram depois Antoni Dobrowolski para os campos de Gross Rosen e Sachsenhausen, ambos na Alemanha.
O professor sobreviveu até à libertação do campo de Sachsenhausen, pelas forças soviéticas e polacas, em 1945. De regresso à Polónia após a guerra, Dobrowolski dirigiu primeiro uma escola primária em Debno e, depois, uma escola secundária.
Auschwitz-Birkenau é um dos mais duradouros e fortes símbolos do Holocausto e da campanha de genocídio contra os judeus da Europa, por parte dos alemães, na Segunda Guerra Mundial.
Após o fim da guerra, em 1945, as autoridades polacas transformaram o campo de extermínio num museu e memorial. Um ano depois de invadirem a Polónia em 1939, os nazis abriram o que viria a ser, mais tarde, um vasto complexo a sul da cidade de Oswiecim (Auschwitz em alemão), inicialmente para prender e matar prisioneiros polacos, como Dobrowolski.
Mais tarde, o campo cresceu até à vizinha aldeia de Brzezinka, ou Birkenau, quando a Alemanha nazi expandiu o Holocausto a uma escala industrial. Dos seis milhões de judeus mortos pelos nazis durante a guerra, um milhão foi assassinado no campo, principalmente em câmaras de gás, junto com dezenas de milhares de outras pessoas, incluindo polacos, ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos.
Lusa
Fonte: SIC (Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2012/10/22/morre-aos-108-anos-o-sobrevivente-mais-velho-de-auschwitz
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domingo, 21 de outubro de 2012
Jean Meyer analisa o antijudaísmo (livro: A Fábula do Crime Ritual)
Meyer apresentou na noite desta sexta-feira esta obra que, disse, documenta as origens do antijudaísmo na Europa
Um dos mitos que perseguiu o povo judeu desde os primeiros anos do Cristianismo, é a necessidade de usar sangue de uma criança varoa cristã para o pão ázimo da Páscoa, assinalou o investigador Jean Meyer, ao falar sobre sua mais recente publicação denominada de A Fábula do crime ritual.
Acompanhado pelo historiador Enrique Krauze e de um nutrido público na livraria “Rosario Castellanos”, no bairro Condesa da capital do país, Meyer apresentou na noite desta sexta-feira esta obra que, disse, documenta as origens do antijudaismo na Europa.
“Esta mentira desatou a difícil e sangrenta relação entre judeus e cristãos desde as Cruzadas e preparado o caminho para o Holocausto nazi da Segunda Guerra Mundial", manifestou depois de retomar este mito que perseguiu o povo judeu desde os primeiros anos do Cristianismo.
“É a história de sempre: uma criança desaparece na Semana Santa, dias depois seu corpo aparece dilacerado, culpam os judeus e corre o boato do 'crime ritual' e se generaliza uma condenação religiosa a todo um povo" que, de acordo com Meyer, não tem "nenhum texto sagrado judeu que assim o prescrevesse".
No livro, o historiador de origem francesa documenta o "crime ritual", que admitiu que desconhecia até suas investagações que o levaram a descobrir a revista Civilitá Católica, que já desde a cúria romana se manifestava antissemita.
O historiador assinalou que o que levou a escrever A fábula do crime ritual obdeceu uma "motivação pessoal de sensibilização para compreender o texto e contexto do antijudaísmo", mas também de sua relação pessoal com Jules Issac, historiador judeu apreciado por Meyer e; pelo seio da família cristã na qual cresceu.
“Eu me senti com a obrigação de contar essa história", declarou o também investigador do Centro de Inevstigação e Docência Econômicas (CIDE).
Acrescentou que não pretendia "desculpar ou passar a limpo à Igreja Católica senão compreender o contexto e sensibilizar sobre as injustiças que custaram a vida de milhões de judeus”. E se bem, segundo Meyer, o antissemitismo continua presente, confiou na boa relação judaico-cristã.
Domingo 14 de outubro de 2012 Sara Zamora | El Universal
cultura@eluniversal.com.mx
Fonte: El Universal (México)
http://www.eluniversal.com.mx/cultura/70073.html
Tradução: Roberto Lucena
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OBRA. O historiador apresentou seu livro “A fábula do crime ritual”. (Foto: ARQUIVO DE EL UNIVERSAL ) |
Acompanhado pelo historiador Enrique Krauze e de um nutrido público na livraria “Rosario Castellanos”, no bairro Condesa da capital do país, Meyer apresentou na noite desta sexta-feira esta obra que, disse, documenta as origens do antijudaismo na Europa.
“Esta mentira desatou a difícil e sangrenta relação entre judeus e cristãos desde as Cruzadas e preparado o caminho para o Holocausto nazi da Segunda Guerra Mundial", manifestou depois de retomar este mito que perseguiu o povo judeu desde os primeiros anos do Cristianismo.
“É a história de sempre: uma criança desaparece na Semana Santa, dias depois seu corpo aparece dilacerado, culpam os judeus e corre o boato do 'crime ritual' e se generaliza uma condenação religiosa a todo um povo" que, de acordo com Meyer, não tem "nenhum texto sagrado judeu que assim o prescrevesse".
No livro, o historiador de origem francesa documenta o "crime ritual", que admitiu que desconhecia até suas investagações que o levaram a descobrir a revista Civilitá Católica, que já desde a cúria romana se manifestava antissemita.
O historiador assinalou que o que levou a escrever A fábula do crime ritual obdeceu uma "motivação pessoal de sensibilização para compreender o texto e contexto do antijudaísmo", mas também de sua relação pessoal com Jules Issac, historiador judeu apreciado por Meyer e; pelo seio da família cristã na qual cresceu.
“Eu me senti com a obrigação de contar essa história", declarou o também investigador do Centro de Inevstigação e Docência Econômicas (CIDE).
Acrescentou que não pretendia "desculpar ou passar a limpo à Igreja Católica senão compreender o contexto e sensibilizar sobre as injustiças que custaram a vida de milhões de judeus”. E se bem, segundo Meyer, o antissemitismo continua presente, confiou na boa relação judaico-cristã.
Domingo 14 de outubro de 2012 Sara Zamora | El Universal
cultura@eluniversal.com.mx
Fonte: El Universal (México)
http://www.eluniversal.com.mx/cultura/70073.html
Tradução: Roberto Lucena
sábado, 20 de outubro de 2012
Especialistas da ONU exortam Estados a confrontarem a violência e ódio modernos contra os Roma
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Jovens Roma forçosamente deslocados do sudeste da Europa. Muitos não têm cidadania o que afeta suas vidas diárias. Foto: ACNUR / L. Taylor |
Seus comentários chegam no Dia da Lembrança do Holocausto Roma, ou ‘Pharrajimos’ (Porrajmos) na língua Romani, que é observado a cada ano em 2 de Agosto. Cerca de 3,000 Roma e Sinti foram assassinados nas noites de 2-3 de agosto de 1944, quando o campo "Cigano" no campo de concentração do complexo de Auschwitz-Birkenau foi liquidado pelo regime nazista.
A especialista independente da ONU sobre problemas das minorias, Rita Izsák, sendo ela mesma de origem húngaro-Roma, disse que não está sendo feito o suficiente para confrontar “a onda crescente de hostilidade e discriminação contra os Roma na Europa, algo que envergonha as sociedades.”
A Sra. Izsák, a quem a experiência pessoal com o racismo e discriminação motivou seu trabalho pelo direito das minorias, instou os Estados a adotar uma postura de tolerância zero contra atos de extremismo anti-Roma, ódio e violência, de acordo com o comunicado feito pelo Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (OHCHR).
Além disso, o relator especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância, Mutuma Ruteere, pediu por aumento da conscientização e ação para resolver estas questões.
"O ensino nas escolas da história dos Roma, incluindo o genocídio que sofreram durante o regime nazista, e medidas de sensibilização para informar e sensibilizar as populações sobre a identidade Roma e sua cultura são essenciais para enfrentar os preconceitos persistentes que servem de combustível para o racismo e a intolerância contra eles," disse o Sr. Ruteere.
"Deve haver também uma mensagem mais forte de que os Roma (ciganos) são uma parte valiosa da sociedade - e não apenas em palavras, mas em ações concretas - para proteger os Roma e melhorar suas condições de vida e inclusão", acrescentou.
Os especialistas que reportam ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, com um trabalho independente e não pago, saudaram em 2011 os esforços e iniciativas no âmbito do Quadro da União Europeia de estratégias nacionais para integração dos Roma.
No âmbito do Quadro, os países membros da UE concordaram em preparar estratégias nacionais de inclusão dos ciganos, ou um conjunto integrado de medidas políticas mais amplas dentro de suas políticas de inclusão social para melhorar a situação dos ciganos.
As estimativas sugerem que até 12 milhões de ciganos vivem na Europa, e outras populações consideráveis de Romas vivem na América Latina e em outras regiões, a maioria deles à margem da sociedade.
Fonte: site da ONU (UN experts urge States to confront modern-day hatred, violence against Roma)
http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=42606&Cr=+Roma+&Cr1=
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Expertas de ONU piden recordar el Holocausto del pueblo gitano (mizamora)
Expertas de la ONU piden recordar el Holocausto que sufrieron los gitanos (lainformacion.com)
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Deputada grega considerou imigrantes "sub-humanos"
Elena Zaroulia, deputada do partido Neonazi Aurora Dourada, considerou os imigrantes albaneses e russos "sub-humanos que transmitem doenças aos gregos". Palavras polémicas quando foi eleita para o comité de igualdade do Conselho da Europa.
foto Arquivo Global Imagens
Parlamento grego
Elena Zaroulia é deputada do parlamento grego pelo partido neonazi Aurora Dourada, mulher do líder do partido, Nikolaos Michaloliakos, e, na quinta-feira, causou polémica ao classificar os imigrantes na Grécia como "sub-humanos" que têm "todo o tipo de doenças".
O tom do discurso refere termos normalmente usados pelo partido neonazi, mas a polémica instalou-se pelo facto de Elena Zaroulia ter sido eleita, no início de outubro, como membro do comité de igualdade e anti-discriminação do Conselho da Europa.
A declaração foi feita quando a deputada grega criticava os direitos dos imigrantes na Grécia e reclamava tratamento distinto para os gregos de raízes albanesas e russas. O parlamento grego manifestou a sua condenação e pediu à deputada para se redimir das afirmações, mas Elena Zaroulia recusou.
Associações de direitos humanos em vários países já se insurgiram contra Elena Zaroulia e questionaram a nomeação de um membro de um partido xenófobo e antissemita para uma comissão europeia de igualdade racial.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=2837766
Ver mais:
'Immigrants Sub-Humans' says neo-Nazi Golden Dawn Female MP as Police Collusion Row Intensifies (International Business Times)
Deputada grega diz que imigrantes são «sub-humanos» (tvi24, Portugal)
foto Arquivo Global Imagens
Parlamento grego
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Deputada grega considerou imigrantes "sub-humanos" |
O tom do discurso refere termos normalmente usados pelo partido neonazi, mas a polémica instalou-se pelo facto de Elena Zaroulia ter sido eleita, no início de outubro, como membro do comité de igualdade e anti-discriminação do Conselho da Europa.
A declaração foi feita quando a deputada grega criticava os direitos dos imigrantes na Grécia e reclamava tratamento distinto para os gregos de raízes albanesas e russas. O parlamento grego manifestou a sua condenação e pediu à deputada para se redimir das afirmações, mas Elena Zaroulia recusou.
Associações de direitos humanos em vários países já se insurgiram contra Elena Zaroulia e questionaram a nomeação de um membro de um partido xenófobo e antissemita para uma comissão europeia de igualdade racial.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=2837766
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'Immigrants Sub-Humans' says neo-Nazi Golden Dawn Female MP as Police Collusion Row Intensifies (International Business Times)
Deputada grega diz que imigrantes são «sub-humanos» (tvi24, Portugal)
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Meio século depois Hollande admite matança de argelinos em Paris
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Meio século depois Hollande admite matança de argelinos em Paris |
O reconhecimento veio no 51º aniversário da manifestação de 17 de Outubro de 1961 e a pouco tempo de uma visita oficial à Argélia que o presidente francês tem agendada para o início de Dezembro. A manifestação brutalmente reprimida em 1961 fora convocada por organizações afectas ao movimento de libertação argelino FLN e dirigia-se contra o reclher obrigatório que apenas se aplicava aos argeilinos.
A manifestação terá reunido entre 20.000 e 50.000 pessoas e a maior parte dos mortos não foram vítimas de violência na rua, e sim nas esquadras, após a detenção. Um grande número foi lançado ao rio Sena, tendo os cadáveres continuado a aparecer nos dias seguintes, como denunciaram contra os desmentidos oficiais principalmente os jornais Le Monde, Libération e L'Humanité.
No lacónico comunicado do presidente Hollande, o balanço da repressão policial daquele dia é descrito como uma "tragédia" e refere-se a necessidade "não de vingança ou arrependimento, mas de do direito, por meio da verdade". O embaixador argelino em Paris, Missoum Sbih, comentou favoravelmente esta admissão do facto em si, que há muito era reivindicada pelo Governo argelino. Segundo Sbih, há no comunicado "vários sinais positivos e encorajadores".
Direita francesa furiosa com Hollande
Embora o comunicado em momento algum admita a existência de culpas da polícia francesa ou peça perdão às famílias das vítimas, os "sinais positivos" nele lidos pelo embaixador argelino já foram suficientes para desencadear um vendaval de protestos da direita francesa.
Assim, o líder parlamentar da UMP, Christian Jacob, considerou "intolerável" que o comportamento da polícia e o conjunto da República fossem postos em causa pelo comunicado. O dirigente histórico da Frente Nacional (extrema-direita) Jean-Marie Le Pen, conhecido por ter praticado a tortura em larga escala durante a Guerra da Argélia, afirmou que Hollande não tem o direito de se pronunciar sobre alegadas culpas da França.
E o ex-primeiro-ministro Fraçois Fillon, segundo citação do diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, interrogou-se retoricamente: "E o que é feito dos crimes que foram cometidos na Argélia após a independência, com os massacres contra os Harkis [soldados argelinos que serviram o exército francês], o que é feito dos arquivos argelinos, que nunca foram abertos?" E logo sugeriu: "Ou bem que tudo se revela à luz do dia, ou então o melhor é esquecer todo o assunto".
Papon: primeiro genocida anti-judeu, depois anti-árabe
Seja como for, os arquivos franceses ficarão abertos e permitirão conferir os cálculos dos historiadores - geralmente entre os 50 e os 200 mortos. Um dos mais conhecidos, da autoria do historiador francês Jean-Luc Einaudi, aponta para as duas centenas.
O balanço de Einaudi, que utilizava já o termo "massacre", deu na altura origem a um processo por difamação intentado por aquele que fora o prefeito da Polícia de Paris à data da manifestação: Maurice Papon. Este viria, por sua vez, a sentar-se depois no banco dos réus, não pela repressão de 17 de Outubro, mas pela sua colaboração com os nazis com vista a organizar a deportação de judeus para os campos de extermínio.
Papon viria a ser despojado de todas as suas condecorações e condenado a dez anos de prisão em 1998, por crimes contra a humanidade cometidos ao serviço do regime colaboracionista de Vichy. Mas acabou por cumprir apenas um ano de prisão, vindo a ser libertado por razões de saúde em 2000 e morrendo em 2002.
António Louçã, RTP 18 Out, 2012, 18:15 / atualizado em 18 Out, 2012, 18:30
DR
Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=596337&tm=7&layout=121&visual=49
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012
O "tratamento" dado a Pressac pelos negadores do Holocausto
O "tratamento" dado a Pressac
Como os negadores do Holocausto confeccionam os seus argumentos
O seguinte desenho abaixo, do livro Die Krematorien von Auschwitz (Os Crematórios de Auschwitz), foi criticado por Helmut Fuchs num texto na Usenet porque em sua opinião o desenho não corresponderia à realidade em alguns detalhes. [1]
Por essas supostas discrepâncias no desenho Helmut Fuchs critica Pressac, no entanto omite que o próprio Pressac, na legenda do desenho no documento 32, diz algo sobre uma discrepância mais grave. Na legenda do desenho diz o seguinte:
(o forno de 3 muflas, que pode parcialmente ser visto ao fundo, encontrava-se na realidade no piso térreo).
Pressac, Documento 32
O Sr. Fuchs omitiu a informação de Pressac na legenda do desenho a fim de acusá-lo de imprecisão sobre o mesmo.
Tal utilização manipuladora de fontes é típica da "busca revisionista pela "verdade" dos negacionistas do Holocausto. Por não terem argumentos viáveis, portanto, recorrem a distorções e falsificações.
Fonte
Message-ID: <6z1vnpqI2ZB@hfupoint.ius.gun.de>
Fonte: Holocaust-Referenz (Alemanha)
http://www.h-ref.de/personen/pressac-jean-claude/pressac.php
Tradução: Roberto Lucena
Revisão(texto): Roberto Muehlenkamp
Como os negadores do Holocausto confeccionam os seus argumentos
O seguinte desenho abaixo, do livro Die Krematorien von Auschwitz (Os Crematórios de Auschwitz), foi criticado por Helmut Fuchs num texto na Usenet porque em sua opinião o desenho não corresponderia à realidade em alguns detalhes. [1]
Por essas supostas discrepâncias no desenho Helmut Fuchs critica Pressac, no entanto omite que o próprio Pressac, na legenda do desenho no documento 32, diz algo sobre uma discrepância mais grave. Na legenda do desenho diz o seguinte:
(o forno de 3 muflas, que pode parcialmente ser visto ao fundo, encontrava-se na realidade no piso térreo).
Pressac, Documento 32
O Sr. Fuchs omitiu a informação de Pressac na legenda do desenho a fim de acusá-lo de imprecisão sobre o mesmo.
Tal utilização manipuladora de fontes é típica da "busca revisionista pela "verdade" dos negacionistas do Holocausto. Por não terem argumentos viáveis, portanto, recorrem a distorções e falsificações.
Fonte
Message-ID: <6z1vnpqI2ZB@hfupoint.ius.gun.de>
Fonte: Holocaust-Referenz (Alemanha)
http://www.h-ref.de/personen/pressac-jean-claude/pressac.php
Tradução: Roberto Lucena
Revisão(texto): Roberto Muehlenkamp
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Jovens "herdam" os números que marcaram os judeus no Holocausto
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Eli Sagir |
O braço de Ayal Guelles se parece com que tinha seu avô Abramo Najson há quase sete décadas: fez-se uma tatuagem idêntica, no mesmo lugar, com os mesmos caracteres, o mesmo número: A-15510, com a qual um alemão o marcou no campo de extermínio de Auschwitz.
"É um símbolo de minha forte conexão com meu avô, sua herança. Mas também tem outro significado mais abstrato: uma denúncia de como transformamos as pessoas em objetos", explica este jovem de Tel Aviv de 28 anos.
Guelles estava de viagem pela Argentina quando decidiu se tatuar. "Estava pensando nisso muito tempo mas, um dia, vi como marcavam uma vaca e decidi fazer", assegurou. Quando retornou a Israel mostrou a seu avô seu braço. Ele não gostou, mas entendeu que era sua forma de impedir que se esquecesse sua história.
O caso de Eli Sagir é diferente. Ela pediu permissão a seu avô, Joseph Diamant, para copiar seu número, o 157622, ao qual acrescentou um pequeno diamante que representa seu sobrenome.
Sua mãe, irmão, tio e primo também gravaram o número. "Quando o mostrei, meu avô chorou e me beijou o braço. Me perguntou por que tinha feito isso. Eu disse a ele que, quando tiver filhos, me perguntarão o que é e eu lhes contarei. E assim ganharemos tempo, prolongaremos sua memória", disse esta jovem de 21 anos, que economiza para pagar os estudos universitários.
Seu avô morreu há um ano e meio e a marca permanente em seu braço evita que sua lembrança desvaneça. Diamant esteve dois anos em Auschwitz, os últimos, foi um dos poucos que sobreviveu até que os aliados libertaram o campo, mas perdeu ali seus pais e três irmãos.
Ela se tatuou após visitar Auschwitz e Birkenau onde, seguindo um mapa que seu avô fez, encontrou seu beliche. Continuamente a perguntam por esses números e ela aproveita para contar e se assegurar que ninguém esqueça o genocídio perpetrado contra os judeus.
Embora não seja um fenômeno de massas, há dezenas de casos em Israel, alguns dos quais foram expostos por Dana Doron e Uriel Sinai em seu projeto "Numbered" (Numerados), no qual fotografaram e gravaram sobreviventes falando de sua relação com o número.
Com este trabalho descobriram como jovens gerações fazem sua tatuagem para não esquecer e, sobretudo, para que ninguém esqueça o que passaram seus ancestrais.
"Os motivos que os levam a lembrar assim o trauma de seus antepassados são muito pessoais. Uma, por exemplo, decidiu herdar a marca poucos dias antes de seu pai morrer, com o qual nunca tinha falado do campo de concentração. Foi uma última tentativa de que ele não lhe escapasse, de reforçar sua conexão com ele", explicou Doron.
Um jovem sonhou com tatuar-se e, na manhã seguinte, o fez. Outro, simplesmente, queria fazer uma tatuagem e pensou que o número de seu avô seria a única que seus pais permitiriam. Duas irmãs religiosas compraram braceletes de ouro com o número de seus dez filhos depois que um pediu permissão para se tatuar, algo proibido pelo Judaísmo.
"Para alguns é uma forma de expressar ira, para outros uma garantia de que nunca esquecerão e, para alguns, é um modo de estabelecer um forte laço emocional com seu passado ou de tentar dar sentido a uma história horrível", acrescenta a diretora.
"Um sobrevivente nos contou como seu neto, 16 anos, lhe pediu para extirpar o pedaço de pele que tem o número quando seu avô morrer", explica Sinai. Com "Numbered", Doron e Sinai tentam refletir como os sobreviventes se relacionavam com esse pedaço de Auschwitz incrustado em seu braço.
Quando começaram a fotografá-los, em 2008, se calculava que havia cerca de 10 mil pessoas no mundo com a marca nazista e hoje se estima que só restaram cerca de 4 mil.
"É um monumento vivo que está desaparecendo. São pessoas que tiveram uma experiência única e foram expostos pelo número toda a vida: todo mundo que vê sabe pelo que passaram", diz Doron.
Alguns, sobretudo nos anos imediatamente depois do Holocausto, viam o número como uma vergonha, o escondiam, nunca vestiam manga curta. Outros o viam com carinho, era a prova de seu heroísmo, de sua resistência e força, e alguns o usam como senha de sua caixa-forte.
Alguns o mostram com orgulho, inclusive com arrogância e de forma provocadora quando viajam à Alemanha. Controvertido e doloroso, com seu significado de sobrevivência mas, também, de morte, este potente símbolo começou, surpreendentemente, a prolongar sua vida na pele das novas gerações.
Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6228218-EI8142,00-Jovens+herdam+os+numeros+que+marcaram+os+judeus+no+Holocausto.html
Ver mais:
Los 'tatuajes' del Holocausto heredados por jóvenes judíos (RPP, EFE)
Jóvenes "heredan" los números que marcaron a los judíos en el Holocausto (EFE/El Universo)
sábado, 13 de outubro de 2012
Código Penal castigará a negação do Holocausto e incitação do ódio e da violência
Madrid, 11 out.- O ministro da justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, anunciou que a reforma do Código Penal tipificará a incitação do ódio ou da violência por raça, religião ou origem, assim como o negacionismo de crimes de genocídio, especificamente o Holocausto, se houver alento a atos violentos.
Gallardón, na coletiva de imprensa posterior ao Conselho de Ministros, que hoje deu o visto de aprovação do anteprojeto da reforma penal, destacou que estas medidas molduram o compromisso do governo na luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação ideológica.
A nova regulação desses delitos será feito de acordo com a doutrina constitucional e contemplará também punições para os atos e condutas que afetem à dignidade das pessoas através da humilhação ou o desprezo, além de levar em conta o ódio ideológico como motivo para executar esses delitos.
Assim avançou o ministro, que assinalou que com estas medidas o governo vai mais longe inclusive da doutrina do Tribunal Constitucional nessa luta contra o racismo e a xenofobia.
Em concreto, a reforma do Código Penal, que também incluirá pela primeira vez na legislação espanhola a prisão permanente revisable e a custódia de segurança, tipificará a incitação do ódio e a violência contra grupos determinados por raça, religião, ascendência ou origem nacional ou étnica incluindo a divulgação de textos ou imagens.
Assim mesmo, pretende-se tipificar a apologia, trivialização flagrante ou negação de crimes de genocídio, contra a humanidade ou de guerra como forma de incitação do ódio e da violência, e neste capítulo se punirá especificamente os atos de negação do Holocausto, sempre que sejam acompanhados de incitação do ódio ou de violência. EFE
slp.lca/mlb
lainformacion.com
quinta-feira, 11/10/12 - 12:06
Fonte: EFE/lainformacion.com (Espanha)
http://noticias.lainformacion.com/policia-y-justicia/legislacion/c-penal-castigara-negar-el-holocausto-si-se-incita-al-odio-y-la-violencia_T2aCKbV0wUKKWZBc7buHj1/
Tradução: Roberto Lucena
Gallardón, na coletiva de imprensa posterior ao Conselho de Ministros, que hoje deu o visto de aprovação do anteprojeto da reforma penal, destacou que estas medidas molduram o compromisso do governo na luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação ideológica.
A nova regulação desses delitos será feito de acordo com a doutrina constitucional e contemplará também punições para os atos e condutas que afetem à dignidade das pessoas através da humilhação ou o desprezo, além de levar em conta o ódio ideológico como motivo para executar esses delitos.
Assim avançou o ministro, que assinalou que com estas medidas o governo vai mais longe inclusive da doutrina do Tribunal Constitucional nessa luta contra o racismo e a xenofobia.
Em concreto, a reforma do Código Penal, que também incluirá pela primeira vez na legislação espanhola a prisão permanente revisable e a custódia de segurança, tipificará a incitação do ódio e a violência contra grupos determinados por raça, religião, ascendência ou origem nacional ou étnica incluindo a divulgação de textos ou imagens.
Assim mesmo, pretende-se tipificar a apologia, trivialização flagrante ou negação de crimes de genocídio, contra a humanidade ou de guerra como forma de incitação do ódio e da violência, e neste capítulo se punirá especificamente os atos de negação do Holocausto, sempre que sejam acompanhados de incitação do ódio ou de violência. EFE
slp.lca/mlb
lainformacion.com
quinta-feira, 11/10/12 - 12:06
Fonte: EFE/lainformacion.com (Espanha)
http://noticias.lainformacion.com/policia-y-justicia/legislacion/c-penal-castigara-negar-el-holocausto-si-se-incita-al-odio-y-la-violencia_T2aCKbV0wUKKWZBc7buHj1/
Tradução: Roberto Lucena
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Depoimento de August Becker, Ph.D, inspetor das vans de gaseamento
Até cerca de 1941 eu estava envolvido com o programa de eutanásia em Oberdienstleiter no departamento de Viktor Brack na Chancelaria do Führer. Eu estive trabalhando como um especialista em processos de gaseamento para extermínio de gente mentalmente doente nos asilos e sanatórios. Desde que esta ação foi suspensa por um curto tempo - não sei porque - antes que eu fosse transferido para a RSHA em Berlim como resultado de uma conversa privada entre o Reichsführer SS Himmler e o Oberdienstleiter Brack.*
Himmler queria empregar pessoas que fossem habilitadas, como resultado da suspensão do programa de eutanásia e que, como eu, fossem especialistas em extermínio por gaseamento para operações de gaseamento em larga escala no Leste da Europa, onde isto estava tendo início. A razão para esta decisão é que os homens encarregados dos Einsatzgruppen no Leste europeu estavam reclamando cada vez mais que os pelotões de fuzilamento não poderiam lidar com o estresse psicológico e moral do assassínio em massa indefinidamente. Eu sei que um número de membros desses esquadrões foram enviados a asilos de doentes mentais e por esta razão um novo e melhor método de extermínio teria que ser encontrado. Então em dezembro de 1941 eu comecei a trabalhar na RSHA, Amt H, no departamento de Rauff… o vice de Rauff na época era então Hauptmann Pradel, que mais tarde se tornou major. Embora Pradel também tivesse uma qualificação equivalente na SS que ele mesmo chamava de major. Eu não tive inicialmente qualquer contato pessoal com Rauff.
Quando em Dezembro de 1941 fui transferido para o departamento de Rauff, ele me explicou a situação dizendo que o estresse psicológico e moral sobre os pelotões de fuzilamento não era mais suportável e que, portanto, o programa de gaseamento tinha que ser iniciado. Ele disse que as vans de gás com motoristas já estavam a caminho ou de fato já tinham alcançado dos Einsatzgruppen. Minha breve profissional era inspecionar o trabalho dos indivíduos do Einsatzgruppen no Leste europeu em conexão com as vans de gás. Isso queria dizer que eu tinha de garantir que os assassinatos em massa realizados nos caminhões procediam corretamente. Eu tinha de prestar atenção especial ao funcionamento mecânico dessas vans. Eu gostaria de mencionar que havia dois tipos de furgões de gás em operação: a Blitz Opel, pesando 3-5 toneladas, e a grande Saurerwagen, que, tanto quanto sei pesava 7 toneladas. No meio de dezembro de 1941, por instruções de Rauff, eu parti para o Leste europeu para pegar o Einsatzgruppe A (Riga) .. para inspecionar seus Einsatzwagen [veículos especiais] ou vans de gás.
Em 14 de dezembro de 1941, no entando, sofri um acidente de carro em Deutsch-Eylau. Como consequência deste acidente, fui enviado para Hospital Católico em Deutsch-Eylau e em virtude minha recuperação recebi alta hospitalar em 23 ou 24 de dezembro de 1941. Tenho certeza disso porque passei o Natal com minha família em Berlim.
Em 4 ou 5 de janeiro de 1942, recebi uma mensagem de Rauff me pedindo para me dirigir a ele. Ao me dirigir a ele fui instruído a partir imediatamente. Desta vez eu viajava diretamente para o Einsatzgruppe D no sul (Otto Ohlendorf) em Simferopol. Inicialmente era para eu ter viajado de avião, mas isso não deu certo por causa das condições climáticas de frio. Eu, portanto, parti de trem em 5 ou 6 de janeiro viajando através de Cracóvia e Fastov para Nikolayev. De lá eu voei no avisão do Reichsführer para Simferopol na Criméia. A viagem durou cerca de três semanas e eu relatei ao chefe do Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf, em algum dia de janeiro. Fiquei com este grupo até o início de abril de 1942 e, em seguida, visitei cada Einsatzgruppe até chegar ao Grupo A, em Riga.
Em Riga eu aprendi com o Standartenführer Potzelt, vice-comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga, que a operação Einsatzkommando em Minsk precisava de algumas vans de gás adicionais já que não consegui operar as três vans existentes que tinha. Ao mesmo tempo, eu também aprendi com Potzelt que havia um campo de extermínio judeu em Minsk. Eu voei para Minsk de helicóptero, correção, num Storch Fieseler pertencente ao Einsatzgruppe. Viajando comigo estava o Hauptsturmführer Rühl, o chefe do campo de extermínio em Minsk, com quem eu tinha discutido negócios em Riga. Durante a viagem, Rühl me propôs que eu fornecesse vans adicionais, uma vez que não poderia prosseguir com os extermínios. Como eu não era responsável pela ordenação de vans de gás, sugeri a Rühl que se dirigisse ao escritório de Rauff.
Quando vi o que estava acontecendo em Minsk - que as pessoas de ambos os sexos estavam sendo exterminados em massa - eu não agüentava mais ver isso e três dias depois, talvez em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão via Varsóvia à Berlim.
Eu tinha a intenção de informar a Rauff em seu escritório em Berlim. No entanto, ele não estava lá. Em vez disso, fui recebido por seu vice, Pradel, que tinha sido neste período promovido a Major. ... Em uma conversa privada com duração de cerca de uma hora na qual eu descrevi para Pradel o método de trabalho das vans de gás e críticas sobre o fato de que os criminosos não tinham sido gaseados, mas haviam sido sufocados porque os operadores tinham ajustado o motor de forma incorreta. Eu disse a ele que as pessoas tinham vomitado e defecavam. Pradel me escutou sem dizer uma palavra. No final da entrevista ele simplesmente me disse para escrever um relatório detalhado sobre o assunto. Por fim, ele me disse para ir ao escritório do caixa para liquidar as despesas que haviam incorridas durante minha viagem.
Fonte: Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess (editores), The Good Old Days, tradução (para o inglês) de Deborah Burnstone, 1991 Konecky & Konecky, Old Saybrook, CT, pág. 68-71, da afirmação de Becker em 26.3.60 (9 AR Z 220/59, vol. I, pág. 194 ff.)
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.yuku.com/topic/1646/Statement-by-August-Becker-Ph-D-Gas-Van-Inspector
Material de: Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: no texto em inglês os primeiros três parágrafos deste texto são um só parágrafo. Dividi o parágrafo em três no intuito de tornar a leitura mais fácil.
Himmler queria empregar pessoas que fossem habilitadas, como resultado da suspensão do programa de eutanásia e que, como eu, fossem especialistas em extermínio por gaseamento para operações de gaseamento em larga escala no Leste da Europa, onde isto estava tendo início. A razão para esta decisão é que os homens encarregados dos Einsatzgruppen no Leste europeu estavam reclamando cada vez mais que os pelotões de fuzilamento não poderiam lidar com o estresse psicológico e moral do assassínio em massa indefinidamente. Eu sei que um número de membros desses esquadrões foram enviados a asilos de doentes mentais e por esta razão um novo e melhor método de extermínio teria que ser encontrado. Então em dezembro de 1941 eu comecei a trabalhar na RSHA, Amt H, no departamento de Rauff… o vice de Rauff na época era então Hauptmann Pradel, que mais tarde se tornou major. Embora Pradel também tivesse uma qualificação equivalente na SS que ele mesmo chamava de major. Eu não tive inicialmente qualquer contato pessoal com Rauff.
Quando em Dezembro de 1941 fui transferido para o departamento de Rauff, ele me explicou a situação dizendo que o estresse psicológico e moral sobre os pelotões de fuzilamento não era mais suportável e que, portanto, o programa de gaseamento tinha que ser iniciado. Ele disse que as vans de gás com motoristas já estavam a caminho ou de fato já tinham alcançado dos Einsatzgruppen. Minha breve profissional era inspecionar o trabalho dos indivíduos do Einsatzgruppen no Leste europeu em conexão com as vans de gás. Isso queria dizer que eu tinha de garantir que os assassinatos em massa realizados nos caminhões procediam corretamente. Eu tinha de prestar atenção especial ao funcionamento mecânico dessas vans. Eu gostaria de mencionar que havia dois tipos de furgões de gás em operação: a Blitz Opel, pesando 3-5 toneladas, e a grande Saurerwagen, que, tanto quanto sei pesava 7 toneladas. No meio de dezembro de 1941, por instruções de Rauff, eu parti para o Leste europeu para pegar o Einsatzgruppe A (Riga) .. para inspecionar seus Einsatzwagen [veículos especiais] ou vans de gás.
Em 14 de dezembro de 1941, no entando, sofri um acidente de carro em Deutsch-Eylau. Como consequência deste acidente, fui enviado para Hospital Católico em Deutsch-Eylau e em virtude minha recuperação recebi alta hospitalar em 23 ou 24 de dezembro de 1941. Tenho certeza disso porque passei o Natal com minha família em Berlim.
Em 4 ou 5 de janeiro de 1942, recebi uma mensagem de Rauff me pedindo para me dirigir a ele. Ao me dirigir a ele fui instruído a partir imediatamente. Desta vez eu viajava diretamente para o Einsatzgruppe D no sul (Otto Ohlendorf) em Simferopol. Inicialmente era para eu ter viajado de avião, mas isso não deu certo por causa das condições climáticas de frio. Eu, portanto, parti de trem em 5 ou 6 de janeiro viajando através de Cracóvia e Fastov para Nikolayev. De lá eu voei no avisão do Reichsführer para Simferopol na Criméia. A viagem durou cerca de três semanas e eu relatei ao chefe do Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf, em algum dia de janeiro. Fiquei com este grupo até o início de abril de 1942 e, em seguida, visitei cada Einsatzgruppe até chegar ao Grupo A, em Riga.
Em Riga eu aprendi com o Standartenführer Potzelt, vice-comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga, que a operação Einsatzkommando em Minsk precisava de algumas vans de gás adicionais já que não consegui operar as três vans existentes que tinha. Ao mesmo tempo, eu também aprendi com Potzelt que havia um campo de extermínio judeu em Minsk. Eu voei para Minsk de helicóptero, correção, num Storch Fieseler pertencente ao Einsatzgruppe. Viajando comigo estava o Hauptsturmführer Rühl, o chefe do campo de extermínio em Minsk, com quem eu tinha discutido negócios em Riga. Durante a viagem, Rühl me propôs que eu fornecesse vans adicionais, uma vez que não poderia prosseguir com os extermínios. Como eu não era responsável pela ordenação de vans de gás, sugeri a Rühl que se dirigisse ao escritório de Rauff.
Quando vi o que estava acontecendo em Minsk - que as pessoas de ambos os sexos estavam sendo exterminados em massa - eu não agüentava mais ver isso e três dias depois, talvez em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão via Varsóvia à Berlim.
Eu tinha a intenção de informar a Rauff em seu escritório em Berlim. No entanto, ele não estava lá. Em vez disso, fui recebido por seu vice, Pradel, que tinha sido neste período promovido a Major. ... Em uma conversa privada com duração de cerca de uma hora na qual eu descrevi para Pradel o método de trabalho das vans de gás e críticas sobre o fato de que os criminosos não tinham sido gaseados, mas haviam sido sufocados porque os operadores tinham ajustado o motor de forma incorreta. Eu disse a ele que as pessoas tinham vomitado e defecavam. Pradel me escutou sem dizer uma palavra. No final da entrevista ele simplesmente me disse para escrever um relatório detalhado sobre o assunto. Por fim, ele me disse para ir ao escritório do caixa para liquidar as despesas que haviam incorridas durante minha viagem.
Fonte: Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess (editores), The Good Old Days, tradução (para o inglês) de Deborah Burnstone, 1991 Konecky & Konecky, Old Saybrook, CT, pág. 68-71, da afirmação de Becker em 26.3.60 (9 AR Z 220/59, vol. I, pág. 194 ff.)
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.yuku.com/topic/1646/Statement-by-August-Becker-Ph-D-Gas-Van-Inspector
Material de: Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: no texto em inglês os primeiros três parágrafos deste texto são um só parágrafo. Dividi o parágrafo em três no intuito de tornar a leitura mais fácil.
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Tese de doutorado revela práticas nazistas no Brasil
O historiador Sidney Aguilar Filho chegou ao tema da pesquisa por indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo,
Foto: Antoninho Perri/Unicamp/Divulgação
Foi pela indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo, que o historiador Sidney Aguilar Filho teve o primeiro contato com aquele que viria a ser seu objeto de estudo durante quatro anos e meio. "Eu não fui atrás do tema, foi realmente uma coincidência", esclarece o autor da tese Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945).
Na tese do historiador, é possível ter acesso à história da transferência de 50 meninos órfãos ou abandonados, considerados oficialmente pretos ou pardos (apenas dois deles eram brancos, segundo documentos oficiais). O grupo foi levado do Educandário Romão de Matos Duarte, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para a fazenda Santa Albertina, pertencente à rica família Rocha Miranda, localizada em Campina do Monte Alegre, uma área com forte presença de simpatizantes do movimento integralista, durante as décadas de 1930 e 1940, no interior do Estado de São Paulo.
Submetidos a um regime de trabalho na propriedade, os menores viveram no local até o início dos anos de 1940, quando a posição brasileira de combate ao nazismo na Segunda Guerra Mundial e o desprestígio sofrido pelos integralistas junto ao governo de Getúlio Vargas transformou o nazismo e todas as ideologias simpatizantes a ele em um mal a ser combatido. O estudo dá a oportunidade de obter mais informações sobre fatos ainda nebulosos de um período recente da história brasileira.
Quase 10 anos depois de ter entrado em contato com o tema e movido por "uma espécie de dever moral", o historiador decidiu pesquisar o assunto com maior profundidade por meio de um doutorado. "Os sobreviventes já eram velhinhos em idade avançada, e eu julguei que tinha, por causa deles, uma obrigação de realizar a pesquisa. Dessa forma, busquei apoio na Unicamp, em um grupo que trabalha com história da educação. O meu foco não era o nazismo no Brasil, mas sim a coincidência de que um grupo composto apenas por meninos tenha sido retirado de um orfanato na capital do País e levado para uma fazenda em uma região que concentrava forte presença integralista e nazista", explica Aguilar Filho, que, em busca de documentos oficiais e informações históricas e sociais da época, fez diversas viagens por cidades europeias e brasileiras.
Um dos temas de destaque da tese é o contexto social e cultural do período. Por meio de documentos oficiais e reportagens e anúncios publicitários veiculados na Revista da Semana, importante publicação do período, foi possível investigar qual era o papel das crianças na sociedade da época e como esse ambiente possibilitou que meninos sob a tutela do Estado fossem entregues aos cuidados de um único homem, Oswaldo Rocha Miranda, que os levou para a fazenda de sua família.
"Houve a tentativa de entender o imaginário das elites e da classe média carioca que deram suporte para as teorias eugenistas, além da lógica do educandário em entregar 50 meninos a uma pessoa apenas. E para isso, pesquisei através da mídia da época, de intelectuais reconhecidos pela elite brasileira, e encontrei um imaginário tremendamente preconceituoso aos olhos contemporâneos, e uma legislação eugenista, onde havia a justificação do racismo por características fenotípicas, com uma violação dos direitos étnicos", ressalta o historiador.
Aguilar Filho destaca a importância de diferenciar o movimento integralista do nazismo. O contexto histórico brasileiro de práticas higienistas possibilitou a transferência dos 50 meninos à propriedade no interior paulista. Contudo, enquanto o arianismo era central no nazismo, no integralismo ele estava restrito a alguns grupos. Dessa forma, muitos integralistas eram admiradores das ideias políticas e econômicas nazistas, mas não corroboravam com a defesa da raça ariana. "Nazismo e integralismo são coisas diferentes, mas também é importante considerar suas semelhanças nas concepções autoritárias de sociedade e na defesa dos princípios higienistas, por exemplo", destaca.
O historiador exalta o trabalho de outros pesquisadores na relação entre ideologias nazifascistas e elementos culturais e educacionais, como Ana Maria Dietrich, René Gertz e Ediógenes Aragão Santos - que foi sua orientadora na tese.
Segundo o historiador, que entrevistou três dos 50 meninos levados à fazenda no interior paulista, o contato com testemunhas de um fato histórico trouxe à tona dois aspectos principais. "Um deles é a importância de trabalhar questões históricas nas quais existem fontes vivas, o que nos leva às teorias de história oral, uma área com quase 30 anos de pesquisas, mas que ainda precisa caminhar muito. Outro aspecto é o do papel dos sobreviventes na construção da história, que foi fundamental nesta pesquisa", explica. Para ele, a presença de história oral não é um elemento legitimador por si só, mas acredita que, se existem relatos, eles devem ser reconhecidos. "Ao mesmo tempo em que nenhum documento é neutro, nenhum depoimento também é neutro, e a construção da narrativa tem que levar em conta todas essas premissas. Assim, quando há uma fartura de documentos de diversos tipos, associados à memória oral, o processo ganha uma vida especial", afirma.
Durante a relação com os três sobreviventes, o historiador enfrentou uma rejeição inicial, que exigiu que ele lidasse com as memórias de trauma das testemunhas. "O caminho que eu encontrei foi ter acesso ao máximo de documentações escritas e fotográficas possível, para que esses detentores da memória oral não tivessem a responsabilidade de provar o que estavam dizendo", destaca.
Como resultado dessa solução, ao mesmo tempo em que tomava cuidado para contatar primeiramente membros da família dos sobreviventes - que também foram grandes apoiadores da pesquisa - Aguilar Filho conseguiu estabelecer uma relação de mão dupla com os entrevistados. "Ao mesmo tempo em que eu produzia a tese e ajudava eles a lidar com suas memórias, esses relatos também acabaram fortalecendo a pesquisa, dando mais vida ao processo", relata.
Documentário
Já em processo de gravação, em parceria com uma produtora, a tese de doutorado de Aguilar Filho vai parar nas telas. Sem poder adiantar mais detalhes, o historiador apenas afirma que será o roteirista do filme e garante que muitos elementos da pesquisa estarão presentes na produção. "A proposta é de um documentário com alto grau de respeito à pesquisa científica, mas com vida própria, claro; não é uma tese. Temos uma grande preocupação de fidedignidade", diz.
10 de setembro de 2012 • 07h49
Fonte: Cartola/Terra
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6136519-EI8266,00-Tese+de+doutorado+revela+praticas+nazistas+no+Brasil.html
Ver mais:
Fazenda Nazista - Integralismo e Nazismo
As ligações entre os fascismos - Integralismo e Nazismo
Foto: Antoninho Perri/Unicamp/Divulgação
Foi pela indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo, que o historiador Sidney Aguilar Filho teve o primeiro contato com aquele que viria a ser seu objeto de estudo durante quatro anos e meio. "Eu não fui atrás do tema, foi realmente uma coincidência", esclarece o autor da tese Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945).
Na tese do historiador, é possível ter acesso à história da transferência de 50 meninos órfãos ou abandonados, considerados oficialmente pretos ou pardos (apenas dois deles eram brancos, segundo documentos oficiais). O grupo foi levado do Educandário Romão de Matos Duarte, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para a fazenda Santa Albertina, pertencente à rica família Rocha Miranda, localizada em Campina do Monte Alegre, uma área com forte presença de simpatizantes do movimento integralista, durante as décadas de 1930 e 1940, no interior do Estado de São Paulo.
Submetidos a um regime de trabalho na propriedade, os menores viveram no local até o início dos anos de 1940, quando a posição brasileira de combate ao nazismo na Segunda Guerra Mundial e o desprestígio sofrido pelos integralistas junto ao governo de Getúlio Vargas transformou o nazismo e todas as ideologias simpatizantes a ele em um mal a ser combatido. O estudo dá a oportunidade de obter mais informações sobre fatos ainda nebulosos de um período recente da história brasileira.
Quase 10 anos depois de ter entrado em contato com o tema e movido por "uma espécie de dever moral", o historiador decidiu pesquisar o assunto com maior profundidade por meio de um doutorado. "Os sobreviventes já eram velhinhos em idade avançada, e eu julguei que tinha, por causa deles, uma obrigação de realizar a pesquisa. Dessa forma, busquei apoio na Unicamp, em um grupo que trabalha com história da educação. O meu foco não era o nazismo no Brasil, mas sim a coincidência de que um grupo composto apenas por meninos tenha sido retirado de um orfanato na capital do País e levado para uma fazenda em uma região que concentrava forte presença integralista e nazista", explica Aguilar Filho, que, em busca de documentos oficiais e informações históricas e sociais da época, fez diversas viagens por cidades europeias e brasileiras.
Um dos temas de destaque da tese é o contexto social e cultural do período. Por meio de documentos oficiais e reportagens e anúncios publicitários veiculados na Revista da Semana, importante publicação do período, foi possível investigar qual era o papel das crianças na sociedade da época e como esse ambiente possibilitou que meninos sob a tutela do Estado fossem entregues aos cuidados de um único homem, Oswaldo Rocha Miranda, que os levou para a fazenda de sua família.
"Houve a tentativa de entender o imaginário das elites e da classe média carioca que deram suporte para as teorias eugenistas, além da lógica do educandário em entregar 50 meninos a uma pessoa apenas. E para isso, pesquisei através da mídia da época, de intelectuais reconhecidos pela elite brasileira, e encontrei um imaginário tremendamente preconceituoso aos olhos contemporâneos, e uma legislação eugenista, onde havia a justificação do racismo por características fenotípicas, com uma violação dos direitos étnicos", ressalta o historiador.
Aguilar Filho destaca a importância de diferenciar o movimento integralista do nazismo. O contexto histórico brasileiro de práticas higienistas possibilitou a transferência dos 50 meninos à propriedade no interior paulista. Contudo, enquanto o arianismo era central no nazismo, no integralismo ele estava restrito a alguns grupos. Dessa forma, muitos integralistas eram admiradores das ideias políticas e econômicas nazistas, mas não corroboravam com a defesa da raça ariana. "Nazismo e integralismo são coisas diferentes, mas também é importante considerar suas semelhanças nas concepções autoritárias de sociedade e na defesa dos princípios higienistas, por exemplo", destaca.
O historiador exalta o trabalho de outros pesquisadores na relação entre ideologias nazifascistas e elementos culturais e educacionais, como Ana Maria Dietrich, René Gertz e Ediógenes Aragão Santos - que foi sua orientadora na tese.
Segundo o historiador, que entrevistou três dos 50 meninos levados à fazenda no interior paulista, o contato com testemunhas de um fato histórico trouxe à tona dois aspectos principais. "Um deles é a importância de trabalhar questões históricas nas quais existem fontes vivas, o que nos leva às teorias de história oral, uma área com quase 30 anos de pesquisas, mas que ainda precisa caminhar muito. Outro aspecto é o do papel dos sobreviventes na construção da história, que foi fundamental nesta pesquisa", explica. Para ele, a presença de história oral não é um elemento legitimador por si só, mas acredita que, se existem relatos, eles devem ser reconhecidos. "Ao mesmo tempo em que nenhum documento é neutro, nenhum depoimento também é neutro, e a construção da narrativa tem que levar em conta todas essas premissas. Assim, quando há uma fartura de documentos de diversos tipos, associados à memória oral, o processo ganha uma vida especial", afirma.
Durante a relação com os três sobreviventes, o historiador enfrentou uma rejeição inicial, que exigiu que ele lidasse com as memórias de trauma das testemunhas. "O caminho que eu encontrei foi ter acesso ao máximo de documentações escritas e fotográficas possível, para que esses detentores da memória oral não tivessem a responsabilidade de provar o que estavam dizendo", destaca.
Como resultado dessa solução, ao mesmo tempo em que tomava cuidado para contatar primeiramente membros da família dos sobreviventes - que também foram grandes apoiadores da pesquisa - Aguilar Filho conseguiu estabelecer uma relação de mão dupla com os entrevistados. "Ao mesmo tempo em que eu produzia a tese e ajudava eles a lidar com suas memórias, esses relatos também acabaram fortalecendo a pesquisa, dando mais vida ao processo", relata.
Documentário
Já em processo de gravação, em parceria com uma produtora, a tese de doutorado de Aguilar Filho vai parar nas telas. Sem poder adiantar mais detalhes, o historiador apenas afirma que será o roteirista do filme e garante que muitos elementos da pesquisa estarão presentes na produção. "A proposta é de um documentário com alto grau de respeito à pesquisa científica, mas com vida própria, claro; não é uma tese. Temos uma grande preocupação de fidedignidade", diz.
10 de setembro de 2012 • 07h49
Fonte: Cartola/Terra
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6136519-EI8266,00-Tese+de+doutorado+revela+praticas+nazistas+no+Brasil.html
Ver mais:
Fazenda Nazista - Integralismo e Nazismo
As ligações entre os fascismos - Integralismo e Nazismo
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Polícia de Atenas 'torturou e humilhou' quem protestou contra partido neo-nazi
A polícia metropolitana grega é acusada de ter espancado, torturado e humilhado os detidos de manifestações anti-fascismo ©AP
Cerca de 40 pessoas que se uniram em protestos contra o Aurora Dourada, partido neo-nazi que tem revigorado o seu ímpeto na Grécia, foram castigados pelas autoridades com métodos de tortura e humilhação. Os relatos dos detidos falam da violência sofrida por se terem manifestado contra o fascismo, e de como a imprensa helénica fecha os olhos ao que se passa no país.
No último dia de Setembro, o centro de Atenas, capital do país, encheu-se uma vez mais em protesto contra a crescente austeridade que aperta o país, numa manifestação que foi a mais noticiada, mas apenas uma mais entre as várias que assolam o país todas as semanas.
No meio do protesto, convocado pela maior união sindical da Grécia, outros grupos apontavam as suas vozes para outros alvos: o fascismo e o neo-nazismo, hoje simbolizados pelo Aurora Dourada.
Ao final do dia, 15 pessoas que participaram nesse protesto estavam nas instalações da Direcção Geral da Polícia de Attica (GADA, na sigla inglesa), sinónimo da polícia metropolitana de Atenas. Lá terão sido espancados, queimados com isqueiros, humilhados e impedidos de dormir e beber água, num conjunto de queixas noticiadas esta terça-feira pelo The Guardian. Dias depois, outros 25 manifestantes foram detidos e sujeitos a um tratamento semelhante.
«Tínhamos tanta sede que até bebíamos água das retretes», revelou um dos detidos, citado mas não identificado pelo diário britânico, por temer represálias da polícia mas, sobretudo, de elementos do Amanhecer Dourado, com quem os detidos acusam o GADA de colaborar e a imprensa de não noticiar os abusos e violência que fazem por proliferar.
«Aqui, os jornalistas não falam destas coisas, ninguém presta atenção se não noticiarem isto no estrangeiro», apelou um outro. De facto, à hora da escrita desta notícia (16h10), nenhum dos principais jornais gregos, na sua edição online – Ekathimerini (versão inglesa), Ta Nea, Express e Ethnos – destacava qualquer texto sobre a violência noticiada pelo diário britânico.
Uma violência apontada ao GADA e aos seus agentes, e que foi descrita por um dos advogados dos detidos como «uma humilhação ao estilo de Abu Ghraib», a prisão que as tropas norte-americanas utilizavam, no Iraque, para interrogar e torturar prisioneiros iraquianos.
De entre o primeiro grupo de 15 detidos, as queixas revelam que os polícias lhes terão negado acesso a água e advogados durante 19 horas e, aos feridos, só foi concedido tratamento médico no dia seguinte à manifestação. Os detidos terão sido obrigados a despirem-se e a dobrarem-se em posições «humilhantes», sendo impedidos de adormecer pelos agentes, que lhe apontavam lasers e tochas para os olhos e lhes cuspiam em cima.
«Tudo o que podíamos fazer era olhar uns para os outros, pelo canto dos olhos, para nos dar coragem», conta um dos detidos, revelando que, quando um dos agentes, responsável pelos actos, recebeu um telefonema, atendeu-o dizendo: «Estou a trabalhar e a lixá-los, a lixá-los bem», usando uma tradução sem o vernáculo citado pelo The Guardian.
Uma das imagens divulgadas pelo diário mostra um grande hematoma nas pernas de um dos alegados detidos, e um outro com um braço e perna fracturadas.
A amanhecer do extremismo
O partido neo-nazi foi o sexto mais votado em Maio, nas últimas eleições legislativas do país, reunindo votos suficientes para hoje sentar 18 deputados no parlamento helénico.
Em algumas sondagens divulgadas na passada semana, o partido era o terceiro colocado nas intenções de voto, apenas atrás do par que sustenta a coligação no governo – os socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia (ND).
Fora das urnas e nas ruas do país, porém, membros conotados com o partido têm atacado várias pessoas em bairros de imigrantes de Atenas e distribuído comida e roupas a cidadãos mais desfavorecidos.
Na noite que passaram nas instalações do GADA, os manifestantes revelam ter recebido repetidas ameaças de que as suas moradas seriam divulgadas ao Aurora Dourada, contra quem, horas antes, tinham lançado as suas vozes de protesto.
Christos Manouras, um porta-voz do GADA, sublinhou que «não houve qualquer uso de força por parte dos agentes da polícia», assegurando ainda que as autoridades «analisam e examinam aprofundadamente qualquer relato que apontem para o uso de violência».
9 de Outubro, 2012
por Diogo Pombo
(artigo corrigido às 18h59.)
diogo.pombo@sol.pt
Fonte: SOL (Portugal)
http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=60685
Cerca de 40 pessoas que se uniram em protestos contra o Aurora Dourada, partido neo-nazi que tem revigorado o seu ímpeto na Grécia, foram castigados pelas autoridades com métodos de tortura e humilhação. Os relatos dos detidos falam da violência sofrida por se terem manifestado contra o fascismo, e de como a imprensa helénica fecha os olhos ao que se passa no país.
No último dia de Setembro, o centro de Atenas, capital do país, encheu-se uma vez mais em protesto contra a crescente austeridade que aperta o país, numa manifestação que foi a mais noticiada, mas apenas uma mais entre as várias que assolam o país todas as semanas.
No meio do protesto, convocado pela maior união sindical da Grécia, outros grupos apontavam as suas vozes para outros alvos: o fascismo e o neo-nazismo, hoje simbolizados pelo Aurora Dourada.
Ao final do dia, 15 pessoas que participaram nesse protesto estavam nas instalações da Direcção Geral da Polícia de Attica (GADA, na sigla inglesa), sinónimo da polícia metropolitana de Atenas. Lá terão sido espancados, queimados com isqueiros, humilhados e impedidos de dormir e beber água, num conjunto de queixas noticiadas esta terça-feira pelo The Guardian. Dias depois, outros 25 manifestantes foram detidos e sujeitos a um tratamento semelhante.
«Tínhamos tanta sede que até bebíamos água das retretes», revelou um dos detidos, citado mas não identificado pelo diário britânico, por temer represálias da polícia mas, sobretudo, de elementos do Amanhecer Dourado, com quem os detidos acusam o GADA de colaborar e a imprensa de não noticiar os abusos e violência que fazem por proliferar.
«Aqui, os jornalistas não falam destas coisas, ninguém presta atenção se não noticiarem isto no estrangeiro», apelou um outro. De facto, à hora da escrita desta notícia (16h10), nenhum dos principais jornais gregos, na sua edição online – Ekathimerini (versão inglesa), Ta Nea, Express e Ethnos – destacava qualquer texto sobre a violência noticiada pelo diário britânico.
Uma violência apontada ao GADA e aos seus agentes, e que foi descrita por um dos advogados dos detidos como «uma humilhação ao estilo de Abu Ghraib», a prisão que as tropas norte-americanas utilizavam, no Iraque, para interrogar e torturar prisioneiros iraquianos.
De entre o primeiro grupo de 15 detidos, as queixas revelam que os polícias lhes terão negado acesso a água e advogados durante 19 horas e, aos feridos, só foi concedido tratamento médico no dia seguinte à manifestação. Os detidos terão sido obrigados a despirem-se e a dobrarem-se em posições «humilhantes», sendo impedidos de adormecer pelos agentes, que lhe apontavam lasers e tochas para os olhos e lhes cuspiam em cima.
«Tudo o que podíamos fazer era olhar uns para os outros, pelo canto dos olhos, para nos dar coragem», conta um dos detidos, revelando que, quando um dos agentes, responsável pelos actos, recebeu um telefonema, atendeu-o dizendo: «Estou a trabalhar e a lixá-los, a lixá-los bem», usando uma tradução sem o vernáculo citado pelo The Guardian.
Uma das imagens divulgadas pelo diário mostra um grande hematoma nas pernas de um dos alegados detidos, e um outro com um braço e perna fracturadas.
A amanhecer do extremismo
O partido neo-nazi foi o sexto mais votado em Maio, nas últimas eleições legislativas do país, reunindo votos suficientes para hoje sentar 18 deputados no parlamento helénico.
Em algumas sondagens divulgadas na passada semana, o partido era o terceiro colocado nas intenções de voto, apenas atrás do par que sustenta a coligação no governo – os socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia (ND).
Fora das urnas e nas ruas do país, porém, membros conotados com o partido têm atacado várias pessoas em bairros de imigrantes de Atenas e distribuído comida e roupas a cidadãos mais desfavorecidos.
Na noite que passaram nas instalações do GADA, os manifestantes revelam ter recebido repetidas ameaças de que as suas moradas seriam divulgadas ao Aurora Dourada, contra quem, horas antes, tinham lançado as suas vozes de protesto.
Christos Manouras, um porta-voz do GADA, sublinhou que «não houve qualquer uso de força por parte dos agentes da polícia», assegurando ainda que as autoridades «analisam e examinam aprofundadamente qualquer relato que apontem para o uso de violência».
9 de Outubro, 2012
por Diogo Pombo
(artigo corrigido às 18h59.)
diogo.pombo@sol.pt
Fonte: SOL (Portugal)
http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=60685
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