quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Hipocrisia e investigação de crimes (Parte 2)

A hipocrisia dos negadores apontada na Parte 1 também pode ser encontrada no trabalho de seu guru, Germar Rudolf.

No capítulo 8 do 'The Rudolf Report'(Relatório Rudolf), ele faz esta afirmação:
Alguém pode depois de tudo entender que esses autores poloneses fizeram suas carreiras na Polônia comunista, e que, poloneses patriotas não podem, sob quaisquer circunstâncias, permitir o questionamento de 'Auschwitz' como uma justificação moral para a limpeza étnica pelos poloneses dos prussianos do Leste, pomeranos do Leste e silesianos depois do fim da Segunda Guerra Mundial como um resultado da morte de uns três milhões de alemães, como também em sendo o maior roubo de terra da história moderna.
Rudolf não dá nenhuma fonte para a estimativa de "três milhões". Alguém pode então perguntar por que Hargis e Gerdes não estão exigindo que ele forneca ao menos uma prova física? "Apenas um dente...uma única bala usada".

Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/01/hypocrisy-and-forensics-part-2.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Ver também: técnicas dos negadores do Holocausto

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Hipocrisia e investigação de crimes (Parte 1)

Quando aparece um caso no qual as vítimas eram 'alemães étnicos', negadores deixam cair suas posturas negacionistas e de repente começam a usar técnicas de 'convergência de evidência' que eles rejeitam quando aplicadas às valas em massa do Holocausto. Isto pode ser ilustrado com dois exemplos recentes.

Primeiramente, esta discussão da Cesspit debate a escavação de uma vala em Malbork contendo 1.800 corpos. Como acreditei na 'convergência de evidência' e na 'inferência para a melhor explicação', estou satisfeito em concordar que a melhor explicação da atual evidência é de que algumas ou todas essas pessoas foram assassinadas por autoridades soviéticas ou comunistas poloneses em 1945. O que é notável, entretanto, é que muitas das provas hiper-positivistas exigidas por negadores não estão presentes em relatórios deste evento. De acordo com esta discussão da AHF, não há quaisquer relatórios sobre dentes ou balas terem sido escavados. Onde estão as exigências de Gerdian por "apenas um dente...ou uma bala usada"? Não há também quaisquer fotografias da vala em massa completa. Mesmo o usuário regular da Cesspit, Turpitz, está ciente desta discrepância e teve que elaborar uma hipótese conspiracionista absurda para dar conta disto:
Eu queria saber o porquê deles não terem mostrado à gente os 1800 esqueletos restantes? Será que é por causa da vergonha que as fotos comunistas forjadas causariam?
O segundo exemplo é esta discussão sobre a Lusitânia. Eu tenho mostrado nesta Memory Hole* da discussão como Hargis teria tratado a cobertura do jornal sobre esta investigação se tivessem sido vítimas judias.

Parte 2

*Nota: Memory Hole, termo técnico usado em informática, "buraco de memória"

Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/01/hypocrisy-and-forensics-part-1.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Ver também: técnicas dos negadores do Holocausto

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Goebbels volta às bancas - Jornais nazis estão a ser reimpressos na Alemanha

Goebbels volta às bancas

Jornais nazis estão a ser reimpressos na Alemanha

E se nos quiosques alemães voltarem a estar à venda jornais com artigos de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler, a elogiar o seu líder e a criticar a imprensa judaica? Segundo a BBC, é isso que está a acontecer neste momento na Alemanha, onde a polémica estalou com uma nova iniciativa – a reimpressão de jornais nazis.

Este projeto tem como objetivo ensinar os alemães acerca do seu passado e dos crimes cometidos por Hitler, não através de manuais escolares, mas de jornais da época.

No vídeo disponível no site da BBC, o jornalista Steve Rosenberg, tem nas suas mãos “Der Angriff” (O Ataque) de dia 13 de Janeiro de 1933, um jornal de propaganda nazi onde consta o referido artigo de Goebbels (que aliás se tornaria editor do jornal em 1936). O jornal não é um artigo de coleção, nem foi adquirido numa cave secreta de neo-nazis, foi comprado num comum quiosque alemão.

O responsável por esta iniciativa é Peter McGee, um editor inglês, consciente da polémica que uma incitativa destas iria provocar. “Há duas opções: uma é deixar o material trancado nos arquivos; outra é trazê-lo para a opinião e debate público. Isso está a acontecer agora, as pessoas estão a discuti-lo e é material forte”, afirmou à BBC.

Desde o fim da II Guerra Mundial que a Alemanha tem regras estritas que proíbem propaganda nazi. No entanto, os responsáveis pela reimpressão dizem que esta é uma forma de não deixar os crimes contra a humanidade perpetrados por Hitler caírem no esquecimento ou que os movimentos neo-nazis consigam distorcê-los.

Importa também referir que, além das publicações de inspiração nazi, estão também a ser reimpressos jornais da oposição que acabaram por ser fechados por Hitler.

Fonte: Público(Portugal, 14.01.2009)
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1356081&idCanal=61

Mais de 1 milhão visitaram Auschwitz em 2008

Varsóvia, 19 jan (EFE).- Mais de 1,1 milhões de pessoas visitaram em 2008 o campo de concentração de Auschwitz-Bierkenau, ao sul da Polônia, dos quais cerca de 700 mil foram jovens interessados conhecer o local onde a barbárie nazista assassinou cerca de 1 milhão de judeus na 2ª Guerra Mundial.

Apesar dos bons dados, o número de visitantes não foi tão alto quanto o registrado em 2007, quando superou todos os recordes, com mais de 1,2 milhões de entradas, segundo reconheceu hoje a direção do centro de Auschwitz.

A maioria dos visitantes foi de poloneses (mais de 400 mil), seguidos pelos britânicos (110 mil), americanos (75 mil), alemães (60 mil) e israelenses (45 mil).

O museu de Auschwitz-Birkenau foi aberto em 1947, no antigo campo de concentração, o maior do nazismo, onde entre 1940 e 1945 foram assassinados 1,1 milhões de pessoas, sendo 90% judeus.

O campo foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1979, passando a ser um dos principais símbolos do Holocausto no mundo todo. EFE

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL962137-5602,00-MAIS+DE+MILHAO+VISITARAM+AUSCHWITZ+EM.html

Foto: BBC
Um ex-prisioneiro, Michnol Jerzy, mostra fotos de seus parentes enquanto ele atravessa o campo.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_pictures/5026046.stm#

Napoleão e holocausto, por Kubrick?

(BR Press) - Os 13 longa-metragens que Stanley Kubrick realizou ao longo de sua carreira são amplamentes conhecidos pela mídia e o público. Obras como Laranja Mecânica, 2001: Uma Odisséia no Espaço e O Iluminado têm uma horda de fãs tão grande que criticá-las é quase uma ousadia. O que poucos cinéfilos conhecem, no entanto, são os filmes que Kubrick quis fazer mas não conseguiu.

Entre os arquivos doados pela família de Kubrick à Universidade de Artes de Londres, em 2007, estão diversos documentos relativos a, por exemplo, Aryan Papers, um filme sobre o holocausto que nunca saiu do papel. Segundo uma reportagem do jornal espanhol El País, a quantidade de material sobre o tema acumulada pelo diretor sugere um gigantesca dedicação ao projeto.

Kubrick, um judeu não praticante, se debruçou sobre diversos textos e fotos da época e chegou a fazer a prova fotográfica do figurino daquela que seria a personagem principal da obra: um judia polonesa que, junto com seu sobrinho, se passa por católica para fugir à perseguição nazista. Apesar do empenho do diretor, o projeto de Aryan Papers acabou abandonado definitivamente em 1993, depois que Spielberg lançou A Lista de Schindler.

Além do filme sobre o holocausto, Kubrick se envolveu também na produção de uma obra sobre o imperador francês Napoleão Bonaparte. E, de acordo com o El País, o teria feito durante nada menos que 30 anos. O altíssimo custo de realização do projeto, porém, teria sido a causa de seu insucesso.

Fonte: BR Press/Yahoo! Brasil
http://br.noticias.yahoo.com/s/14012009/11/entretenimento-napoleao-holocausto-kubrick.html

Tom Cruise diz que odeia Hitler e que sempre quis matá-lo

Seul, 18 jan (EFE).- O ator americano Tom Cruise confessou hoje em Seul que está muito satisfeito com seu papel no filme "Operação Valquíria", dado o ódio que sente por Adolf Hitler.

"Sempre quis matar Hitler", afirmou o intérprete, de 47 anos, em uma entrevista coletiva por ocasião do longa, no qual interpreta um coronel alemão que planeja o assassinato do ditador nazista.

"Quando era pequeno, me perguntava por que ninguém tinha decidido matá-lo", afirmou Cruise, que foi recebido por uma multidão em Seul, segundo a agência sul-coreana "Yonhap".

Na entrevista, o ator disse que a história de "Operação Valquíria" o fascina e que chegou a admirar o personagem que interpreta.

"Embora se passe durante a Segunda Guerra Mundial, a história não tem idade. Foi uma experiência maravilhosa que não esquecerei", declarou o marido de Katie Holmes durante a apresentação de seu filme na Coreia do Sul.

Fonte: EFE/Yahoo! Brasil
http://br.noticias.yahoo.com/s/18012009/40/entretenimento-tom-cruise-diz-odeia-hitler.html

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Enciclopédia do Holocausto do USHMM em portugues

Pro público lusófono, boa notícia, o USHMM(Museu Memorial do Holocausto dos EUA)colocou no ar a seção da Enciclopédia do Holocausto em português(brasileiro):
http://www.ushmm.org/museum/exhibit/focus/portuguese/

Já havia a seção em inglês obviamente, em espanhol e outros idiomas, e agora disponível também em português.

Mais uma grande fonte de consulta em português para quem quiser saber ou ter ideia do que foi o Holocausto.

domingo, 18 de janeiro de 2009

A implosão do CODOH

Janeiro parece ser o mês das Facas Longas na Cesspit[1]. O ponto é que rapidamente aproxima-se a situação onde os únicos residentes que restaram no asilo serão o psicopata Greg Gerdes, aquele cujos hobbies não são recomendados para jovens, e o residente moderador, Jonnie 'Hannover' Hargis. O que tem acontecido para aumentar a pressão no Fuehrerbunker?

A resposta curta é que Mark Weber admitiu a derrota acerca do IHR[2] e isto levou a que o senil Nazi Fritz Berg pedisse uma petição para que Weber fosse expulso de sua confortável posição. Hargis se opôs a petição pela razão óbvia de que ele não quer expôr sua própria posição para a possibilidade de crítica. Se negadores podem abrir fogo contra seus próprios gurus, alguém deveria escrever para Bradley Smith e assinalar que o assistente de biblioteca que modera o site dirigiu um firme declínio do tráfego do site e deveria portanto ser trocado por alguém com um QI de triplo-dígito que seja menos propenso a só apertar a tecla apagar.

Desde que Weber postou seu artigo, Berg e outros regulares na Cesspit postaram pelo menos seis discussões atacando Weber. A maioria disto está salvo nesta 'Memory Hole'("Buraco de Memória, linguagem de informática) da discussão. Até esta data, Hargis apagou duas discussões, trancou duas outras e mutilou uma de outras com apagamentos malucos. Enquanto isso a primeira página ainda tem uma discussão de Hargis chamada "O que homens sensatos dizem sobre debates e opiniões livres" - postado sem ironia.

Nesta taxa de regressão, Hargis está em perigo de tornar o CODOH[3] num dueto entre ele mesmo e Gerdes, um homem tão desonesto que finge que a "prova conclusiva" em historigrafia deva ir além da dúvida desarrazoada e não apenas da dúvida razoável. Como Fischer nos lembrou:

Se historiadores, como advogados, devem respeitar a doutrina da dúvida razoável, eles devem igualmente serem capazes de reconhecer uma dúvida desarrazoada quando veem uma.
O CODOH, que transformou uma dúvida desarrazoada num dogma religioso, está entrando em colapso através e dentro de suas próprias falácias e eventualmente desaparecerá. Até mesmo Bradley começou a se dar conta de que é questão de tempo para encerrar esta farsa e despejar Jonnie de seu bunker.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonatan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/01/codoh-implodes.html
Tradução(português): Roberto Lucena

Mini-dicionário sobre termos usados com "revisionistas"(negadores do Holocausto), familiarize-se com eles:

1- Cesspit: Cesspit é como a equipe do blog Holocaust Controversies, muito adequadamente, apelidou o fórum dos negadores do Holocausto, CODOH. Ou seja, quando for mencionado o termo Cesspit nos textos do blog, este provavelmente se referirá ao fórum de negação do Holocausto CODOH

2- IHR: sigla do 'Institute for Historic Review', um Instituto revimané("revisionista")localizado nos Estados Unidos, principal grupo que vende, fabrica e distribui material de negação do Holocausto, em formato de textos na internet ou impresso.

3- CODOH: ver Cesspit. Fórum que alega propriciar um debate aberto sobre o Holocausto entre anti-"revisionistas" e negadores do Holocausto, mas que na prática funciona como local de discussão e propagação de textos e discussões de negadores do Holocausto, cujo intento é diminuir ou mesmo apagar via distorção de fontes ou mentiras, os crimes nazistas.

Aproveitando a deixa do post, fica feita uma advertência para quem ainda não está familiarizado ou não sabe da proliferação de sites neonazistas na internet, pois muita gente se 'contenta' com o primeiro resultado que aparece nas buscas por uma palavra-chave como nazismo, Holocausto, etc.

O assunto Holocausto na rede é campo minado, pelo menos praqueles que realmente queiram entender e aprender História, para encontrar sites bons precisa garimpar no meio de muito lixo "revisionista"(neonazista). Pros que só querem arrumar "argumentos"(idiotices)para bancar o "rebelde sem causa" ou "bancar o esperto" com alguma polêmica idiota e por vezes racista, qualquer porcaria basta.

Lembre-se do dito da 'Grande Lesma da Montanha'(ela foi inspirada nas atitudes "revisionistas", mas tanto o dito como o personagem foram criados agora mesmo): "por mais que um idiota queira ou se esforce para não parecer um idiota, ele continuará sendo um idiota".

Voltando ao que discutíamos, no caso o campo minado sobre o Holocausto e a internet, de um lado há sites que usam referências acadêmicas de especialistas e historiadores que estudam o Holocausto, e do outro lado há uma proliferação de sites racistas(antissemitas), de apologia ao nazismo e supremacia racial que tem ligação aberta com a negação do Holocausto.

É preciso saber que há sim uma espécie de "divisão" dos sites sobre este tema, é necessário que isto fique claro pois há um despreparo e falta de informação(e má vontade em ler) galopante no Brasil sobre este assunto, mas é preciso deixar claro que, apesar de haver um campo minado, é fácil detectar um site "revisionista" e um site não "revisionista" e em hipótese alguma um lado é comparável ao outro em qualquer patamar de qualidade ou estudo e principalmente honestidade. Quando se vai verificar uma fonte, é preciso saber que há fontes disponíveis na internet que são confiáveis(com referências em textos acadêmicos) e há "fontes" não confiáveis(provenientes de textos de grupos extremistas e racistas).

Pode parecer banal este tipo de aviso, pra muitos é, mas muita gente "confia" demais no primeiro site "lindinho", "rebuscado" e "pomposo" ou "eloquente" que aparece com o resultado desejado quando se procura em algum site de buscas, na tela de seu computador.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Auschwitz, anatomia de um campo de morte

Nota escrita por Arlynn Nellhaus na edição internacional do Jerusalem Post de 28/1/95*

O livro Anatomia de Auschwitz - Campo da Morte(Anatomy of the Auschwitz Death Camp) foi editado por I. Gutman e Michael Berenbaum (este último é Diretor do Instituto de Investigações do Holocausto dos Estados Unidos) e tem sido publicado pelo Museu Memorial do Holocausto, situado em Washington DC e pela Imprensa Universitária de Indiana. O que pode acrescentar este livro ao que já é sabido sobre os campos de extermínio? Gutman escreveu a introdução deste livro e disse: "Depois de 50 anos os fatos se converteram em história, mas o Holocausto retorna e retorna de vez em quando, e nos segue perturbando. Apresenta problemas e reflexões que nos implicam e comprometem. Define o modo em que visualizamos o mundo. Pensamos que já ouvimos tudo quando algo emerge, como por exemplo, uma informação nova sobre um alto oficial que foi Secretário Geral das Nações Unidas ou aparece um novo filme que nos mexe."

O título do livro é totalmente adequado. Seus vinte nove capítulos contém uma exposição lúcida e crítica sobre Auschwitz. Nathan Cohen, investigador que contribuiu com um capítulo de Anatomia de Auschwitz - Campo da Morte, assinala que é o primeiro livro escrito sobre este tema depois de finalizada a Guerra Fria. Os investigadores colaboradores do livro são provenientes de distintos países, incluída a Polônia, e se teve acesso à documentação até agora desconhecida. Alguns dos autores são desde muito tempo amplamente conhecidos no mundo da língua inglesa, tais como Raul Hilberg, Martin Gilbert, Robert Jay Lifton, David Wyman, Amy Hackett. Alguns dos colaboradores são, como Israel Gutman, sobreviventes.

Gutman destaca que Auschwitz não foi só para judeus: "De um lado estava o campo de concentração para prisioneiros poloneses e de outras nacionalidades. Do outro estava Birkenau, destinado a judeus, onde a humanidade não existia. Birkenau era o pior com seu crematório... Era o lugar mais terrível." Havia outro campo: Buna. Em outros quarenta campos satélites se trabalhava para a indústria alemã: Siemens-Schuckert, Hermann Goring. Em outros campos se trabalhava nas minas. 90% das vítimas de Auschwitz foram judeus. O livro fala sobre a vida dos "prisioneiros", o modo de se relacionar na vida diária, os problemas cotidianos e sobre como um ser humano pode sobreviver em Auschwitz. A aparente falta de resistência com frequência confunde os judeus que não passaram pela experiência do Holocausto. Gutman destaca que num mundo carente de regras humanas, a palavra resistência cobra um significado distinto. Existiam duas linhas de resistência. Uma passava pela ajuda mútua. Para uma pessoa se comportar como um ser humano nessas circunstâncias já era uma expressão de resistência. A outra forma de resistência consistia em obter informação proveniente do mundo exterior. Para os judeus escaparem era algo especialmente dificultoso, dado que eram obrigados a vestir vestimentas distintivas. Na mudança os poloneses tinham acesso ao mundo exterior. Estavam em contato com a Resistência e tinham possibilidades de escapar.

Mas a verdadeira revolta foi a que foi realizada pelo "Sonderkommando" (judeus que trabalhavam no crematório), os que se destacaram num crematório e conduziram a uma fuga. Gutman fala com tom doutoral e que pese a ser ele mesmo um sobrevivente, fato este que por muitos anos ele não mencionou a seus estudantes. Aos 71 anos tem um olhar travesso e generoso de um avô, que o é, de uma pequena neta.

Apesar de suas vivências, Gutman vê o Holocausto como "um sucesso universal decisivo no desenvolvimento da sociedade humana: é importante se dar conta que algo assim é possível que ocorreu na desenvolvida Europa; que Auschwitz foi implementado por uma sociedade desenvolvida, por uma nação com um grande nível cultural. Para o desenvolvimento espiritual do homem, o Holocausto é uma experiência devastadora para o gênero humano." Creem que a recente proliferação de Museus do Holocausto em quase todo o mundo é para o bem. "São intentos de se tratar de entender o que ocorreu, de se tratar de entender o comportamento de uma sociedade organizada em períodos de crises, desde os pontos de vista dos cidadãos e dos políticos. Há que alentar todos os intentos de aprendizagem e por isso há que se alentar a fundação destes Museus."

Israel Gutman é Diretor de Yad Vashem e opina: "Yad Vashem encarna a primeira e mais profunda expressão da tragédia judia, o centro de investigação por excelência." Gutman se educou na Polônia e pertenceu ao Movimento Sionista. Tinha 16 anos quando estourou a Segunda Guerra Mundial e quase em seguida foi confinado no Gueto de Varsóvia. Sobreviveu ao levante do Gueto e, aos 21 anos, foi enviado à fábrica metalúrgica em Auschwitz. Apesar dos perigos, tomou parte da revolta organizada pelos Sonderkommando. Somente a atitude audaz dos que foram capturados, torturados e executados os salvou de sofrer esse mesmo destino. Em 18 de junho de 1945 os alemães começaram a evacuar Auschwitz, e ele foi enviado em marcha forçada na neve até Mathausen, o campo de concentração da Áustria. Ao finalizar a guerra se uniu aos integrantes da aliá "ilegal" e viveu durante 20 anos num kibutz. Quando decidiu completar sua educação na Universidade Hebraica sua vida mudou. Tal como antes da guerra, voltou a se sentir atraído pela História Judaica Moderna, e em especial pela temática do Holocausto

E esta se converteu em sua área acadêmica específica. É um renomado especialista no tema do Holocausto. Seu livro "Os Judeus de Varsóvia 1939-1942", foi publicado pela Universidade de Indiana. Em 1993 publicou "Resistência, a história do levante do Gueto de Varsóvia." Como historiador, Gutman regressou à Polônia mas "por pouco tempo e depois de tantos anos" a agrega com um sorriso amargo, mas a Polônia de minha juventude bate em meu coração. É um verdadeiro milagre quando você pensa em como, desde a profundidade da tragédia e da destruição, pudemos reorganizar nossas vidas. "

Em tom conciliatório diz: "Milhares de poloneses também morreram em Auschwitz, a elite intelectual e religiosa. A maioria das vítimas foram judias, mas também foi lugar de tragédia para pessoas de outras nacionalidades. Até 1942 Auschwitz foi um campo de concentração para poloneses. O capítulo judeu de mortes em massa começou a partir de 1942. Assim que, como você pode ver, em Auschwitz há 2 capítulos." O jornalista pergunta a Gutman: "Como o Sr. pôde se dedicar a investigação do Holocausto, havendo estado envolvido e tendo perdido sua família, sem entrar num estado de depressão?" Sua resposta é decepcionalmente simples: "Não comecei a investigar até depois de um período de reabilitação. Recentemente quando senti que não era diferente de outro cidadão, quando estabeleci uma família, quando fiz amigos, comecei a estudar; pois foi possível criar dentro de mim uma distância emocional. Claro que isto é artificial pois estou envolvido, mas meu dever como judeu é relatar o que se passou. Não tenho grandes planos para o futuro, senão um pequeno: escrever a história dos judeus entre as duas guerras mundiais." Seguramente, como historiador, sei que cada sucesso constitui um tijolo indispensável na construção da história judaica. E nessa história está a sua própria.

*Tradução Ing. Noemí Rychte

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
http://www.fmh.org.ar/revista/3/ausanatomia.htm
Tradução(espanhol): Noemí Rychte
Tradução(português): Roberto Lucena

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Os campos de internação do sul da França (Holocausto)

Os campos de internação do sul da França
Da exclusão ao extermínio


Na foto: Os campos de internação do sul da França
Löw e Bodek “Toujours la même chose”. Lavis. Camp de Gurs, 1940

Que a prática da xenofobia, da discriminação e da exclusão podem, sob certas condições, conduzir ao extermínio do outro é uma afirmação não só de ordem especulativa senão uma das mais duras lições do século XX. Um índice revelador de tal escalada que foi da “exclusão” até a “eliminação” massiva da população considerada indesejável é provido pelas transformações sofridas pelos campos de reclusão do sul da França. Efetivamente, estes locais destinados em princípio a serem centros de refugiados, especialmente de espanhóis republicanos e alemães social-democratas e comunistas, transformariam-se, no curso da guerra, de campos de deportação, à antessala dos centros de extermínio no centro da Europa.

A questão assume um viés particularmente espinhoso: aqueles centros de detenção foram localizados antes da chegada do governo pró-alemão de Vichy, precisamente foram construídas durante o período da República, sob o governo de Daladier em 1938. Esta nota singular dos campos do sul da França, o fato que remontam suas origens ao período republicano, os tem investido de caráter problemático que alcançam o coração da mesma memória histórica francesa. Contudo, nas últimas décadas, tem-se podido assistir a relevantes expressões por voltar-se sobre os passos daquele ignominioso lastro que nasceu durante a República. Uma das maiores expressões de retorno sobre o cenário dos campos do sul da França, anos depois do massacre, foi empreendida pela Biblioteca Municipal de Toulouse - fisicamente próxima a área onde se localizavam aqueles campos - sob a iniciativa e direção de Monique-Lise Cohen. De fato, a Biblioteca Municipal de Toulouse organizou diversas amostras sobre o antissemitismo no sul da França.

A abjeta lógica - a que vai da segregação ao extermínio - que testemunham estes campos, aquela que os levou a operar como centros de internação para estrangeiros e a chegar a serem campos de morte, é digno de uma revisão sobre sua existência.

Um traço singular no processo de deportação no sul da França concerne a anterioridade dos campos de internação referente ao governo de Vichy e a ocupação alemã. Mais precisamente, a origem destes campos remonta ao período da República, sob o governo de Daladier, em 1938. Esta “iniciativa” será herdada pelo governo pró-alemão de Vichy transformando o caráter e fim dos campos. Revela-se assim uma certa continuidade entra a obra do governo Republicano e o governo de Vichy sustentada, apesar de seus contrastes, no fino fio da xenofobia e da discriminação. Aqueles campos de refugiados destinados a comunistas, republicanos espanhóis e social-democratas alemães, converteram-se a partir de novembro-dezembro de 1940 em campos de judeus.

Na foto: Chegada dos refugiados espanhóis a França.
L’Illustration, 11 de fevereiro de 1939.

Com exatidão, os campos do sul da França nascem com o decreto-lei de 12 de novembro de 1938 do governo de Daladier. Aquele decreto já fazia referência aos “estrangeiros indesejáveis” um termo que evocava uma lei de 1849 que previa a expulsão de todos os estrangeiros julgados perigosos. O contexto destas medidas remetiam diretamente, durante este período, aos acontecimentos que por aqueles anos eram vividos no território espanhol, em especial Barcelona e outras zonas da Espanha próximas a França. Durante o mês de janeiro de 1939 um contingente numeroso de republicanos espanhóis, intimidados ante o avanço franquista, se dirigiam até a fronteira francesa.

Entre o 26 de janeiro - a um dia da queda de Barcelona - e o 9 de fevereiro - quando os nacionalistas fecharam definitivamente a fronteira catalã -, mais de 500.000 espanhóis, primeiro civis e militares feridos e depois os soldados republicanos, passaram pela aduana de Perthus. O primeiro “centro especial” destinado a internação de refugiados foi instalado por decreto em 21 de janeiro de 1939 em Rieucros perto de Mende(Lozère). Em pouco tempo esta “designação de residência” se tornaria em “internação administrativa”. Pouco depois, entre março e abril de 1939 se situam seis centros nas periferias dos Pirineus Orientais para o internamento de milicianos: em Bram(Aude) reservado aos anciãos; Agde (Hérault) e Riversaltes (Pirineus-Orientais)destinado aos catalães; Sepfonds (Tarn-et-Garonne) e Le Vernet (Ariège)para os trabalhadores e Gurs (Basses Pyrénées)onde esteve internada Hannah Arendt. Estes dois últimos centros foram os campos franceses mais importantes e funcionaram até 1944. Particularmente o campo de Le Vernet - onde permaneceu o escritor e ensaísta Arthur Koestler - teria como nota própria a ser “campo repressivo” onde deveriam ficar presos os “indivíduos perigosos para a ordem pública e a segurança nacional”, em geral comunistas e dirigentes das Brigadas Internacionais.

O destino dos internados nos campos do sul da França sofreria rapidamente as consequências das cada vez mais estreitas relações do governo de Vichy com o regime nazi. Seguindo os termos do tratado concluído em 22 de junho, o regime de Vichy entregou, na noite de 8 de fevereiro de 1941, algo em torno de vinte alemães antinazis reclusos nos campos para as autoridades do Reich. Entre estes alemães estavam os prestigiados Herschel Grynspan, Rudolf Hilferding e Rudolf Breitscheid, morto num campo nazi em 1944.

Pouco a pouco, os campos foram afetados pela coloratura particular das políticas antissemitas que impunham a aproximação do governo de Vichy ao regime nazi. Em 2 de outubro de 1940 o prefeito de Haute Garonne ordena que os ‘israelitas franceses sem recursos’ se dirijam ao campo de Clairfont. Sem nenhuma pressão alemã, Vichy estabeleceu uma discriminação jurídica que repousava sobre o postulado racial. O propósito do governo de Vichy era “limitar a influência judia” por uma série de interdições profissionais. Numa declaração promulgada em 18 de outubro o Conselho de Ministros adaptava o decreto anterior de 1938 relativo ao internamento de estrangeiros ao novo parâmetro racial e a perseguição antissemita. A nova lei permitia aos prefeitos internar nos “campos especiais” o estrangeiros de “raça judia”. A administração municipal começou, então, a revisar suas estatísticas segundo o novo critério racial. Em novembro, o prefeito de Haute Garonne indica a Vichy que os 53% dos 2000 internados de seu departamento eram da “raça judia” porcentagem que se elevaria a 70 % dos 40.000 estrangeiros internados da Zona Não-Ocupada.

A política fazia a população judia sofrer um virada crucial em outubro de 1940 quando se condena os judeus estrangeiros ao internamento e a vigilância especial em vilas distantes. O centro provincial maior, logo promovido a categoria de campo, foi o de Bouches du Rhône acerca de Aix, na carvoaria de Milles, onde foram reunidos 2.000 emigrados, entre os quais se encontrariam intelectuais de renome tais como Golo Mann, Walter Benjamin, Max Ernst e Lion Feuchtwanger que estampou num livro suas memórias do internamento sob o título de 'Diabo na França'.

Na foto: Monumento à Memoria dos deportados
(Cemitério do Campo de Noé)

Os mais notórios campos do sul da França foram Gurs, Argèles, Noé, Récébédou e Riversaltes. Vichy operou Vernet, Rieucros e a prisão de Brébant em Marselha como campo de punição. Os campos se caracterizaram, sobretudo, por suas condições de vida intoleráveis. Um informe do American Friends Service Comittee de janeiro de 1942 os chamava de locais para “esquálidos, apertados e enfermos com altas probabilidades de morrer”. André Jean-Faure, inspetor dos campos de Vichy e sem dúvida um não-crítico do regime descobriu condições chocantes nos campos. As crianças e os anciãos pereciam rapidamente entre a falta de vestimenta, o tifo e a tuberculose. Serge Klarsfeld calculou em 3000 os judeus mortos neste período.

De todos os campos da Zona Não-Ocupada, o de Gurs foi talvez o mais infame. Localizado em Basses-Pyré, sudoeste da cidade de Pau, Gurs foi apressadamente construído em 1939 como centro de detenção para 15.000 refugiados espanhóis. Durante os anos da guerra a população do campo, a maioria judeus mas também espanhóis e romenos, flutuou entre 6.000 a 29.000 pessoas. Em 1940, durante uma série de dramáticos traslados, as autoridades alemães expulsaram cerca de 7.000 judeus de Palatinado para Gurs em trens selados. Muitos daqueles que os nazis expulsaram de Baden, da Saarland e da Alsácia-Lorena hegaram a Gurs em 1940 só para aguardar a deportação em 1942. Cerca da metade dos judeus expulsos nesta operação estavam por chegar aos sessenta anos de idade(o mais velho foi um de 100 anos)e, naturalmente, não puderam sobreviver sob aquelas condições. Em novembro de 1940 uma média de oito pessoas por dia morriam no campo. Em novembro de 1943 haviam morrido 1.038 pessoas e cerca de 3900 haviam sido deportadas aos campos de morte nazi.

O campo de Riversaltes, a 20 quilômetros ao norte do povoado de Perpignan nos Pirineus Orientais, alojou cerca de 9.000 pessoas, a maioria judeus, incluindo até 3.000 crianças. Riversaltes abriu em 1941 para ‘atender’ o cada vez mais crescente número de internos judeus.

Até Riversaltes, foram orientadas uma série de esforços de diversas organizações judias para aliviar as penúrias dos que ali se encontravam: o rabino René Hirschler, capelão geral para os campos, intentou manter uma quantidade módica de vida cultural e religiosa judia para os prisioneiros, a Comissão Nîmes, um grupo de ajuda combinado, trabalhou para levar diversas formas de assistência as mães e crianças internados. As condições alimentares e de vestimenta em Riversaltes eram de tal grau de indigência que em 1942 o American Friends Service Comittee computava uma morte diária com maior incidência entre as crianças.

O campo de Noé com a metade de sua população judia e a outra dividida entre alemães e espanhóis foi outro campo de detenção onde os internos sofreram iguais condições inumanas durante sua permanência.

Entre os campos mais cruéis se encontra aquele de Le Vernet no que estaria internado o grande escritor Arthur Koestler junto a uma população que chegaria aos 3000 internos. Daquela população cerca de um quarto eram membros das Brigadas Internacionais e o resto judeus. Koestler pôde finalmente evadir-se, em 1940, mas o caráter de terror do campo ficaria bem retratado em seu livro de memórias 'A escória da terra'.

Como assinalamos mais acima estes campos sofreram pouco a pouco uma importante mudança de status. No começo entre 1939 e 1940, a maior parte deles eram campos para “estrangeiros perigosos” que persistiam como um corpo estranho à democracia, sendo sua existência amplamente debatida na câmara de deputados e na imprensa, sobretudo pelos diários de esquerda L’Humanite e o Populaire que em fevereiro de 1939 denunciavam a existência de “campos de concentração”. Mas a partir de 1942 os campos do sul da França, até esse momento herança assumida bem que mal pelo Estado francês, tornaram-se instrumentos naturais da política repressiva de Vichy.

Já em janeiro de 1940, 13.000 espanhóis haviam sido deportados desde os campos do sul até o campo nazi de Mauthausen onde pereceriam em número de 5.000.

Este caminho que recorreram os campos do sul da França, caminho impensado por aqueles a que na democracia os criaram seguramente sem imaginar sua transformação posterior, confrontam-nos com a periculosidade do gesto segregacionista ou xenófobo ainda quando se queira que este seja contido dentro das margens da lei. A sutil pátina que separa a exclusão do extermínio pode ser franqueada sob certas circunstâncias, certas mas não excepcionais circunstâncias segundo nos demonstra o século que deixamos."

Pablo M. Dreizik
Os campos de internação do sul da França.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
Texto original(espanhol): http://www.fmh.org.ar/revista/18/delaex.htm
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A "Solução Final" Cigana

A "Solução Final" Cigana

Não houve, alguns dizem, apenas uma Solução Final. Cinquenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a atenção volta-se para o bem ignorado sofrimento dos não-judeus atingidos pelos nazistas.

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Muitos ciganos estão satisfeitos que seu sofrimento durante a Segunda Guerra Mundial recebeu um reconhecimento tardio, mas estão contrariados de como suas perdas nas mãos dos nazistas estão sendo reconhecidas, diz um líder da comunidade cigana americana. "Temos sido consistentemente colocados em 'outras' categorias, juntos com Testemunhas de Jeová, homossexuais, poloneses e católicos, como se não fôssemos parte da Solução Final," diz Ian Hancock.

Roma e Sinti são os nomes corretos para os descendentes dos grupos não-arianos do norte da Índia que migraram pro sudeste da Europa no 13º século e tornaram-se artesãos intinerantes; europeus pensaram que os recém-chegados vieram do Egito, daí o nome de ciganos.

"Roma ... era a única outra população ao lado dos judeus que era alvo para a exterminação nas bases raciais da Solução Final, " Hancock escreveu na Encyclopedia of Genocide(Enciclopédia do Genocídio) ...

Suas palavras ecoam daqueles muitos portas-vozes ciganos. Judeus e ciganos compartilham um status não invejável como vítimas principais dos nazistas. Na hierarquia racial nazista, ciganos, que ameaçavam a pureza biológica da "superior" raça ariana, situavam-se entre os "subumanos" eslavos e os "anti-humanos" judeus.

As medidas "legais" que marginalizaram a comunidade cigana na Grande Alemanha, as batidas a ciganos perambulando em outras partes na Europa oculpada e suas mortes nas mãos dos Einsatzgruppen, esquadrões móveis do extermínio, parecem uma inquietante similaridade à campanha anti-judaica dos nazis. Uma diferença, a taxa de sobrevivência cigana durante o Holocausto foi mais alta.

Cerca de dois terços da população judaica no pré-guerra da Europa pereceram durante o Holocausto. Do estimado de 2.5 milhões de ciganos que viviam na Europa em 1939, de 250.000 a 1.5 milhão morreram sob o Terceiro Reich, dependendo das estimativas dos historiadores, a maior parte diz que uma estimativa acurada estaria em algo em torno da metade, significanto que certca de um quarto dos ciganos europeus foram vítimas de Hitler.

Entretanto o número, a taxa de morte era certamente maior entre ciganos na própria Alemanha, enquanto que a comunidade por todo o continente era "completamente dizimada, completamente destroçada," Hancock disse. "Os efeitos psicológicos estão ainda sendo sentidos" pelos 2 milhões dos 4.5 milhões de ciganos da Europa.

"Determinar a porcentagem ou números de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, 'paw-RYE-mos,' em Romani, uma palavra que significa 'o Devoramento') não é fácil," de acordo com o artigo de Hancock da enciclopédia. "Muita da documentação nazi ainda precisa ser analizada, e muitos assassinatos não foram registrados, desde que eles tomaram lugar em campos e florestas onde os Roma estavam retidos."

"É possível que os nazis eram mais concentrados em eliminar os judeus e que uma vez que a população judaica da Europa fosse aniquilada, os ciganos seriam os próximos alvos principais," marido e esposa, James e Brenda Davis Lutz da Universidade de Indiana escreveram no inverno de 1995 sobre a questão no Holocaust and Genocide Studies. "Os ciganos como um povo sobreviveram as campanhas dirigidas contra eles em maior medida em virtude de que estavam localizados em áreas sob o controle de governos aliados com a Alemanha. Estes governos geralmente recusavam participar no extermínio de ciganos (como apenas alguns não participaram da destruição dos judeus europeus)."

A campanha anti-cigana na Alemanha, que era baseada nos preconceitos populares e leis discriminatórias que eram anteriores a curta vida da República de Weimar, tiveram início rapidamente depois que Hitler assumiu o poder em janeiro de 1933. Ciganos eram castrados e esterelizados, enviados cedo para os campos de concentração e proibidos de casar com alemães. Uma Central para "Combate à Moléstia Cigana" foi aberta em Munique em junho de 1936.

Muitos ciganos sofreram com blitz na Alemanha na semana de 12-18 de junho de 1938, "Semana de limpeza cigana," uma precursora para Kristallnacht(Noite dos Cristais)cinco meses depois.

Em dezembro daquele ano, a primeira referência conhecida para a "Solução Final da questão cigana" apareceu num documento assinado pelo Chefe da SS Heinrich Himmler. Em janeiro de 1940, 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, usada como cobaias humanas num teste de cristais de Zyklon-B.

Ao contrário dos judeus na Alemanha e outros países da Europa, as vítimas ciganas dos nazis e suas famílias não receberam nenhuma pagamento reparatório, diz Hancock. Ele diz que advogados estão trabalhando para recuperar ativos ciganos totalizando "muitos milhões de dólares" que foram depositados em bancos suíços antes da guerra e nunca retornaram a seus donos de direito. "Temos a documentação," ele diz.

Sem nenhuma data especial ou cerimônias para celebrar as perdas de sua comunidade nos tempos de guerra, representantes de organizações ciganas participaram das atividades do anual Yom HaShoah do Museu Memorial do Holocausto dos EUA em Washington.

Uma estátua de madeira homenageando ciganos mortos durante a guerra foi dedicada em 1991 numa cidade no sudoeste da Hungria; acredita-se que seja o primeiro memorial do tipo no leste europeu. Grupos ciganos na Alemanha tem protestado contra os planos do senado de Berlim em levantar um monumento nacional do Holocausto que omite as vítimas de sua comunidade. Ignatz Bubis, presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, participou de sua petição.

"Sobreviventes ciganos ... que foram sistematicamente perseguidos por razões raciais não estão interessados em competir por status de vítima," Toby Sonneman, editor do Informativo Aliança Romani-Judaica, escreveu na edição de maio de 1994. "Eles apenas querem que suas vozes sejam escutadas e seu sofrimento seja reconhecido."

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Excerto do livro "Hitler's Other Victims: There wasn't, some say, just one Final Solution"(As outras vítimas de Hitler: Não houve, alguns dizem, apenas uma Solução Final). de Steve Lipman, Staff Writer. The Jewish Week, 02 de maio de 1997.
Copyright © The Jewish Week, 1997.

Fonte: The Patrin Web Jornal - Romani Culture and History
http://www.geocities.com/~patrin/othervictims2.htm (link morto)
Novo link:
http://www.reocities.com/~patrin/othervictims2.htm
Excerto(inglês): Steve Lipman
Tradução(português): Roberto Lucena

Foto: Jewish Library, Ciganos no Campo de Concentração de Belzec
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/images/Holocaust/belzecgyp.jpg
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Holocaust/gypsies.html

domingo, 11 de janeiro de 2009

Uniforme nazi incomodou Tom Cruise

Ator interpreta soldado nazi em «Valquíria»
Por: Redação / MM

Ante-estreia do filme Valkyrie em Nova Iorque

O ator Tom Cruise confessa que hesitou ao vestir pela primeira vez o uniforme nazi, utilizado na Segunda Guerra Mundial, que caracteriza o seu mais recente personagem, escreve o jornal espanhol «20 Minutos».

Em «Valquíria», Tom Cruise dá vida ao coronel Klaus von Stauffenberg, que tentou assassinar Hitler ao colocar uma bomba na sua secretária, provocando ferimentos no líder alemão, em 1944.

«O uniforme era real e hesitei um pouco ao vesti-lo. Posteriormente, o mesmo ajudou-me a encarnar Stauffenberg, porque entrei mais facilmente na personagem», disse Tom Cruise.

«Valquíria» tem a realização de Bryan Singer e é baseada em fatos verídicos sobre a tentativa de assassinato de Hitler, montada por oito responsáveis do exército alemão.

Fonte: IOL Diário(11.01.2009, Portugal)
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/491213

Observação: no Brasil o filme "Valkyrie" será lançado com o título de "Operação Valquíria".

Príncipe Harry alvo de controvérsia por afirmações alegadamente racistas

Reino Unido: Príncipe Harry alvo de controvérsia por afirmações alegadamente racistas

Londres, 11 Jan (Lusa) - Quatro anos após ter causado escândalo ao ser fotografado com uniforme nazi, o Príncipe Harry volta a ser centro de controvérsia por palavras alegadamente racistas proferidas num vídeo dos seus tempos de militar.

Harry, de 24 anos, terceiro na ordem de sucessão da Coroa britânica, surge num vídeo a tratar um elemento da sua unidade militar por "paki" (de "paquistanês", mas que é usualmente uma forma pejorativa de designar paquistaneses e indianos) e outro de "raghead" ("cabeça de turbante", designação desprimorosa para árabes).

O semanário sensacionalista News of the World teve acesso ao vídeo, colocando-o online, que foi feito pelo próprio Harry a descrever os seus camaradas de armas em 2006, quando era aspirante a oficial.

Harry está a filmar um momento de repouso da sua unidade, naquilo que parece ser a sala de embarque de um aeroporto, com os militares visivelmente prostrados no chão a dormitar, foca um seu camarada de origem asiática e diz: "Ah, o nosso amiguinho 'paki', Ahmed."

Noutro passo do vídeo, Harry filma preparativos para um exercício nocturno em Chipre, encontra um cadete com o rosto escondido por detrás de uma espécie de véu e exclama: "Aqui está Dan. F... pareces um 'raghead'." O cadete visado sorri.

Em nenhum dos dois comentários se apercebe qualquer intenção por parte de Harry de melindrar os visados, antes parece o uso de uma linguagem pacificamente aceite naquele meio militar.

Mas isso não impediu o News of the World de titular "A vergonha do vídeo racista de Harry".

A família real já divulgou um pedido de desculpas, sublinhando que o Príncipe utilizou as palavras controversas "sem preconceitos" ao referir-se a "um membro muito apreciado da sua unidade" e garantindo de "de modo algum quis insultar o seu amigo".

"O Príncipe Harry compreende perfeitamente quanto esse termo pode ser insultuoso e está desolado se com isso magoou alguém", explica a família real no comunicado.

Harry serviu durante dez semanas no Afeganistão, mas foi recambiado para o Reino Unido por receio de que a sua presença concentrasse especiais ameaças sobre ele e a sua unidade.

Actualmente é tenente da Força Aérea Real (RAF) e vai iniciar o treino de piloto de helicóptero de combate.

O órgão de vigilância às discriminações no Reino Unido considerou as declarações de Harry "perturbadoras" e solicitou um inquérito ao Ministério da Defesa.

OM.

Lusa/fim

Fonte: Lusa(Portugal, 11.01.2009)
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/491213

sábado, 10 de janeiro de 2009

Antissemitismo: um "fantasma do passado" que continua bem vivo

Conflito na Faixa de Gaza provoca guerra de opiniões na internet

PARIS (AFP) — O conflito israelense-palestino vem gerando polêmica na internet e provocando discussões racistas ou anti-semitas, que obrigaram algumas mídias a redobrarem a vigilância.

Na França, alguns sites decidiram bloquear os comentários de artigos sobre o assunto.

"Com o ataque de Israel à Faixa de Gaza, foi muito rápido o desencadeamento da raiva e de insultos", comentou o jornal de esquerda Libération. O site Libération.fr preferiu bloquear o link de comentários para não se transformar num canal de diálogos racistas e anti-semitas".

O Libération propôs ainda aos internautas que debatam o conflito num fórum, acessível apenas aos que aceitarem se inscrever.

O site do jornal gratuito "20 minutes" fechou também quarta-feira a página de comentários de artigos sobre Gaza. "Os moderadores estavam trabalhando como loucos. Havia muitos comentários anti-semitas que desatavam, em resposta, frases contra os muçulmanos", declarou à AFP Clémence Lemaistre, chefe de redação do 20 minutes.fr.

O site do canal de informação contínua LCI fez o mesmo na quarta-feira. "Quase 90% das opiniões não foram validadas porque em nada contribuíam; eram raivosas e poderiam aumentar as tensões, segundo Pascal Emond, chefe de redação do LCI.fr.

Na França, a mídia on-line, quando controla a priori os comentários dos internautas no site, pode ser considerada juridicamente responsável por propósitos racistas ou anti-semitas, condenados pela legislação.

Em contrapartida, a plataforma de compartilhamento de vídeos YouTube não é responsável pelos conteúdos, destacou um porta-voz desta filial do Google. "Não podemos controlar: a cada minuto que passa há o equivalente a 15 minutos de vídeos postados no YouTube", destacou.

Alertado pela comunidade, o YouTube pode retirar um vídeo que não considera necessário. Mas sobre o conflito israelense-palestino, os comentários raivosos em uma imensidão de vídeos se perdem.

Yassine Ayari, um engenheiro parisiense de 29 anos, afirmou por sua vez que a rede Facebook fechou nesta quarta-feira um grupo de discussão que havia criado em 29 de dezembro para "centralizar as iniciativas de apoio a Gaza".

O grupo foi fechado horas depois de dois e-mails do Facebook lembrando a interdição de difundir qualquer mensagem ameaçadora, raivosa e obscena, disse Ayari, que garante portanto ter tomado todos os cuidados contes tais excessos.

Contatado pela AFP, o Facebook não comentou este caso particular, mas lembrou que tem por política reagir rapidamente para retirar os grupos que violam seu regulamento.

Sem recorrer a medidas drásticas, como na França, outras mídias européias on-line tiveram problemas similares.

No site do jornal italiano Il Manifesto (extrema-esquerda), onde o "número de comentários explodiu desde o início do conflito em Gaza", "os internautas, entre eles a maioria pró-palestina de esquerda, enviam às vezes reflexões contra Israel com conotações de anti-semitismo", reconheceu o responsável do site Alberto Piccinini, que se esforça, no entanto, para "censurar muito pouco".

Na Suécia, o site do jornal Expressen indicou ter tomado as mesmas precauções.

"Recebemos comentários muito duros sobre este conflito, e algumas mensagens tiveram de ser retiradas", afirmou o responsável do site, Haakan Vikstroem.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5i4GfLS1qtET4KrsX7_JYOsM6qw7A

Ver mais: ataque antissemita na França
Carro em chamas é lançado contra sinagoga na França

Comentário: em que pese o direito pleno de crítica contra ações militares, principalmente de forma desproporcional, realizadas por qualquer Estado do mundo, a extrema-esquerda européia (e também a latinoamericana), ao invés de aproveitar o espaço e criticar o belicismo do conflito, conteta-se e se resume a apenas dar coro e força ao discurso antissemita/racista e xenofóbico da extrema-direita ao redor do mundo. Um certo cabo genocida de nome Adolf Hitler ficaria feliz em ver certos inimigos do passado fazendo coro à sua obsessão racista nos dias de hoje. Também é de se repudiar a mistura deliberada do conflito do Oriente Médio com fatos ocorridos na Segunda Guerra Mundial.

Livro que conta história falsa sobre o Holocausto causa polêmica nos EUA

NOVA YORK, EUA (AFP) — Um livro sobre os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, supostamente baseado em fatos reais, deu origem a um forte debate nos Estados Unidos, onde um editor insiste em publicá-lo como obra de ficção, contrariando a opinião de muitos sobreviventes do Holocausto.

"O anjo na cerca" (Angel at the Fence) relata a história, apresentada como real, de Herman Rosenblat, judeu sobrevivente do campo de concentração nazista de Schlieben, na Alemanha.

Rosenblat, hoje com 79 anos, conta que durante seu período de cativeiro, em 1945, uma menina jogava maçãs e outros alimentos para ele por cima da cerca do campo de concentração.

Doze anos depois, quando emigrou para os Estados Unidos, o sobrevivente conhece em Nova York uma jovem polonesa, Roma Radzicki, que segundo a história era a menina das maçãs, e eles se casam.

Rosenblat e Radzicki estão juntos até hoje e moram na Flórida.

O autor venceu um concurso literário com o relato, que inspirou um livro para crianças e teve seus direitos comprados por um estúdio de cinema para a produção de um roteiro adaptado.

Rosenblat chegou a ser convidado a participar do popular programa da apresentadora Oprah Winfrey, que descreveu seu livro como "a mais bela história de amor que eu já vi nos 22 anos desse show".

A editora Berkley Books, filial da Penguin, havia anunciado sua publicação para o próximo mês, mas precisou se retratar depois que a revista New Republic demonstrou, baseada em relatos de outros sobreviventes do Holocausto e de familiares de Rosenblat, que a história das maçãs era falsa.

Especialistas explicaram que seria impossível para a menina jogar as maçãs, considerando as características do lugar. Rosenblat então admitiu, através de seu agente, que este detalhe da história havia sido inventado.

Em um comunicado publicado na semana passada, a Berkley Books indicou que, além de cancelar a publicação de "O anjo na cerca", "pedirá ao autor e a seu agente que devolvam todo o dinheiro recebido pelo livro".

O caso gerou polêmica sobre o impacto negativo da história falsa e seu efeito contraproducente para a memória do Holocausto.

Mesmo assim, uma pequena editora de White Plains, em Nova York, a York House Press, insiste em publicar o livro, com algumas modificações.

"Entendemos a indignação sentida pelos historiadores do Holocausto que trabalham sem descanso para estabelecer fatos, e que devem garantir a integridade dos relatos de sobreviventes para combater antissemitas e negadores do Holocausto, que ainda são muitos", indicou a York House em um comunicado.

No entanto, continua, "acreditamos que as motivações de Rosenblat eram muito humanas, compreensíveis e perdoáveis".

A York House Press informa que "participou de sérias discussões para publicar uma obra de ficção baseada no roteiro, que passaria a se chamar 'Uma flor na cerca', sobre a vida e a história de amor de Herman Rosenblat".

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gwwZG-dVjn901RXPuNt34zc5Mzfw

Matérias(em inglês):
Author, publisher defend disputed Holocaust memoir
http://www2.whdh.com/news/articles/entertainment/BO99626/
Blog da historiadora Deborah Lipstadt
A Danger Greater Than Denial Opinion
http://lipstadt.blogspot.com/2008/12/apples-over-fence-12-lipstadt.html

Comentário: infelizmente é este tipo de coisa que acaba dando alguma munição ou alimentando as mentiras desvairadas das viúvas de Hitler(negadores do Holocausto)que exploram a aversão ou preconceito a judeus(antissemitismo)para inculcar nas pessoas que não posição formada a respeito do nazismo(repúdio a esta ideologia genocida), os negadores do Holocausto("revisionistas")dão roupagem nova a mitologia conspiratória(fantasiosa)de livros antissemitas apócrifos como os Protocolos dos Sábios de Sião(feito na Rússia czarista para disseminar ódio a judeus)em torno do Holocausto alegando que o mesmo foi uma "invenção" fruto de uma conspiração judaica e da maçonaria pro mundo "sentir pena" de judeus, com o intuito de negar parcialmente ou totalmente e banalizar o Holocausto e limpar a imagem suja de sangue, racismo e genocídio do nazifascismo.

Parabéns aos historiadores do Holocausto que se manifestaram e foram consultados e criticaram a publicação do livro.

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